Nos primeiros anos da ditadura militar, instaurada no Brasil em 1964 por meio de um golpe de Estado, diversas instituições desarticuladas pela repressão iniciaram um processo de resistência e oposição ao governo militar. A resistência cultural foi uma das formas consagradas de oposição exercida por intelectuais, artistas, professores, produtores culturais, entre outros, e que consistiu num fenômeno político e cultural sem precedentes na história do Brasil. Político, porque auxiliou no processo de reorganização dos partidos de esquerda e na revisão dos postulados ideológicos do seu partido proeminente, o Partido Comunista Brasileiro. Cultural, porque essa reorganização deu-se, muitas vezes, no âmbito das produções culturais, no qual a esquerdas constituíram um espaço de contestação e engajamento através das artes e das atividades intelectuais. Nesse processo é que a Revista Civilização Brasileira representou um espaço importante para a construção dessa resistência cultural de esquerda contra a ditadura militar, entre os anos de 1965 e 1968. A revista impôs-se com legitimidade política, ao mesmo tempo em que participou ativamente na formação de um mercado de bens culturais sustentado pela chamada "hegemonia cultural de esquerda".
imprensa comunista; intelectuais de esquerda; resistência cultural; ditadura militar