RESUMO
Introdução: A Teoria de Securitização afirma que a securitização ocorre quando agentes transformam temas da agenda política em ameaças existenciais por meio de seus discursos, levando os Estados a adotar medidas para enfrentá-las. O artigo analisa os desafios da aplicação empírica da teoria de securitização da Escola de Copenhague em estudos de Relações Internacionais.
Materiais e métodos: Realizamos uma revisão sistemática de artigos publicados em periódicos indexados na base Scopus com fator de impacto no primeiro quartil. Inicialmente, foram selecionados 260 artigos que mencionavam o termo “securitization/securitisation” em títulos, resumos ou palavras-chave. Após a exclusão dos que não apresentavam aplicação empírica da teoria da securitização, restaram 184 artigos. Análise de conteúdo foi aplicada à estrutura lógica dos argumentos desses artigos, classificando como cada um utilizou o conceito de securitização com base nas etapas do processo (não politizado, politizado, securitizado, agente securitizador) e suas variáveis.
Resultados: Dos 184 artigos, 110 se propuseram a aplicar efetivamente a teoria de securitização e apenas 11 estudos realmente aplicaram a teoria de forma adequada, comprovando a securitização. Esses 11 artigos demonstraram a securitização dos temas seguindo as etapas estabelecidas pela estrutura teórica original.
Discussão: A dificuldade em aplicar empiricamente a teoria da securitização se deve a dois fatores principais: os pesquisadores e a própria teoria. Muitos artigos enfrentaram problemas metodológicos e falta de rigor ao operacionalizar os elementos teóricos para confirmar a securitização de um tema, refletindo uma limitação dos pesquisadores. Já a teoria, por sua vez, exige um alto nível de comprovação empírica, o que dificulta sua aplicação. Isso aponta para a necessidade de revisar a teoria e considerar a incorporação de modelos que facilitem o desenvolvimento de estudos empíricos sobre securitização.
Palavras-chave teoria de securitização; Escola de Copenhague; análise de conteúdo; revisão sistemática da literatura; aplicação empírica