O benzonidazol é recomendado no Brasil para o tratamento da infecção pelo Trypanosoma cruzi na fase aguda e na fase crônica precoce da doença de Chagas. Observações de outros autores mostraram uma elevação na incidência de neoplasias em pacientes imunossuprimidos, com reativação da doença de Chagas, submetidos a tratamento com o benzonidazol. No presente estudo foi investigado em camundongos cronicamente infectados, tratados com drogas imunossupressoras e com benzonidazol se há uma potencialização de desenvolvimento de linfomas por esta combinação. Para isso foram usados 142 camundongos suiços crônicamente infectados pela cepa 21SF do T.cruzi e 72 camundongos suiços normais. Tanto os camundongos infectados como os normais foram divididos em grupos experimentais submetidos respectivamente a diferentes esquemas de tratamento: com benzonidazol apenas; com drogas imunossupressoras (azatioprina, betametasona e ciclosporina); com drogas imunossupressoras mais benzonidazol; e controles não tratados. no grupo infectado e tratado com benzonidazol, um camundongo desenvolveu um linfoma não-Hodgkin. Este achado foi interpretado como um tumor espontâneo do camundongo. O estudo de camundongos crônicamente infectados e tratados com uma combinação de drogas imunossupressoras e benzonidazol demonstrou ausência de linfomas ou de outras neoplasias. Estes achados reforçam a indicação do tratamento com benzonidazol como droga de escolha em pacientes imunossuprimidos que desenvolvem reativação da doença de Chagas.
Trypanosoma cruzi; Infecção experimental; Quimioterapia; Benzonidazol; Drogas imunossupressoras; Linfoma não Hodgkin