INTRODUÇÃO: Avaliou-se a frequência de glomerulonefrite em pacientes com esquistossomose hepatosplênica no Brasil. MÉTODOS: Selecionou-se para o estudo, 63 pacientes (idade média de 45,5±11 anos) avaliados consecutivamente no ambulatório de doenças infecciosas de um hospital universitário de Belo Horizonte, Brasil, no período de 2007 a 2009. O diagnóstico da esquistossomose foi baseado em dados epidemiológicos, clínicos, parasitológicos e de imagem. Os oito pacientes que apresentaram albuminúria acima de 30mg em 24 horas submeteram-se a biópsia renal percutânea dirigida por ultrassonografia. As amostras de tecido renal foram analisadas à microscopia óptica, eletrônica e de fluorescência direta. RESULTADOS: Havia expansão do mesângio em todos. Em cinco, houve proliferação de células mesangiais e em quatro observou-se duplicação da membrana basal glomerular. Áreas de esclerose glomerular foram diagnosticadas em quatro. Depósitos de imunglobulinas M e C3 foram patentes em seis amostras; IgG em quatro, IgA em três e C1q em duas. Em todos os pacientes relatou-se fluorescência para IgA dentro dos túbulos renais. Depósitos de kappa e lambda foram vistos em seis amostras. A microscopia eletrônica demonstrou depósitos eletrondensos em tecido glomerular. A presença de hipertensão arterial, varizes do esôfago de pequeno calibre, pequenos aumentos de creatinina e diminuição de albumina sérica associaram-se à ocorrência de dano renal. CONCLUSÕES: A frequência de lesão renal foi de 12,7%, no presente estudo, e a glomerulonefrite membranoproliferativa do tipo I foi encontrada em 50%. A lesão renal associada à esquistossomose permanece um problema importante no Brasil.
Esquistossomose; Nefropatia esquistossomótica; Glomerulonefrite; Histopatologia