Resumo
A cidade do Rio de Janeiro tem sido palco de conflitos e processos de mobilização política de religiosos de matriz afro-brasileira, que reivindicam políticas públicas voltadas ao direito de expressar sua religiosidade no espaço público. O objetivo deste artigo é o de problematizar, a partir de distintas experiências etnográficas, como se dá o processo de construção de discursos relacionados à reivindicação de direitos, envolvendo grupos cuja socialização política é distinta daquelas observadas entre grupos considerados mais “engajados” dos movimentos negros, mas cujas ações também produzem resultados na constituição de um campo político que inclui a dimensão religiosa. Neste sentido, produzimos uma reflexão acerca dos distintos e múltiplos modos de fazer e pensar a política, tomando como objeto a invenção de uma tecnologia de governo, deveras introjetada na vida social e nas práticas profissionais, que são as reuniões, e suas derivações, aqui associadas a eventos públicos. Ao tratá-las como mecanismos de governo foi possível analisar como os discursos acerca da cidadania são apresentados por seus representantes oficiais (policiais, políticos, professores, funcionários públicos, etc.) e apreendidos pelos religiosos de matriz afro-brasileira em dois contextos etnográficos distintos, que podem ser pensados como equivalentes na medida em que engendram práticas e gramáticas próprias.
Palavras-Chave
conflitos; mobilização política; espaço público; religiões afro-brasileiras