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Editorial

A partir deste primeiro fascículo de 2011 ocorrem mudanças significativas na Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. A publicação passa a ser feita exclusivamente por meio eletrônico, acompanhando a tendência editorial internacional mais atualizada. Os meses de publicação de cada fascículo foram antecipados e passam a ser fevereiro, maio, agosto e novembro, o que só foi possível graças à colaboração de autores, avaliadores e assessores técnicos. Ajustes editoriais foram executados com o objetivo de modernizar e aperfeiçoar o periódico, visando a sua constante evolução.

A presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Mara Behlau, apresenta, em seu editorial, o contexto mais amplo em que essas mudanças estão inseridas.

Os artigos apresentados neste fascículo envolvem temas atuais da Fonoaudiologia. O conhecimento produzido a partir de pesquisas conduzidas com rigor metodológico e ético, avaliado criteriosamente por pesquisadores experientes e divulgado com todo o cuidado editorial, tem sua aplicação mais direta à realidade nacional, contribuindo para o desenvolvimento de uma Fonoaudiologia baseada em evidências, cientificamente fundamentada e exercida de forma crítica e ética.

A seguir, uma síntese do que é apresentado neste fascículo:

O Letramento escolar de estudantes de 1ª e 2ª séries do ensino fundamental de escola pública foi estudado por Cárnio, Pereira, Alves e Andrade, que compararam o desempenho de 246 escolares de 1ª e 2ª séries de escola pública. As autoras concluíram que os resultados foram mais significativos nas provas que demandaram conhecimento mais aprofundado da relação fonema-grafema e vice-versa.

O artigo intitulado Parâmetros de fluência e tipos de erros na leitura de escolares com indicação de dificuldades para ler e escrever, da autoria de Kawano, Kida, Carvalho e Ávila, caracteriza o desempenho de escolares com indicação de dificuldades de leitura e escrita de 60 crianças da 3º à 5º séria da rede pública. As autoras afirmam que os escolares com indicação de dificuldades de leitura e de escrita apresentaram piores desempenhos de fluência na leitura e maior número de erros.

A Influência da extensão da palavra e local da ruptura na sílaba na fala de adolescentes e adultos gagos e fluentes foi investigada por Juste e Andrade em 120 participantes com idades entre 12 e 49 anos. As autoras apontam que esses resultados sugerem que as rupturas de fala indicam uma dificuldade na temporalização entre as velocidades de seleção e ativação fonológica, que independe da extensão da palavra.

Atribuição de estados mentais no discurso de crianças do espectro autístico é o título do estudo de Rodrigues, Tamanaha e Perissinoto. Nessa pesquisa amostras de fala da avaliação inicial, após seis meses e um ano de terapia fonoaudiológica de cinco crianças com Autismo Infantil e cinco com Síndrome de Asperger foram estudadas. As autoras concluem que a atribuição de estados mentais aumentou após o período de intervenção.

Fernandes, Lima, Gonçalves e Françozo realizaram o estudo Acompanhamento do desenvolvimento da linguagem de lactentes de risco para surdez, que comparou o desenvolvimento da linguagem aos quatro, oito e 12 meses, de 87 lactentes que permaneceram em UTI Neonatal e que apresentaram um ou mais indicadores de risco para perda auditiva de aparecimento tardio.

Matas, Hataiama e Gonçalves investigaram a Estabilidade dos potenciais evocados auditivos em indivíduos adultos com audição normal, avaliando e reavaliando, após três meses, 49 indivíduos de ambos os gêneros. Foi observada estabilidade dos parâmetros de PEATE, PEAML e P300.

Frascá, Lobo e Schochat, apresentam o estudo Processamento auditivo em teste e reteste: confiabilidade da avaliação que avaliou o processamento auditivo em quarenta indivíduos falantes do Português. As autoras afirmam que os testes do PAC utilizados neste estudo demonstraram sua confiabilidade.

Alvarenga, Bevilacqua, Melo, Lopes e Mortari-Moret são as autoras do artigo Participação das famílias em Programas de Saúde Auditiva: um estudo descritivo, que fez uma análise comparativa das informações sobre o comparecimento nos atendimentos de dois Programas de Saúde Auditiva Infantil de 362 crianças. Elas informam que o comparecimento das famílias foi inferior à metade das que foram convidadas a levar os filhos para a avaliação audiológica.

Henriques e Costa estudaram os Limiares de reconhecimento de sentenças, em indivíduos normo-ouvintes, na presença de ruído incidente de diferentes ângulos em 38 adultos jovens e concluíram que a condição de escuta no ruído mais desfavorável foi aquela na qual o ruído encontra-se no mesmo ângulo de incidência da fala, na posição frontal do indivíduo avaliado.

A Correlação entre dados ocupacionais, sintomas e avaliação vocal de operadores de telesserviços foi estudada por Leite, Lourenço e Behlau por meio da análise retrospectiva de 404 prontuários referentes a avaliações periódicas de funcionários de telesserviços. Observou-se que mulheres apresentam maior quantidade de sintomas vocais e que não houve relação entre o avanço da idade e maior tempo na função do teleoperador com o aumento do número de sintomas e alterações vocais.

Expressividade no rádio: a prática fonoaudiológica em questão é o título do artigo de Viola, Ghirardi e Ferreira que analisaram, pelo relato de fonoaudiólogas, como tem sido a prática da expressividade oral com profissionais do rádio no Brasil e concluíram que o termo expressividade oral não é usualmente utilizado pelas fonoaudiólogas, pois o conceito é tido como novo.

Medeiros e Bernardi estudaram a Alimentação do recém-nascido pré-termo: oferta de dieta por copo ou mamadeira em 48 recém-nascidos internados em UTI e concluíram que a discussão em relação à aceitação do seio materno independentemente da forma de oferta de dieta (copo ou mamadeira) ainda não está definida.

Silva, Ferreira, Migliorucci, Nari Filho e Berretin-Felix investigaram a Influência do tratamento ortodôntico-cirúrgico nos sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em indivíduos com deformidades dentofaciais em 20 pacientes de ambos os gêneros (idades entre 15 e 44 anos), com diferentes características dento-oclusais e faciais, submetidos a osteotomias mandibulares e/ou maxilares.

Bolzan, Silva, Boton e Corrêa apresentam o artigo intitulado Estudo das medidas antropométricas e das proporções orofaciais em crianças respiradoras nasais e orais de diferentes etiologias que estudou as medidas e proporções orofaciais de 57 crianças com idades entre sete anos e cinco meses e 11 anos e dez meses, respiradoras nasais, orais obstrutivas e orais viciosas, com dentição mista.

Mituuti, Bento-Gonçalves, Piazentin-Penna, Brandão e Mituuti realizaram a pesquisa Comparação dos resultados da fala após as cirurgias de retalho faríngeo e veloplastia intravelar para correção da disfunção velofaríngea. Trata-se de um estudo retrospectivo com análise de 148 casos. As autoras concluem que a técnica de retalho faríngeo mostrou-se a mais efetiva na melhora da ressonância e no fechamento velofaríngeo.

O relato de caso Tuberculose laríngea: proposta de intervenção fonoaudiológica nas sequelas de voz após o tratamento farmacológico é descrito por Fagundes, Cury, Anelli-Bastos, Silva e Duprat, que afirmam que a terapia fonoaudiológica mostrou-se importante, refletindo de forma positiva na comunicação oral e no convívio social do paciente.

Outro relato de caso discute os Fatores intervenientes na terapia fonoaudiológica de crianças autistas e é apresentado por Amato, Molini-Avejonas, Santos, Pimentel, Valino e Fernandes, que descrevem os processos de terapia fonoaudiológica de três crianças com distúrbios do espectro autístico e afirmam que a análise longitudinal individualizada de processos de intervenção terapêutica permite a abordagem de aspectos associados que podem ser determinantes nos resultados e que exigem abordagem consistente.

Audiometria de altas frequências no diagnóstico complementar em audiologia: uma revisão da literatura é apresentada por Klagenberg, Oliva, Gonçalves, Lacerda, Garofani e Zeigelboim, que pesquisaram as bases de dados LILACS, SciELO e Medline nos últimos dez anos.

No artigo Refletindo Sobre o Novo Monteiro e Befi-Lopes discutem o artigo intitulado Pragmatic difficulties in children with Specific Language Impairment.

A Resenha a respeito das Alterações da comunicação em pacientes institucionalizados portadores de esquizofrenia crônica é apresentada por Almeida e Cunha.

Crato apresenta o resumo de sua dissertação de mestrado defendida no Programa de Ciências da Reabilitação da Faculdade de Medicina da USP com o título Marcação de tempo por surdos sinalizadores.

Que 2011 seja mais um ano cheio de realizações, conquistas e alegrias compartilhadas.

A notícia do falecimento da nossa querida amiga Ieda Russo chegou quando estávamos em reunião, fechando esta revista. Então, a frase acima ficou parecendo sem sentido, pois temos que partilhar também perdas e tristezas.

Eu tenho repetido já há algum tempo, com muita sinceridade, que uma das melhores coisas que a participação na Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia me proporcionou foi a possibilidade de conviver, partilhar e chamar de amigas, pessoas especiais, com as quais tinha tido poucas oportunidades de contato. Durante quatro anos estive junto com a Ieda na diretoria da SBFa e nesta Revista, em que ela atuou de forma brilhante e sempre confiável como redatora chefe. Nesse período compartilhamos desafios, conquistas, alegrias e também perdas.

Por isso eu resolvi manter a frase. A Fonoaudiologia brasileira compartilhou a alegria e o privilégio de ter uma pessoa como a Ieda para nos ensinar e inspirar. Ela vai fazer muita falta, mas vai estar sempre presente em seu legado.

  • Editorial

    Profa. Dra. Fernanda Dreux Miranda Fernandes
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Out 2011
    • Data do Fascículo
      Mar 2011
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