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‘Mãos amigas’: comunidades intencionais e desenvolvimento de capital social. Dados de Portugal

RESUMO

Introdução:

Partindo de uma concepção de capital social baseada nas teorias de Pierre Bourdieu e Nan Lin, analisamos a capacidade de duas comunidades intencionais (ICs) portuguesas para fomentar o desenvolvimento de capital social. Procuramos avaliar o potencial desmercantilizador destas organizações sociais alternativas e o seu papel na mitigação de desigualdade social.

Materiais e métodos:

Os dados foram recolhidos através de observação-participante e entrevistas semiestruturadas. Incluímos também versões ligeiramente modificadas de mecanismos de mapeamento e medição de capital social através da identificação de contatos com cargos/ocupações reputadas (Position-Generator) e acesso a recursos relevantes (Resource-Generator).

Resultados:

Redes sociais podem promover a acumulação de benefícios econômicos e capital humano, além de apoiar a construção de identidade social e fornecer suporte emocional. Contudo, há distinções significativas entre os dois casos quanto à capacidade de reduzir a dependência do mercado e ao valor das distintas formas de capital social mobilizado. Em um caso, economias comunitárias baseadas em atividades coletivas lucrativas se mostram eficientes em atender necessidades básicas por meio do trabalho comunitário. No outro, apesar das economias comunitárias apoiadas em empreendimentos individuais diminuírem os custos pessoais de atender necessidades básicas, isso leva a uma maior dependência de trabalhos temporários externos. Neste contexto, o capital social individual, como os relacionamentos dentro da comunidade, é crucial para benefícios econômicos, como empregabilidade aquisição de novas competências.

Discussão:

A estrutura interna das comunidades intencionais influencia diretamente o desenvolvimento de capital social e a redução da dependência do mercado, sendo fundamental para a promoção de igualdade e inclusão. Apesar de oferecerem benefícios emocionais, podem existir barreiras à entrada para indivíduos menos abastados. Pesquisas longitudinais são necessárias para avaliar se a diversidade inicial dessas comunidades leva à igualdade social e quais fatores contribuem para isso.

Palavras-chave
comunidades intencionais; desenvolvimento comunitário; capital social; benefícios socioeconômicos; Portugal

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