A etiologia do sintoma psicossomático continua indefinida, apesar de inúmeros estudos de ciências afins. Apresento a hipótese de que este só se desenvolve em paciente portador de personalidade autista como predisposição, isto é, que tenha barreiras autistas - apego às "formas autistas" e aos "objetos autistas" - em resposta a um trauma no período fetal ou do nascimento, que promova sensação de descontinuidade física. Essas formas e objetos são elementos do próprio corpo, como a saliva, a língua, os dedos e as mãos em contato com suas próprias superfícies sensórias, mais a pele. A soma do registro dessas sensações pela memória implícita incipiente ou em desenvolvimento funciona como um ego biológico sem sujeito cognitivamente interpretante. O paciente portador de personalidade autista, diante de um novo trauma com a mesma sensação de morte, retira-se para o estado de homeostase autista, como se já soubesse o caminho, e aí fica hospedado. Dessa forma, seu corpo se converte em uma "mãe suficientemente boa", conforme conceituada por Winnicott. O sintoma psicossomático é uma representação das defesas biológicas e não um representante de conflitos que têm como base elementos sexuais ou destrutivos reprimidos. Inclui a angústia de morte, de deixar de existir. Os fenômenos psicossomáticos escondem, paradoxalmente, uma luta pela vida e, especialmente, pela sobrevivência psíquica do paciente, segundo MacDougall.
Sintoma psicossomático; personalidade autista; trauma; percepção sensória