Open-access Prevalência e aspectos epidemiológicos de enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo

Prevalence and epidemiological aspects of parasitic infestation in the population of São José da Bela Vista, São Paulo State, Brazil

Resumos

Estudou-se a prevalência de parasitas intestinais e os aspectos epidemiológicos em indivíduos de ambos os sexos, todos usuários do Serviço Ambulatorial do Centro de Saúde Municipal e Hospital Público São Vicente de Paulo, em São José da Bela Vista (SP), de janeiro de 1992 a dezembro de 1996. O percentual de enteroparasitoses foi igual a 44,4%, com ocorrência de protozoários e helmintos. O elevado parasitismo foi atribuído ao baixo nível sócio-econômico e educacional da população e às baixas condições de higiene do domicílio.

Enteroparasitoses; Parasitismo; Aspectos epidemiológicos; Infestação parasitária


The prevalence of intestinal parasites and its epidemiological aspects were studied in individuals of both sexes seen at the Outpatient Service of the Municipal Health Center and São Vicente Public Hospital in São José da Bela Vista (SP) from January 1992 to December 1996. The percentage of parasitic infestation was 44.4%, with the occurrence of protozoa and helminths. The high occurrence of parasitism was attributed to the low socioeconomic and educational level of the population and to the precarious hygiene conditions in their households.

Parasitism; Epidemiological aspects; Parasitic infestation


COMUNICAÇÃO

Prevalência e aspectos epidemiológicos de enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo

Prevalence and epidemiological aspects of parasitic infestation in the population of São José da Bela Vista, São Paulo State, Brazil

Marcos Tavares-Dias e Adriana Aparecida Grandini

Resumo Estudou-se a prevalência de parasitas intestinais e os aspectos epidemiológicos em indivíduos de ambos os sexos, todos usuários do Serviço Ambulatorial do Centro de Saúde Municipal e Hospital Público São Vicente de Paulo, em São José da Bela Vista (SP), de janeiro de 1992 a dezembro de 1996. O percentual de enteroparasitoses foi igual a 44,4%, com ocorrência de protozoários e helmintos. O elevado parasitismo foi atribuído ao baixo nível sócio-econômico e educacional da população e às baixas condições de higiene do domicílio.

Palavras-chaves: Enteroparasitoses. Parasitismo. Aspectos epidemiológicos. Infestação parasitária.

Abstract The prevalence of intestinal parasites and its epidemiological aspects were studied in individuals of both sexes seen at the Outpatient Service of the Municipal Health Center and São Vicente Public Hospital in São José da Bela Vista (SP) from January 1992 to December 1996. The percentage of parasitic infestation was 44.4%, with the occurrence of protozoa and helminths. The high occurrence of parasitism was attributed to the low socioeconomic and educational level of the population and to the precarious hygiene conditions in their households.

Key-words: Parasitism. Epidemiological aspects. Parasitic infestation.

As enteroparasitoses são problemas de saúde pública graves que ainda persistem nos países em desenvolvimento. O problema envolvendo as parasitoses intestinais no Brasil é mais sério do que se apresenta, uma vez que lamentavelmente há falta de uma política de educação sanitária profunda e séria. A erradicação desses parasitas requer melhorias das condições sócio-econômicas, no saneamento básico e na educação sanitária, além de mudanças de certos hábitos culturais. Objetivou-se com este trabalho conhecer a incidência dos parasitas intestinais e os principais aspectos epidemiológicos envolvidos em indivíduos de São José da Bela Vista (SP). Essa cidade, localizada ao nordeste do Estado de São Paulo, apresenta uma população de 7127 habitantes, com altitude média de 760m e temperatura média de 26oC. Todos os dados de ocorrência foram obtidos de usuários do Serviço Ambulatorial do Hospital Público São Vicente de Paulo e Centro de Saúde Municipal, no período janeiro de 1992 a dezembro de1996. O método utilizado na análise coprológica foi o preconizado por Hoffmann et al5. Os indivíduos eram de ambos os sexos e com idade entre 0 e 68 anos. Após a obtenção dos dados de prevalência, durante visita ao domicílio, aplicou-se um questionário padrão a 50 indivíduos (e/ou à família) parasitados e 50 não parasitados, escolhidos aleatoriamente, com o objetivo de conhecer as condições sócio-econômicas, condições sanitárias da residência, presença de animais domésticos, hábito de ingerir hortaliças e hábitos de higiene pessoal.

Os dados de freqüência foram analisados através do teste de qui-quadrado (c2), segundo Gomes4.

Os resultados demostram que dos 1032 exames fecais realizados em São José da Bela Vista, no período de 1992 a 1996, 458 (44,4%) apresentaram positividade enteroparasitária. Houve ocorrência de Giardia lamblia (16,0%), Ascaris lumbricoides (13,9%), Strongyloides stercoralis (8,3%), Escherichia coli (6,8%), Trichuris trichiura (3,7%), Enterobius vermicularis (2,2%), Entamoeba nana (1,6%), Ancilostomidae (1,3%), Schistosoma mansoni (1,0%), Entamoeba histolytica (0,2%) e Taenia sp (0,4%). No geral, a maior infestação foi observada no grupo masculino (60,7%) quando comparado ao feminino (39,3%).) e em crianças com idade entre 0 e 15 anos. Entretanto, a maior infestação por Ascaris lumbricoides ocorreu no grupo masculino e em crianças de 0 a 15 anos de idade de ambos os sexos. A infestação por Trichuris trichiura ocorreu predominantemente em crianças de 0 a 15 anos de idade. Strongyloides stercoralis foi evidenciado somente a partir dos 11 anos de idade, sendo a maior freqüência em adultos de ambos sexos, com idade entre 21 a 40 anos. Adversamente, giardíase ocorreu predominantemente em crianças de 0 a 15 anos de idade e em indivíduos adultos não se evidenciou tal infestação. O protozoário Escherichia coli foi mais freqüente no sexo feminino, com distribuição em todas as faixas etárias. Observou-se percentual elevado (15,1%) de biparasitismo na população estudada; entretanto, o triparasitismo foi pouco significativo. Os fatores determinantes do elevado parasitismo foram atribuídos à baixa renda familiar em famílias numerosas, às baixas condições de higiene do domicílio e pessoal e ao pouco conhecimentos da profilaxia de protozoários e helmintos. Além disso, as famílias mantêm animais domésticos no domicílio (Tabela 1). Estudos similares também descrevem significativo enteroparasitismo em habitantes de outras comunidades urbanas brasileira, devido à falta de saneamento básico, hábitos higiênicos precários e o baixo nível sócio-econômico3 6 8. A esses fatores, soma-se o consumo de hortaliças irrigadas com água contaminada1 2, uso de dormitório coletivo1 2 7 e a grande presença de animais domésticos no domicílio3 7.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Prof. Sérgio N. Kronka, da Universidade Estadual Paulista, (UNESP), Jaboticabal, pelo auxílio na análise estatística.

Departamento de Ciências Biológicas, Universidade de Franca.

Endereço para correspondência: Marcos Tavares Dias. Av. Dr. Armando Salles Oliveira 201, Parque Universitário, 14404-600 Franca, São Paulo.

Fax: 55 16 622-4133

Recebido para publicação em 27/2/98.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2000
  • Data do Fascículo
    Fev 1999

Histórico

  • Recebido
    27 Fev 1998
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