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Homenagem a grandes pesquisadoras da religião no Brasil: Cecília Mariz, Marcia Contins e Patricia Birman

Em 2023, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/UERJ) realizou uma série de homenagens aos profissionais da casa que se dedicaram à docência e à pesquisa e que naquele ano se aposentavam. Foram organizadas mesas nas quais estavam os homenageados e as homenageadas lado a lado com colegas e ex-orientandos, que apresentaram as ricas contribuições que tiveram ao longo de suas carreiras às mais variadas temáticas abarcadas pelas Ciências Sociais brasileiras. Essas mesas foram um momento de celebração pessoal e institucional ao mesmo tempo em que, ao escrutinarem as atividades acadêmicas, políticas e administrativas dos homenageados e homenageadas, revelaram conjunturas, abordagens teóricas e metodológicas, temáticas e dinâmicas sociais, além dos estilos de artesanato intelectual executados pelos cientistas sociais no Brasil.

Religião & Sociedade apresenta oito artigos resultantes desse ciclo de homenagens em relação a três pesquisadoras cuja importância nos estudos da religião é notória, dada a relevância de seu legado e suas atividades correntes. Nas mais de três décadas de produção acadêmica e dedicação à formação de novos profissionais, as professoras titulares Cecília Mariz, Patricia Birman e Marcia Contins analisaram o fenômeno religioso em dimensões variadas como gênero, raça, social, econômica, cultural, territorial, política e institucional. Atuaram, assim, no desenvolvimento do campo da pesquisa em sociologia e antropologia da religião no Brasil através de uma produção consistente e continuada em diferentes periódicos. A relação delas com a revista Religião & Sociedade também é longeva, pois, desde os anos 1980, publicam como autoras de artigos e resenhas, além de contribuírem como pareceristas, como integrantes do Conselho Editorial e, no caso específico de Birman, como editora.

Cecília Mariz

Seguindo a ordem de homenagens promovida pelo PPCIS/UERJ, abrimos este número com três artigos sobre a obra da professora Cecília Mariz. Eles foram esculpidos cuidadosamente pelas mãos de Maria das Dores Campos Machado, socióloga e professora aposentada da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ESS/UFRJ), amiga pessoal e colega no desenvolvimento de inúmeras pesquisas e publicações; de Silvia Fernandes, também socióloga, professora associada no Departamento de História e no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ex-orientanda e também amiga da homenageada; e de Patricia Birman, antropóloga, professora titular vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/UERJ) e mediadora da mesa em homenagem à Cecília. Ao tratarem de sua obra, as autoras se dedicaram a refletir sobre religião, modernidade, tradição, secularização como processo, gênero, batalha espiritual e contra a pobreza, conduzindo-nos sobre os catolicismos e os pentecostalismos nos anos 1990, mas também apresentando chaves de leitura sobre o presente e as relações entre essas temáticas e o contexto político nacional e internacional.

No artigo “Cecília Mariz e a Sociologia do Pentecostalismo”, Dodora, como Maria das Dores Campos Machado é mais conhecida, apresentou a obra da homenageada destacando três pontos como fulcrais em sua contribuição acadêmica: “1) O processo de racionalização das religiões e, em especial, do pentecostalismo; 2) A concepção pentecostal de libertação e a autonomização dos indivíduos; 3) A demonização como instrumento de eticização da religião e veículo da modernidade ocidental” (Machado, 2024MACHADO, Maria das Dores Campos. (2024), “Cecília Mariz e a Sociologia do Pentecostalismo”. Religião & Sociedade , vol . 44, nº1: e440101.:1). Dodora rememora os primeiros contatos com Mariz nos anos 1990. A autora realizava seu doutorado comparando pentecostais com católicos carismáticos no Brasil, e a tese de Cecília, defendida em 1989 e publicada em livro intitulado Copying with Poverty: Pentecostals and Christian Base Communities in Brazil (Mariz 1994MARIZ, Cecília L. (1994a), Copying with Poverty: Pentecostals and Christian Base Communities in Brazil. Philadelphia: Temple University Press. a), era uma referência incontornável. O disquete oferecido por Cecília Mariz à Dodora contendo o texto da tese selou uma relação intelectual e de amizade que dura ao longo de todas essas décadas. Embora nunca tenha sido traduzido no Brasil, “suas teses centrais sobre o processo de racionalização levado a cabo nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e nas igrejas pentecostais passaram a ser debatidas entre nós pelos artigos e comunicações realizadas pela autora em congressos e fóruns especializados” (Machado 2024MACHADO, Maria das Dores Campos. (2024), “Cecília Mariz e a Sociologia do Pentecostalismo”. Religião & Sociedade , vol . 44, nº1: e440101.:2). A passagem de Cecília como pesquisadora no Instituto de Estudos da Religião (ISER) também foi mencionada por Dodora ao tratar do grande interesse pela pesquisa comparativa e pelo competente uso de metodologias qualitativas e quantitativas. Outra grande contribuição da homenageada seria sobre a dimensão de libertação e autonomização do indivíduo valorizada por pentecostais. Mariz apresenta suas reflexões sobre esses temas especialmente no texto “Libertação e ética”, publicado como capítulo na coletânea Nem Anjos Nem Demônio (Mariz 1994MARIZ, Cecília L. (1994b), “Libertação e ética - uma análise do discurso dos pentecostais que se recuperaram do alcoolismo.”. In: A. Antoniazzi et al. (org.). Nem anjos nem demônios. Petrópolis: Vozes.b), e no artigo “A Teologia da Batalha Espiritual: Uma Revisão da Bibliografia” (Mariz 1999MARIZ, Cecília L. (1999a), “A Teologia da Batalha Espiritual: Uma Revisão da Bibliografia”. BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais , nº 47: 33-48.a). Nessas produções, argumentava que o pentecostalismo operava com sucesso uma relação entre magia, sobrenatural e ética. Desse modo, lançou uma chave interpretativa que se contrapunha, ao mesmo tempo, à alienação e à irracionalidade como características do modo de ser pentecostal, conforme insistiam alguns sociólogos e antropólogos da religião no período.

Em “Um relevo imprescindível - Cecília Mariz e suas contribuições à sociologia da religião”, Silvia Fernandes apresenta, através de um olhar admirado e afetivo, o impacto da obra de Mariz e a variedade de temáticas que percorreu ao longo desses anos de pesquisa, tais como as relações entre religião e mídia; religião e saúde; religião e migração; religião e política; religião e juventude; religião e globalização. A criação do Grupo de Estudos de Cristianismo ao lado de sua colega de PPCIS/UERJ e amiga Clara Mafra (in memorian) foi mencionada como resultado do interesse comum e continuado sobre fluxos religiosos, transnacionalidade e globalização. A notável contribuição de Mariz aos estudos de catolicismo no Brasil é destacada por Fernandes ao relembrar, entre outros, as inúmeras participações da pesquisadora no Instituto de Estudos da Religião a partir dos anos 1990. Sobre os estudos de pentecostalismo e neopentecostalismo, um dos méritos de Mariz teria sido conjugar “rigor metodológico, próprio de seu aprendizado nas fontes weberianas, com a busca da compreensão dos sentidos que os atores imprimem às próprias ações” (Fernandes 2024FERNANDES, Sílvia. (2024), “Um relevo imprescindível - Cecília Mariz e sua contribuição à sociologia da religião”. Religião & Sociedade , vol . 44, nº 1: e440102.:8). Desse modo, soube tratar a complexidade dos fenômenos analisados sempre em face das questões pujantes na vida social como pobreza, gênero, ideologia, alcoolismo, sem constrangimentos morais e com coragem epistemológica.

Patricia Birman assina o terceiro artigo. Intitulado “Pluralismo e movimento: a propósito da sociologia de Cecília Mariz”, tem início contando ao mesmo tempo como as então duas profissionais em início de carreira se conheceram e a euforia docente para a formação de um programa de pós-graduação, o PPCIS/UERJ, que fizesse frente às formas até então usuais de fazer Ciências Sociais no Brasil nos anos 1990. Diante do pouco prestígio de que gozavam os estudos de religião nas Ciências Sociais (Cf. Alves 1978ALVES, Rubem. (1978), "A volta do sagrado: caminhos da sociologia da religião no Brasil". Religião & Sociedade, n°. 3: 109-141.; Burity 2001BURITY, Joanildo A. (2001), “Novos Paradigmas e o Estudo da Religião: uma reflexão anti-essencialista”. Religião & Sociedade , vol. 21, nº 1: 41-65.), Patricia Birman antevia que o rigor metodológico e a consistência teórica de Cecília Mariz seriam fundamentais em uma virada no status da área. O artigo contextualiza Mariz em seu doutoramento na Universidade de Boston, nos Estados Unidos, sob orientação de Peter Berger e a importância desta formação em suas produções subsequentes. Uma bela reflexão sobre a obra de Berger é trazida por Birman, colocando em perspectiva noções de tradição e modernidade e a sofisticação no tratamento desta última pelo sociólogo austríaco naturalizado americano e que, sem dúvida, influenciou a produção de Mariz. Dessa vasta produção da homenageada, Birman destaca um artigo em parceria com Roberta Campos intitulado “O pentecostalismo muda o Brasil? Um debate das Ciências Sociais Brasileiras com a Antropologia do Cristianismo” (2014MARIZ, Cecília L. & CAMPOS, Roberta (2014), “O pentecostalismo muda o Brasil? Um debate das ciências sociais brasileiras com a antropologia do cristianismo”. In: P. Scott, R. Campos & J. Pereira (org.). Rumos da Antropologia no Brasil e no mundo: geopolíticas disciplinares. Recife: Editora UFPE, ABA.). O resultado dessa reflexão é um passeio por autores, questões de uma época, anotações sobre a atualidade de mecanismos e técnicas de gestão de territórios e pessoas. Um rico mergulho nos estudos do cristianismo, em especial, em sua face pentecostal.

Em Religião & Sociedade, Mariz publicou seis artigos e duas resenhas. O primeiro deles foi “Alcoolismo, gênero e pentecostalismo” (1994MARIZ, Cecília L. (1994c), “Alcoolismo, Gênero e Pentecostalismo”. Religião & Sociedade , vol . 16, nº 3: 80-93.c). Dois anos depois, o artigo “Pentecostalismo e a redefinição do feminino” (1996MARIZ, Cecília L. & MACHADO, Maria das Dores. (1996), "Pentecostalismo e a redefinição do feminino".Religião & Sociedade , vol . 17, nº 1-2: 141-159. ) ao lado de Maria das Dores Campos Machado. Em seguida, dois artigos cuja centralidade católica se destaca. Em 2013MEDEIROS, Kátia MC & MARIZ, Cecília L. (2013), “Toca de Assis em crise: uma análise dos discursos dos que permaneceram na comunidade”. Religião & Sociedade , vol . 33, nº2: 141-73. , publicou com Kátia Medeiros o artigo “Toca de Assis em crise: uma análise dos discursos dos que permaneceram na comunidade” e, em 2017GONZALES, Luciana. T. V., & MARIZ, Cecilia L. (2017), “Jornada Mundial da Juventude Rio 2013: ressignificando espaços da cidade e identidades religiosas”. Religião & Sociedade , vol . 37, nº 2: 14-37. , em coautoria com Luciana Gonzalez, “Jornada Mundial da Juventude Rio 2013: ressignificando espaços da cidade e identidades religiosas”. Renovando-se sempre e atenta às mudanças no campo religioso e na sociedade mais ampla, publicou, junto a Dodora e a sua outra grande parceira de pesquisa, Brenda Carranza, o artigo “Genealogia do sionismo evangélico no Brasil” (2022MACHADO, Maria das D. C.; MARIZ, Cecília L. & CARRANZA, Brenda. (2022), Genealogia do sionismo evangélico no Brasil. Religião & Sociedade , vol . 42, nº 2: 225-248.). Revisitando debates e suas redes internacionais de trabalho, realizou uma entrevista com Peter Berger ao lado de Renata Menezes, ex-editora de Religião & Sociedade, publicando-a em 2023MARIZ, Cecilia L. & MENEZES, Renata de C. (2023), “A modernidade como religiosamente plural ao invés de secular. Entrevista com Peter Berger (1929-2017)”. Religião & Sociedade , vol . 43, nº 2: 113-32. . As resenhas de autoria de Cecília Mariz nesta revista versam sobre obras atentas ao fenômeno católico, ao fundamentalismo e ao nacionalismo cristão norte americano: “As comunidades do dom: um estudo das CEBs no Recife”, de Gustavo Castro (1987MARIZ, Cecília. (1987), “O que há de específico nas CEBs do Recife?” Religião & Sociedade , vol . 14, nº 3: 79-83.); “All that is God’s is Good”, de Marjo de Theije (1999MARIZ, Cecília. (1999b), “All that is God’s is Good; Na Anthropology of the Liberation Catholicism in Garanhuns, Brazil, de Marjo de Theije”. Religião & Sociedade , vol . 20, nº 2: 141-145.) e “Fundamentalismo USA: Fundamentos teológicos-políticos de la política exterior estadunidense”, de Johan Galtung (2003MARIZ, Cecília. (2003), “Fundamentalismo USA: Fundamentos teológicos-políticos de la política exterior estadunidense de Johan Galtung”. Religião & Sociedade , vol . 23, nº 1: 153-156.).

Patricia Birman

Na sequência de homenagens temos Patricia Birman, professora titular de Antropologia da UERJ. Por muitos anos, Birman atuou como editora de Religião & Sociedade, ao lado dos antropólogos Emerson Giumbelli e Clara Mafra. Muitos dossiês foram organizados por ela e, sob sua liderança, a revista passou por inúmeras mudanças adaptando-se ao mercado editorial global, como o ingresso ao ambiente virtual em 2007, quando passou a publicar eletronicamente seus números na plataforma Scientific Electronic Library Online (Scielo). Conforme já destacaram artigos de balanço sobre os estudos da religião nas Ciências Sociais brasileiras, a antropologia se dedicou durante muitas décadas do século passado à pesquisa sobre religiões de matriz afro, e Birman é tributária desta tradição que sofreu forte influência de Roger Bastide em termos de enquadramentos teóricos e metodológicos (Cf. Alves 1978ALVES, Rubem. (1978), "A volta do sagrado: caminhos da sociologia da religião no Brasil". Religião & Sociedade, n°. 3: 109-141.; Montero 1999MONTERO, Paula. (1999), “Dilemas da cultura brasileira nos estudos recentes sobre as religiões”. In: S. Miceli (org.). O que ler na Ciência Social brasileira (1970-1995) - Antropologia. São Paulo: Anpocs.; entre outros). As autoras que lhe homenageiam são as antropólogas Regina Novaes, professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA/UFRJ), contemporânea na pesquisa e amiga fiel de Patricia, e Carly Machado, professora associada do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGCS/UFRRJ), ex-orientanda de Birman e ativa colaboradora em inúmeras pesquisas, artigos e iniciativas acadêmicas, além da socióloga Márcia Leite, colega de Birman no PPCIS/UERJ e também sua amiga dileta. Todas elas constroem suas homenagens combinando o olhar afetivo, marcado pela grande amizade que desenvolveram, e a admiração pela contribuição de Patricia ao campo das Ciências Sociais da religião no Brasil.

Regina Novaes faz uma leitura das contribuições acadêmicas de Birmam tendo como ponto de partida a coletânea O Mal à brasileira (Birman, Novaes & Crespo 1997BIRMAN, Patricia; NOVAES, Regina & CRESPO, Samira (org.). (1997), O mal à brasileira. Rio de Janeiro: Ed UERJ.). Este livro resultou de um evento realizado em parceria entre o PPCIS/UERJ e o Instituto de Estudos da Religião (ISER) sob a coordenação de Novaes, Birman e Samira Crespo. Nas diferentes contribuições que compõem a coletânea é possível alcançar processos que estruturam percepções sociais sobre bem e mal, reforçando e reproduzindo desigualdades sociais, étnicas e raciais que formaram o Brasil como nação e se atualizam em enquadramentos políticos contemporâneos. Nunca sem que ambiguidades se estabeleçam sobre elas, pois conflitos e cordialidades habitam e inquietam o imaginário nacional e até hoje suscitam muitas questões. A “cordialidade do brasileiro” representa um “bem” que contribui para superar potenciais conflitos? Ou é o “mal” responsável pela constante ambiguidade que nos caracteriza? O chamado “jeitinho brasileiro” é uma porta para o pluralismo e para a valorização da diversidade ou representa um “mal” que constantemente nos afasta das regras da convivência democrática? Afinal, nosso “mal” é excesso ou é a falta de política? E/ou é excesso ou falta de religião? (Novaes, 2024NOVAES, Regina. (2024), “O mal à brasileira: rupturas, confluências e (re)qualificações. Um tributo à trajetória acadêmica de Patricia Birman”. Religião & Sociedade , vol . 44, nº 1: e440106.: e440106).

Além da participação de Birman na coletânea citada, outras duas produções são alvo da reflexão de Regina Novaes: “Imagens religiosas e projetos para o futuroBIRMAN, Patricia. (2003a), “Imagens religiosas e projetos de futuro”. In: P. Birman (org.). Religião e espaço público. Rio de Janeiro: CNPq/Pronex Attar editorial.” e “Sobre o mal à brasileira e o mal-estar que nos acompanhaBIRMAN, Patricia. (2003b), “Sobre O mal à brasileira e o mal-estar que nos acompanha”. Revista Debates do NER, ano 4, nº 4: 7-19.”, ambos os artigos publicados em 2003. Com isso, somos guiados a alguns dos achados de pesquisa e a um conjunto de argumentos que nos permitem olhar para “relações entre cordialidade e violência presentes nas representações do mal” no passado e na atualidade brasileira.

Em outro artigo deste número, intitulado “Sobre fronteiras, tramas e emaranhados: questões para uma antropologia (a partir) da religião. Homenagem à Patricia Birman”, Carly Machado alinhava sua própria trajetória com a produção de Patricia, valorizando um fazer antropológico centrado em relações, passagens e fronteiras. As linhas dessa costura entre vidas e obras enlaça primeiramente um dos trabalhos seminais de Birman, livro resultante de sua tese de doutorado intitulado Fazer estilo, criando gênero (1995BIRMAN, Patricia. (1995), Fazer estilo, criando gêneros. Rio de Janeiro: Edições UERJ, Relume Dumará.). A artesania própria de Patricia já se revelava através de perguntas-chave que Machado escrutina cuidadosamente em seu artigo. O interesse de Birman por temáticas variadas fica evidenciado em seus livros e artigos, quase sempre na interface com o religioso, mas não só. Gênero, mídia, violência, política, periferias, narrativas seculares, espaço público, marginalidades, associativismo, catolicismo, pentecostalismo e religiões afro-brasileiras compuseram e compõem o interesse da homenageada. As margens que integraram seus estudos em sua formação acadêmica ganham força ao longo de sua trajetória não só em relação aos atores sob análise, mas como perspectiva teórico metodológica, sobretudo a partir dos anos 2000. Os processos de diabolização ou localização do “mal” em atores humanos e não humanos, já explorada na homenagem feita por Novaes, ganha relevo na abordagem de Machado em relação às reflexões de Birman sobre religiões e/em periferias. Uma característica fundamental sobre Patricia é apontada ao final do artigo de Carly Machado: a atualidade de seu pensamento. Uma pesquisadora atenta aos temas da agenda pública com grande sensibilidade e acuidade em sua abordagem responsável, acadêmica e politicamente. Ao longo da leitura desta homenagem, senti-me emocionada ao me emaranhar nas memórias dessa produção que pude acompanhar de mais perto e que me inspirou e mobilizou academicamente a partir dos anos 2000. O grande impacto do livro Religião e Espaço Público, Um mural para a dor, a apresentação de Patricia com o tema “Favela é cidade” no seminário organizado por Machado da Silva e Márcia Leite, o GT na Anpocs, entre outras atuações bem costuradas por Machado em seu artigo, conduziram-me a um passeio não só pela obra de Patricia, mas pelas redes de sua circulação que integraram tantos intelectuais de grande vigor, alguns deles já não mais presentes entre nós.

A última homenagem a Patricia ficou a cargo de uma grande amiga e colega de PPCIS/UERJ, Márcia Leite. Logo no início de “Patricia Birman: uma trajetória exemplar na academia e na universidade pública”, somos lançados à ambiguidade de sentimentos da autora diante do desafio que recebe: compor a mesa em homenagem a Birman destacando a sua contribuição institucional ao PPCIS e à UERJ. De modo consistente, carinhoso e bem-humorado, Leite nos conduz à rica participação da homenageada na construção do programa de pós-graduação na UERJ junto a outros queridos companheiros naquela jornada: Sandra Carneiro, amiga dileta desde o início, Helena Bomeny, Luiz Eduardo Soares, além da própria Márcia Leite. Novamente, aqui podemos acompanhar o grande desempenho de Birman, observando não só a participação dela na administração universitária, mas na promoção de inúmeros eventos acadêmicos de grande relevância em seu tempo pela atualidade e pela importância política atribuída aos temas tratados. As parcerias internas, as redes nacionais e internacionais de pesquisa que Birman integrava e/ou articulava ficam evidenciadas em inúmeras realizações das quais destacaria o Seminário Internacional Imagens da África (PPCIS/UERJ; Centre d’Études Africaines da EHESS), o Colóquio Religião e Espaço Público, a criação do grupo de pesquisa Distúrbio - dispositivos, tramas urbanas, ordens e resistências, e o período à frente da presidência da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Sua contribuição às Ciências Sociais brasileira, com destaque para as áreas de Antropologia da Religião e Urbana, são também verificáveis em uma vultosa produção. Foram 63 artigos em periódicos, 32 capítulos de livro e 12 livros autorais e/ou organizados. Além disso, 27 orientações de mestrado e 24 de doutorado concluídas, 6 supervisões de pós-doutorado, 4 de especialização em Sociologia Urbana, 15 de monografias de bacharelado e 19 de iniciação científica.

Em relação à Revista Religião & Sociedade, a primeira participação de Birman foi com um ensaio intitulado “Laços que nos unem: ritual, família e poder na umbanda” (1982BIRMAN, Patricia. (1981), “Laços que nos unem. Ritual, família e poder na Umbanda”. Religião & Sociedade, vol. 8: 21-28.), com grande impacto no debate acadêmico desde a sua publicação até o momento. Três anos depois publicou o artigo “Identidade social e homossexualismo no Candomblé” (1985BIRMAN, Patricia. (1985), “Identidade Social e Homossexualismo no Candomblé”. Religião & Sociedade, vol. 12, nº 1: 2-21.). Em ambas as publicações, trouxe as questões do seu tempo com abordagem própria, valorizando os cultos afro ao dedicar-se ao seu estudo, contudo, sem obscurecer complexidades próprias do campo. Mais de dez anos depois publicou um artigo muito importante tendo como tema o pentecostalismo, seus rituais e a questão da conversão, tal como vários trabalhos fizeram no mesmo período (Cf. Montero 1999MONTERO, Paula. (1999), “Dilemas da cultura brasileira nos estudos recentes sobre as religiões”. In: S. Miceli (org.). O que ler na Ciência Social brasileira (1970-1995) - Antropologia. São Paulo: Anpocs.; Burity 2020BURITY, Joanildo. (2020), “Sociologia da religião no Brasil: artesania, fronteiras e horizontes”. BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, vol. 25: 1-25.). No ano seguinte, apresenta um artigo refletindo sobre os estudos afro intitulado “O campo da nostalgia e a recusa da saudade: temas e dilemas dos estudos afro-brasileiros” (1997BIRMAN, Patricia. (1997), “O campo da nostalgia e a recusa da saudade: temas e dilemas dos estudos afro-brasileiros”. Religião & Sociedade, vol. 18, nº 2: 75-92.). Em 1998BIRMAN, Patricia. (1998), “Novos movimentos religiosos no contexto francês”. Religião & Sociedade , vol. 19, nº 2: 127-131., fez a resenha do livro de uma grande interlocutora, Danièle Hervieu-Léger, cujo título é Le pélerin et le converti. Ao lado de Maria Elvira Benitez conduziu o dossiê Religião e Sexo (2017BIRMAN, Patricia & BENÍTEZ, Maria E. D. (2017), “Editorial”. Religião & Sociedade, vol. 37: 9-13.), temática importante e desafiadora. No ano seguinte, despediu-se da editoria da revista deixando um grande legado.

Marcia Contins

A terceira e última homenageada nesta sessão especial de Religião & Sociedade é a antropóloga Marcia Contins. Assim como as demais, Contins é professora titular do Instituto de Ciências Sociais da UERJ. Os principais temas pelos quais transitou ao longo de sua carreira foram religião e etnicidade, pentecostalismo, relações raciais, ações afirmativas e movimentos negros. O Núcleo de Estudos da Religião (NUER) foi constituído nos anos 1990 no âmbito da linha “Religião e Movimentos Sociais” (PPCIS/UERJ) e foi inicialmente coordenado por Contins. Vale lembrar que o NUER se voltou à organização, manutenção e ampliação do acervo bibliográfico doado pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) ao longo de anos. Os artigos das antropólogas Edlaine Gomes, professora associada do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade do Rio de Janeiro (PPGMS/Unirio), ex-orientanda de Contins, e Joana Bahia, professora titular no PPCIS/UERJ e uma das organizadoras desse ciclo de homenagens.

O artigo “Trajetórias e termas emergentes: religião, raça e cidade na obra de Marcia Contins”, de autoria de Edlaine Gomes, sua primeira orientanda de doutorado no PPCIS/UERJ, colega em inúmeras pesquisas e amiga, nos leva a uma jornada emocionante sobre a vida e a obra da homenageada à luz de debates muito atuais na agenda pública e acadêmica contemporânea. Dois aspectos conjunturais são destacados por Gomes como meio de introduzir o leitor a duas agendas importantes na produção de Contins: a luta antirracista em composição com movimentos de terreiro, especialmente a partir dos anos 1980, e a adesão massiva de negros e negras às igrejas evangélicas, sobretudo pentecostais e neopentecostais. Nesse contexto, já em seu mestrado, realizado entre 1980 e 1983CONTINS, Marcia. (1983), O Caso da Pomba Gira: reflexões sobre crime, possessão e imagem feminina. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, UFRJ. , Marcia Contins dedicou-se a estudar e revelar o racismo direcionado às religiões de matriz africana, presente na mídia, no judiciário e na política institucional. Foi assim que, na dissertação intitulada O caso da Pombagira: reflexões sobre crime, possessão e imagem feminina (1983CONTINS, Marcia. (1983), O Caso da Pomba Gira: reflexões sobre crime, possessão e imagem feminina. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, UFRJ. ), abordou um conjunto de conotações negativas enraizadas na sociedade brasileira presentes, inclusive, no âmbito das instituições de Estado. Sua abordagem antecipa a discussão que décadas mais tarde se reúne em torno da noção de racismo religioso (Cf. Silva 2008SILVA, Vagner Gonçalves. (2008), “Religião e etnicidade: religião e relações raciais na formação da antropologia do Brasil”. In: O. Pinho, L. Sansone (org.). Raça: novas perspectivas antropológicas Salvador: EDUFBA.; Gomes & Oliveira 2021GOMES, Edlaine de Campos & OLIVEIRA, Luís Claudio. (2021), “Memórias documentadas do grupo “Tradição dos Orixás”: reações, resistência e ressonâncias afro-brasileiras dos anos 1980”. Religião & Sociedade , vol . 41, nº 3: 25-49.; Miranda, Correa e Almeida 2017MIRANDA, Ana Paula Mendes de; CORREA, Roberta de Mello & ALMEIDA, Rosiane Rodrigues. (2017), “Intolerância Religiosa: A Construção de um Problema Público”. Revista Intolerância Religiosa, vol . 2: 1-19.). Sobre o histórico desta agenda de trabalho em torno de religião e raça, Gomes relembra ainda a participação de Contins em um projeto seminal coordenado por Yvonne Maggie sobre o então chamado Museu de Magia Negra (coleção composta por objetos de cultos afro-brasileiros, apreendidos pela polícia no início do século XX), que resultou na publicação “Arte ou magia negra? Uma análise das relações entre a arte nos cultos afro-brasileiros e o Estado” (Maggie, Contins & Monte-Mor 1979MAGGIE, Yvonne; CONTINS, Marcia & MONTE-MOR, Patricia. (1979). Arte ou magia negra? Uma análise das relações entre a arte nos cultos afro-brasileiros e o Estado. Rio de Janeiro: Funarte.). Uma série de outras pesquisas sobre a temática racial e suas formas de enfrentamento foram coordenadas por Contins ao longo dos anos 2000. Ao interesse pelas religiões de matriz afro-brasileira se somava o investimento de pesquisa sobre o crescimento do pentecostalismo entre pessoas negras no Brasil e nos Estados Unidos. Este foi o tema de sua tese de doutorado defendida em 1995. Ao longo de sua trajetória, lançou-se também à investigação do catolicismo popular frente ao pentecostalismo crescente através do acompanhamento da Festa do Divino. As contribuições de Cotins são inúmeras do ponto de vista teórico e metodológico, da reflexão sobre marcadores sociais da diferença em relação a diferentes tradições religiosas no Brasil, servindo tanto à produção acadêmica quanto à prática política de grupos diretamente interessados em dados e análises consistentes sobre seus temas de engajamento vital.

O último texto deste dossiê de homenagens ficou a cargo de Joana Bahia com um artigo intitulado “Entrevistando a pombagira. Sobre sujeitos e novos modos de pensar o espiritual - Homenagem a Marcia Contins”. A contribuição de Bahia toma a então coleção Museu de Magia Negra como ponto inicial, revelando as redes de atuação de Contins desde a sua formação em Ciências Sociais em 1978 e as estratégias políticas e culturais de religiosos para a sua sobrevivência diante do racismo que se projetava nas tentativas constantes de apagamento de suas tradições pelo poder público e pela sociedade. A participação no projeto de pesquisa coordenado por Yvonne Maggie, já citado na homenagem feita por Edlaine Gomes, aqui ganha um lugar específico na linha do tempo, conduzindo o leitor a tomá-la como fundamental na definição de temas de trabalhos posteriores. Sendo assim, o estudo sobre a Pombagira emerge em seguida. Conforme exposto por Contins em seus estudos comparativos, o “outro” dos pentecostais no Brasil, tendo como base sua observação direta na Assembleia de Deus, eram as entidades da umbanda enquanto o “outro” dos negros evangélicos norte americanos eram os brancos. Na dissertação defendida no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ), recorreu às noções de transe, possessão, ritual e pessoa para analisar o “caso da Pombagira” e toda a repercussão em termos dos estigmas raciais e de gênero que o fenômeno ensejava. Além das temáticas muito pujantes na agenda pública e na academia, Contins, ao analisar o universo afrorreligioso através de um caso específico, reforça uma perspectiva teórico metodológica que ganhou muita importância décadas depois ao valorizar a agencialidade de uma gama de seres humanos e não humanos nesse universo religioso. Bahia destaca ainda como as pesquisas de Contins ajudam seus leitores a transitarem pelo universo dos subúrbios, das representações populares do masculino e do feminino, assim como pelas inúmeras transformações que o campo religioso vem passando no Brasil.

Em Religião & Sociedade, Marcia Contins publicou pela primeira vez em 1984, ao lado do também antropólogo Márcio Goldman, o artigo intitulado “‘O caso da Pomba-Gira’: Religião e Violência. Uma análise do jogo discursivo entre Umbanda e Sociedade”. Em 2001CONTINS, Marcia. (2001), “Etnografia e Magia”. Religião & Sociedade , Rio de Janeiro, vol . 21, nº 2: 113-116. foi a vez de publicar uma resenha sobre o badalado livro de Vagner Gonçalves da Silva, “O antropólogo e sua magia” (2000), aproveitando a obra para refletir sobre “trabalho de campo e texto etnográfico nas pesquisas antropológicas sobre religiões afro-brasileiras”, subtítulo da resenha.

Considerações finais

Esta sessão especial de Religião & Sociedade é, assim, um espaço de memória e homenagem a grandes pesquisadoras das Ciências Sociais brasileiras, que se dedicaram a analisar diferentes dinâmicas sociais através da religião, tomando-a como um fato social total e não como um objeto que se encerra em si. Nessa medida, tais produções interessam e informam sobre a vida social e/ou institucional no Brasil em comparação, sempre que possível, com temáticas situacionalmente relevantes e com contextos internacionais de troca e influência.

Celebramos tanto as homenageadas quanto as autoras que produziram essas homenagens em vista deste ser um dossiê revelador da potência feminina na produção científica nacional em conformidade com os novos tempos. Essa ressalva é importante na medida em que o histórico apagamento feminino na academia e na intelectualidade nacional e internacional tem sido cada vez mais reconhecido e denunciado, e inúmeros coletivos, pesquisas, publicações e cartilhas de boas práticas relativas à questão de gênero têm buscado promover a equidade e visibilidade dessa relevante produção para o desenvolvimento acadêmico e social no Brasil e no mundo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024
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