O comprometimento dos órgãos ocos do aparelho digestivo pode ocorrer nos portadores da fase crônica da doença de Chagas. O mecanismo básico é a destruição dos neurônios do sistema nervoso entérico. Conquanto o megaesôfago e o megacólon sejam as expressões mais notáveis e estudadas da forma digestiva da doença de Chagas, o envolvimento do intestino delgado (enteropatia chagásica) é menos freqüente e menos conhecido do que o das duas entidades mencionadas. A enteropatia chagásica pode ser responsável por importantes manifestações clínicas e laboratoriais que se assemelham às das síndromes dispéptica, de pseudo-obstrução intestinal e de supercrescimento bacteriano no intestino delgado. A enteropatia chagásica também acarreta peculiares alterações funcionais, particularmente relacionadas à atividade motora do órgão, bem como, à absorção intestinal de carboidratos. Na prática, o diagnóstico fundamenta-se na documentação radiográfica da ectasia de segmentos da víscera. O tratamento comporta o controle clínico das síndromes acima mencionadas e, eventualmente, operações cirúrgicas apropriadas.
Doença de Chagas; Enteropatia chagásica; Fisiopatologia do intestino delgado