Resistência in vitro de cepas do Plasmodium falciparum isoladas no sul do estado do Pará, em diferentes períodos: emergência de casos de multirresistência

Couto, A. A.; Calvosa, V.S.; Santos, M.A.; Souza, J.M.

doi:10.1590/S0037-86821993000100002

Resumos

O presente estudo avalia a resposta de cepas de Plasmodium falciparum às drogas antimaláricas, através de testes in vitro, isoladas em 7 municípios do sul do Estado do Pará. Foram efetuados 69 testes para cloroquina e mefloquina, 62 para amodiaquina e 61 para quinino. Os resultados mostram elevada resistência para cloroquina (71%), relativamente baixa resistência para amodiaquina com (25,8%) e para o quinino apenas 8,2%. Mefloquina revela ampla sensibilidade (100%), mas, demonstrando perda da mesma quando comparada em dois períodos distintos. Evidenciou-se também cepas multirresistentes em dois dos municípios estudados.

Plasmodium falciparum; Resistência in vitro; Cloroquina; Amodiaquina; Quinino; Mefloquina

The responses of Plasmodium falciparum to antimalarial drugs were evaluated through the in vitro test using blood sample collected from patients of 7 municipalities of the south of Pará State. Sixty nine microtests for chloroquine and mefloquine, 62 for amodiaquine and 61 for quinine were pet formed. The results showed a high resistance for chloroquine (71%), a relatively low resistance level for amodiaquine (25.8%) and little resistance to quinine (8.2%). For mefloquine 100% of sensitivity was found.

Plasmodium falciparum; In vitro resistance; Chloroquina; Amodiaquine; Quinine; Mefloquine

ARTIGOS

Resistência in vitro de cepas do Plasmodium falciparum isoladas no sul do estado do Pará, em diferentes períodos: emergência de casos de multirresistência

A. A. Couto; V.S. Calvosa; M.A. Santos; J.M. Souza

^{Endereço para correspondência} Endereço para correspondência: Dr. Alvaro Couto. Av. Almirante Barroso 492, Marco 66090-000 Belém, PA.

RESUMO

O presente estudo avalia a resposta de cepas de Plasmodium falciparum às drogas antimaláricas, através de testes in vitro, isoladas em 7 municípios do sul do Estado do Pará. Foram efetuados 69 testes para cloroquina e mefloquina, 62 para amodiaquina e 61 para quinino. Os resultados mostram elevada resistência para cloroquina (71%), relativamente baixa resistência para amodiaquina com (25,8%) e para o quinino apenas 8,2%. Mefloquina revela ampla sensibilidade (100%), mas, demonstrando perda da mesma quando comparada em dois períodos distintos. Evidenciou-se também cepas multirresistentes em dois dos municípios estudados.

Palavras-chave:Plasmodium falciparum. Resistência in vitro. Cloroquina. Amodiaquina. Quinino. Mefloquina.

ABSTRACT

The responses of Plasmodium falciparum to antimalarial drugs were evaluated through the in vitro test using blood sample collected from patients of 7 municipalities of the south of Pará State. Sixty nine microtests for chloroquine and mefloquine, 62 for amodiaquine and 61 for quinine were pet formed. The results showed a high resistance for chloroquine (71%), a relatively low resistance level for amodiaquine (25.8%) and little resistance to quinine (8.2%). For mefloquine 100% of sensitivity was found.

Keywords:Plasmodium falciparum. In vitro resistance. Chloroquina. Amodiaquine. Quinine. Mefloquine.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 22/11/92.

Programa de Malária, Instituto Evandro Chagas/Fundação Nacional de Saúde (FNS).

Suporte financeiro da FNS, FINEP e UNDP/World Bank/ WHO Special Programme/TRD.

Referências bibliográficas

1. Couto AA, Santos MM, Calvosa VS. Resistência in vitro do P. falciparum em cepas isoladas no Sul do Estado do Pará. In: Resumos do XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical p.270, 1989.
2. Di Santi SM, Boulos M, Vasconcelos MA, Oliveira SG, Couto AA, Rosário VE. Caracterização de cepas de Plasmodium falciparum do Estado de Rondônia, Brasil, utilizando microteste de sensibilidade aos antimaláricos, tipificação enzimática e anticorpos monoclonais. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 29:142- 147, 1987.
3. Di Santi SM, Camargo Neves VLF, Boulos M, Dutra AP, Ramos AMSV, Santos M, Barata LCB. Avaliação da resposta do Plasmodium falciparum à cloroquina, quinino e mefloquina (1). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 30:147- 152, 1988.
4. Kremsner PG, Zotter GM, Feldmeier H, Bienzle U, Jansen-Rosseck R, Graninger W, Rocha RM, Wemsdorfer WH. Differences in drug response of Plasmodiumfalciparum within an area of the Amazon region. T ransactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 83:158-161, 1989.
5. Kremsner PG, Zotter GM, Feldmeier H, Graninger W, Kollaritsch M, Wiedermann G, Rocha RM, Wernsdorfer WH. in vitro drug sensitivity of Plasmodium falciparum in Acre, Brazil. Bulletin of the World Health Organization 67:289-293, 1989.
6. Marques AC. Migration and dissemination of malaria in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81(supl II). 17-30, 1986.
7. Ministério da Saúde/SUC AM/Diretoria Regional do Pará. Operação Impacto Contra a Malária. Relatório Técnico, 1986.
8. Ministério da Saúde/SUCAM/DECEM/Divisão de Malária. Dados Epidemiológicos da Malária do Brasil, 1970 a 1989.
9. Reyes S, Osanai CH, Passos AD. Resistência in vivo do Plasmodium falciparum as 4-aminoquinoleinas e à associação sulfadoxina + pirimetamina II. Estudo de Manaus, Amazonas 1983-1984. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 38:37-44, 1986.
10. RieckmannKH, Campbell GH, Sax LJ, Mrema JE. Drug sensitivity of Plasmodium falciparum An in vitro micro technique. Lancet 1:22-23, 1978.
11. Rosário VE, Oliveira SG, Santos MAV, Bellesi N, Couto AA. Caracterização de 15 cepas de Plasmodium falciparum de 8 áreas distintas da região Amazônica brasileira. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 38:29-35, 1986.
12. Santos MAV, Couto AA, Oliveira SG, Rosário VE. Estudo in vitro dos níveis de resistência do Plasmodium falciparum a drogas, de 1983 a 1986. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 29:346-353, 1987.
13. Silva MS, Miléo MFC, Calvosa VSP. Avaliação epidemiológica da malária no Sul do Estado do Pará nos últimos cinco anos. Hiléia Médica 8:83-97, 1987.
14. Souza JM. A phase II clinical trial of mefloquina in brazilian male subjects. Bulletin of the World Health Organization 61:815-820, 1983.
15. Souza JM, Sheth UK, Oliveira RMG, Roulet H, Souza SD. An open randomized phase III clinical trial of mefloquine and quinineplus sulphadoxine + pyrimethamine in the treatment of symptomatic falciparum malaria in Brazil. Bulletin of the World Health Organization 63:603-609, 1985.
16. Target GAT. Chemotherapy and the immune response inparasitic infections. Parasito logy 90:661- 673, 1985.
17. Trager W, Jansen JB. Human malaria parasites in cultivationcontinuous. Science 193:674-675,1976.
18. Vasconcelos MA, Rosário VE. Testes de sensibilidade in vitro de amostras de Plasmodium falciparum da Bacia Amazônica (Brasil). Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 35:21-28, 1983.
¹⁹ World Health Organization. Instructions for the use of the microtest kit for the asses sment of the response of Plasmodium falciparum to chloroquine and mefloquine in vitro Unpubüshed WHO document MAP/82.1, 1982.

Endereço para correspondência:

Dr. Alvaro Couto.

Av. Almirante Barroso 492, Marco

66090-000 Belém, PA.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
16 Abr 2013
Data do Fascículo
Mar 1993

Histórico

Recebido
22 Nov 1992
Aceito
22 Nov 1992

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

[1] 1. Couto AA, Santos MM, Calvosa VS. Resistência in vitro do P. falciparum em cepas isoladas no Sul do Estado do Pará. In: Resumos do XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical p.270, 1989.

[2] 2. Di Santi SM, Boulos M, Vasconcelos MA, Oliveira SG, Couto AA, Rosário VE. Caracterização de cepas de Plasmodium falciparum do Estado de Rondônia, Brasil, utilizando microteste de sensibilidade aos antimaláricos, tipificação enzimática e anticorpos monoclonais. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 29:142- 147, 1987.

[3] 3. Di Santi SM, Camargo Neves VLF, Boulos M, Dutra AP, Ramos AMSV, Santos M, Barata LCB. Avaliação da resposta do Plasmodium falciparum à cloroquina, quinino e mefloquina (1). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 30:147- 152, 1988.

[4] 4. Kremsner PG, Zotter GM, Feldmeier H, Bienzle U, Jansen-Rosseck R, Graninger W, Rocha RM, Wemsdorfer WH. Differences in drug response of Plasmodiumfalciparum within an area of the Amazon region. T ransactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 83:158-161, 1989.

[5] 5. Kremsner PG, Zotter GM, Feldmeier H, Graninger W, Kollaritsch M, Wiedermann G, Rocha RM, Wernsdorfer WH. in vitro drug sensitivity of Plasmodium falciparum in Acre, Brazil. Bulletin of the World Health Organization 67:289-293, 1989.

[6] 6. Marques AC. Migration and dissemination of malaria in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81(supl II). 17-30, 1986.

[7] 7. Ministério da Saúde/SUC AM/Diretoria Regional do Pará. Operação Impacto Contra a Malária. Relatório Técnico, 1986.

[8] 8. Ministério da Saúde/SUCAM/DECEM/Divisão de Malária. Dados Epidemiológicos da Malária do Brasil, 1970 a 1989.

[9] 9. Reyes S, Osanai CH, Passos AD. Resistência in vivo do Plasmodium falciparum as 4-aminoquinoleinas e à associação sulfadoxina + pirimetamina II. Estudo de Manaus, Amazonas 1983-1984. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 38:37-44, 1986.

[10] 10. RieckmannKH, Campbell GH, Sax LJ, Mrema JE. Drug sensitivity of Plasmodium falciparum An in vitro micro technique. Lancet 1:22-23, 1978.

[11] 11. Rosário VE, Oliveira SG, Santos MAV, Bellesi N, Couto AA. Caracterização de 15 cepas de Plasmodium falciparum de 8 áreas distintas da região Amazônica brasileira. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 38:29-35, 1986.

[12] 12. Santos MAV, Couto AA, Oliveira SG, Rosário VE. Estudo in vitro dos níveis de resistência do Plasmodium falciparum a drogas, de 1983 a 1986. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 29:346-353, 1987.

[13] 13. Silva MS, Miléo MFC, Calvosa VSP. Avaliação epidemiológica da malária no Sul do Estado do Pará nos últimos cinco anos. Hiléia Médica 8:83-97, 1987.

[14] 14. Souza JM. A phase II clinical trial of mefloquina in brazilian male subjects. Bulletin of the World Health Organization 61:815-820, 1983.

[15] 15. Souza JM, Sheth UK, Oliveira RMG, Roulet H, Souza SD. An open randomized phase III clinical trial of mefloquine and quinineplus sulphadoxine + pyrimethamine in the treatment of symptomatic falciparum malaria in Brazil. Bulletin of the World Health Organization 63:603-609, 1985.

[16] 16. Target GAT. Chemotherapy and the immune response inparasitic infections. Parasito logy 90:661- 673, 1985.

[17] 17. Trager W, Jansen JB. Human malaria parasites in cultivationcontinuous. Science 193:674-675,1976.

[18] 18. Vasconcelos MA, Rosário VE. Testes de sensibilidade in vitro de amostras de Plasmodium falciparum da Bacia Amazônica (Brasil). Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 35:21-28, 1983.

[19] ¹⁹ World Health Organization. Instructions for the use of the microtest kit for the asses sment of the response of Plasmodium falciparum to chloroquine and mefloquine in vitro Unpubüshed WHO document MAP/82.1, 1982.