REFLETINDO SOBRE O NOVO
Planting seeds for the future: an examination of education of Speech-Language Pathology
Comentado por: Fernanda Dreux Miranda Fernandes
Professora Livre-Docente do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo FMUSP São Paulo (SP), Brasil
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Fernanda Dreux Miranda Fernandes R. Cipotânea, 51, Cidade Universitária São Paulo SP - CEP 05360-160 E-mail: fernandadreux@usp.br
Este volume do jornal editado pela International Association of Logopedics and Phoniatrics (IALP) é inteiramente dedicado à formação do fonoaudiólogo em diversos lugares do mundo. A editora convidada, Lilly Cheng, chama a atenção para a importância de ampliar as iniciativas de difusão e compartilhamento de conhecimentos e experiências desenvolvidas em diferentes realidades, uma vez que o crescimento da população global aproxima cada vez mais as conseqüências de eventos únicos para populações de diferentes regiões.
No artigo a respeito da formação nos Estados Unidos, Dolores Battle informa que há hoje nesse país 234 programas de bacharelado em Fonoaudiologia, 244 programas de mestrado nas áreas de fala e linguagem e 60 na área de linguagem. Uma resolução da ASHA exigirá, a partir de 2012, o grau mínimo de doutor para audiologistas. A autora chama a atenção para as diferentes oportunidades oferecidas pelos diferentes programas pois as diretrizes educacionais permitem que diferentes modelos educacionais sejam adaptados às diferentes necessidades das instituições e dos estudantes. A formação específica no nível de mestrado é discutida por Jeri Logemann, que afirma que é nesse nível de formação, mínimo para o credenciamento pratico do fonoaudiólogo, que deve ocorrer a integração entre o trabalho acadêmico e a pratica clínica. Ainda sobre a realidade americana, Tanya Gallagher faz uma síntese sobre os planos a respeito dos programas de doutorado e sobre a necessidade de formar mais doutores.
No painel a respeito da formação do fonoaudiólogo no Brasil, Mara Behlau e Gisele Gasparini, as autoras, comentam que os desafios que se apresentam para a Fonoaudiologia brasileira envolvem a ampliação da qualidade do treinamento profissional obtido nos centros de excelência para todas as regiões do Brasil, a ampliação do número de programas de pós-graduação e o acesso de toda a população aos serviços de Fonoaudiologia.
Alison Ferguson descreve os padrões de competência profissional desenvolvidos na Austrália, que envolvem desde o conteúdo programático até a metodologia de ensino e a avaliação da aprendizagem. A autora comenta que o contexto político, a uniformidade de acesso da população aos serviços, a autonomia curricular e o consenso ideológico são os principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento de um sistema baseado na competência.
A formação nas ilhas de Malta é oferecida apenas na Universidade de Malta, é o que relata Helen Grech. Segundo ela, o grau de bacharel é oferecido após um curso de quatro anos de duração, numa perspectiva teórico-pratica. A diversidade cultural e lingüística da população constitui um elemento diferencial em relação aos outros países da comunidade européia, mas a oportunidade de trocas internacionais proporcionada por essa comunidade tem contribuído para os avanços da área e o envolvimento em projetos de pesquisa conjunta.
Segundo Kyoko Iitaka, foram necessários 30 anos para que houvesse um consenso na definição do status do fonoaudiólogo e de sua formação no Japão, que foram legalmente definidos em 1997. Essas normas exigem treinamento em escolas médicas e há uma grande carência de supervisores para o treinamento prático. Os desafios que se apresentam no momento são: a adequação das normas legais às possibilidades educacionais existentes, o reconhecimento da atividade de supervisão e a reavaliação curricular.
A implementação de processos de aprendizagem baseada em problemas no Reino Unido é comentada por Leahy, Dodd, Walsh e Murphy, que descrevem uma pesquisa realizada com estudantes de Fonoaudiologia a respeito dessa estratégia. A combinação entre conhecimento consistente e pratica intensiva é descrita como a característica fundamental da formação profissional em Fonoaudiologia. A estratégia de aprendizagem baseada em problemas (PBL) envolve maior autonomia por parte dos estudantes e habilidades como trabalho em equipe, cooperação, colaboração, respeito à opinião de outros, avaliação crítica da literatura, uso de recursos diversos e habilidades de apresentação. Segundo os autores, a educação de fonoaudiólogos precisa se adaptar e aproveitar os avanços tecnológicos de forma a utilizá-los para uma formação continuada de longo prazo.
A experiência nos países escandinavos é sintetizada por Ewa Söderpalm, que afirma que a Islândia é o único desses países em que não há pelo menos um programa de treinamento de fonoaudiólogos. Essa formação é oferecida tanto em faculdades relacionadas a artes e humanidades quanto naquelas voltadas para Medicina e saúde. Há também programas de doutorado disponíveis em todos esses países, mas apenas na Finlândia e na Suécia há doutores em Logopedia.
Esse conjunto de dados a respeito da formação do fonoaudiólogo em realidades tão diferentes revela a diversidade num certo sentido esperada devido à grande diversidade de realidades envolvidas. O surpreendente, na verdade, são as semelhanças descritas: a carência de profissionais com maior titulação, a diversidade cultural como um fator significativo para as questões de comunicação, o impacto da tecnologia e a necessidade de sua absorção na formação de profissionais.
O maior conhecimento a respeito das soluções encontradas em outras realidades sem dúvida pode contribuir para a aproximação entre profissionais e a colaboração para o desenvolvimento da Fonoaudiologia.
Endereço para correspondência:
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Jul 2007 -
Data do Fascículo
Mar 2007