RESUMO
Introdução:
Este artigo trata do financiamento de campanhas no Brasil. Embora não faltem evidências de que as arrecadações de campanha estão associadas ao sucesso eleitoral, pouco se sabe sobre o quanto a intenção de voto pode afetar o montante arrecadado pelos candidatos. Nosso objetivo é investigar este fenômeno.
Materiais e Métodos:
A análise empírica foi realizada com dados de prestações de contas eleitorais dos 134 candidatos ao Senado Federal em 2014 e com resultados de pesquisas de intenção de voto do instituto IBOPE. Utilizamos como ferramentas de análise estatísticas descritivas e regressão linear múltipla.
Resultados:
Os resultados atestam o impacto positivo das intenções de voto aferidas nas sondagens pré-eleitorais e do apoio do governador sobre as arrecadações totais. Já ser mandatário e candidato à reeleição (incumbency) foi um fator ineficaz para a explicação de quase todas as receitas.
Discussão:
Em virtude da associação encontrada entre intenção de voto e financiamento eleitoral, alertamos para a necessidade de considerar a existência de endogenia na relação entre dinheiro e voto nas disputas majoritárias, visto que as variáveis são mutuamente afetadas. Além disso, sugerimos que a relação entre viabilidade do candidato e financiamento eleitoral reafirma a ideia de que os doadores agem de maneira estratégica ao definir quais candidatos devem apoiar. Nesse sentido, doadores optam por candidaturas viáveis que contam com apoios políticos relevantes e oferecem, assim, menos riscos de derrota.
Palavras-chave:
financiamento de campanhas; expectativa de vitória; pesquisas eleitorais; Senado; eleições de 2014