No trabalho são estudados 40 casos de raiva humana identificados no Hospital Carlos Chagas da UFMG, Minas Gerais, Brasil, durante o período compreendido entre 1963 e 1976. Do ponto de vista epidemiológico, concluiu-se que a magnitude do problema gerado pela raiva nos países em desenvolvimento permanece ainda desconhecida. Neste particular, merecem realce o inadequado conhecimento das medidas preventivas recomendadas e a influência de fatores dependentes da educação sanitária e das estruturas sócio-econômica e cultural das comunidades. Descreveu-se sumariamente o quadro clínico clássico da encefalomielite rábica, ressaltando-se suas peculiaridades psicopatológicas. Salientou-se que, em alguns casos, a sintomatologia mental pode predominar desde o início da doença, acarretando dificuldades ao diagnóstico. Segundo os Autores, a raiva humana deve ser diferenciada de diversas síndromes psicopatológicas, bem como de encefalomielites devidas a outras infecções do sistema nervoso central. Finalmente, questiona-se, baseado na casuística apresentada, se o conceito fatalístico da raiva humana não estará contribuindo de algum modo para retardar um melhor conhecimento da história natural da doença.