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Davi Rumel

Departamento de Epidemiologia-FSP/USP

Ecologia, epidemologia e sociedade, por Oswaldo Paulo Forattini. São Paulo, Ed. USP/Ed.Artes Médicas, 1992. 529 p.

A Ecologia estuda todos os fatores que interagem com um organismo vivo em determinado ambiente, natural ou criado pelo próprio homem, sob a ótica de sua preservação. A Epidemiologia estuda todos os fatores que interagem com o homem em determinado ambiente, natural ou criado pelo próprio homem, sob a ótica da preservação de sua saúde e qualidade de vida.

As definições acima enunciadas, nos sugerem que Ecologia e Epidemiologia são irmãs no processo de conhecer a natureza de forma holística.

A observação da interação entre as espécies e destas com seus respectivos ambientes naturais permitiu um acúmulo de conhecimentos que é útil à Epidemiologia tanto no sentido de conhecer a dinâmica de vida e reprodução de espécies que ameaçam a saúde do homem, quanto no sentido de conhecer o impacto no comportamento ou sobrevivência de espécies às alterações ambientais.

De posse deste conhecimento propiciado pela Ecologia, modelos causais "ecológicos"podem ser criados e testados pelo epidemologista permitindo a prevenção e controle de algumas doenças. O estudo da epidemologia de doenças determinadas predominantemente pela exposição a fatores ambientais que afetam a população como um todo, como as doenças transmitidas por artrópodes ou agravadas pela poluição atmosférica, encontram um poder de explicação de sua variabilidade no tempo e espaço muito abrangentes com esses modelos.

O contraponto ao modelo ecológico é o modelo social. A Sociologia estuda a interação de um grupo humano com outro grupo humano em determinado ambiemte cultural ou formação socioeconômica para identificar estruturas de poder e desigualdade sociais. A epidemiologia de doenças determinadas predominatemente por fatores comportamentais ou sociais que afetam a subgrupos da população, como as doenças degenerativas, encontram nesses modelos maior poder de explicação de sua variabilidade no tempo e espaço que o modelo ecológico.

Por fim temos o modelo genético que tem aplicações mais específicas que as anteriores.

O livro do Professor Dr. Oswaldo Paulo Forattini é um raro livro de epidemiologia que explicita o modelo ecológico, o quanto este modelo ajuda a indentificar a história natural das doenças transmissíveis, sendo o único compêndio de Epidemiologia a abordar modelos matemáticos determinísticos, quando os demais compêndios abordam os modelos probabilísticos.

Os capítulos sobre determinantes sociais das doenças, qualidades de vida e uma rápida apresentação da epdemiologia analítica, aproximam-se do modelo social, mas estes textos não chegam a mudar a "personalidade" do livro.

Quando estava no terceiro ano de Medicina, meu professor de Epidemiologia indicou o livro "Epidemilogia Geral" do Prof. Forattini, salientando que a primeira parte do livro sobre Ecologia não era para ser estudada. Naquela época o patrulhamento ideológico era tal que tudo que não fosse relacionado ao modelo social não tinha valor.

Hoje, o Prof. Forattini volta com um livro ainda mais abrangente que o "Epidemiologia Geral" e com uma explicitação do modelo ecológico ainda mais aprofundado. Espero que todos façamos proveito deste compêndio que inter-relaciona Epidemiologia e Ecologia de forma única entre os demais livros textos de Epidemiologia.

Davi Rumel

Departamento de Epidemiologia-FSP/USP

O fim da história e o último homem, por F. Fukuyama. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1992, 489 p.

O primeiro homem de Hobbes partilha com os animais certos desejos básicos, mas, difere pela capacidade de racionalizar suas paixões, e seu comportamento. Esta racionalidade serve para o fim de autopreservação.

O primeiro homem de Hegel partilha com os animais certos desejos básicos, mas, difere pelo desejo de ser querido ou reconhecido pelos outros homens como homem. A característica fundamental e única do homem é a capacidade de arriscar sua própria vida na luta pelo prestígio. Arriscando a vida o homem prova que é capaz de agir contrariando seu instinto mais forte e mais básico, o instinto de autopreservação.

Locke tem a mesma concepção de primeiro homem de Hobbes, mas acrescenta que o fim do homem não é somente a autopreservação, mas também a uma existência confortável e pontencialmente rica.

A concepção de primeiro homem de Hobbes-Locke, pais do liberalismo, criou o homem típico dessa sociedade: o burguês. O burguês é o ser humano estreitamente consumido em sua autopreservação imediata e em seu bem-estar material, interessado na comunidade que o cerca apenas na medida em que ela o favorece ou é um meio de realizar suas pretenções pessoais.

A concepção do primeiro homem de Hegel é o homem "thymótico". Thymos é palavra grega que Platão usou em seu livro "República" para definir o espírito de coragem e fúria dos guardiães das cidades. Mais além no tempo, Sócrates divide a alma em razão, desejo e thymos. Thymos está relacionado ao valor que a pessoa dá a si mesma, o que poderia ser denominado de auto-estima. Está relacionado com sentimentos como orgulho, raiva, vergonha, indiginação. As pessoas acreditam que têm um certo valor e quando os outros agem como se elas valessem menos, então ficam zangadas. Quando avaliados com justiça sentem orgulho. A ordem política que pode satisfazer os desejos do homem de ser reconhecido em sua dignidade e valor é a ordem democrática.

Para Hegel a luta pelo reconhecimento é o começo da História. Esta luta leva ao aparecimento do senhor e do escravo: aquele que arriscou a vida e recebeu o reconhecimento de outro ser humano por ter feito isso e aquele que preferiu a escravidão que o risco de morte violenta. O fim da história é a vitória de uma ordem social que permita o reconhecimento tanto de senhores quanto de escravos em uma base mútua e igual.

Marx, aluno de Hegel, elaborou a idéia de que este fim da história só seria possível no comunismo, após a extinção das classes pela ditadura do proletariado. Após a falência do socialismo real, principalmente porque não havia espaço para o "thymos" do conjunto dos cidadãos após suas necessidades de autopreservação terem sido atendidas, a Democracia Liberal passou a ser aclamada como desejo de ordem política por boa parte das elites culturais de países que ainda não a atingiram, e não é contestada pela imensa maioria das populações dos países que já a atingiram. Será a Democracia Liberal a ordem política que Hegel previu como fim da história?

Na opinião do hegeliano Fukuyama, é. Este é o tema central do livro. Porém, há ainda muita história a rolar e muitos embates ideológicos a travar. O mundo contemporâneo, primeiro e terceiro mundos, que Fukuyama passa a denominar de pós-histórico e histórico, é o cenário desses embates que o autor explora nas demais páginas do livro.

A questão das desigualdades, eixo central da concepção marxista da história, é tratada como uma questão de ajuste entre liberdade e igualdade nas "sociedades de classe média" emergente da Democracia Liberal. O desejo de um maior grau de democracia social não precisa surgir às expensas da democracia formal e de um sistema econômico liberal, e portanto por si mesmo não afeta a possibilidade deste ser o fim da história. A fonte da desigualdade cada vez mais será atribuída à desigualdade natural de talentos, à divisão economicamente necessária do trabalho e à cultura.

Acredito que não seja possível ser um bom sanitarista sem um entendimento do mundo contemporâneo. Este livro é um marco na interpretação dos fenômenos históricos recentes e na sinalização da história futura.

ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Inventário de recursos de investigación en SIDA 1983-1991: América Latina y el Caribe. Washington. D.C., 1992. 478 p.* * Elaborado pela Organização Paranamericana de Saúde. Programa de Análise da Situação de Saúde e suas Tendências.

Como parte del esfuerzo en la lucha contra el SIDA del Programa Mundial de SIDA de la Organización Mundial de la Salud, la Organización Panamericana de la Salud ha desarrollado un innovador catálogo titulado "Inventário de Recursos de Investigación en SIDA en América Latina y el Caribe, 1983-91". Esta publicación de 478 páginas contiene información sobre el estado de la investigación y sobre cómo y dónde se realizan los proyectos científicos sobre el SIDA y la infección por el virus de la inmunodeficiencia humana (HIV) en los diferentes países de la Región.

"Las difíciles condiciones en las que se desarrolla la investigación en muchos de nuestros países exigen la utilización racional de los recursos y la aplicación de iniciativas que eviten la duplicación de esfuerzos" dice en su prólogo el Dr. Zacarías, Asesor Regional Principal en SIDA/ETS de la OPS. "Por consiguiente, es necesario desarrollar mecanismos que faciliten la coordinación entre diversos grupos de investigación para fortalecer su trabajo, enriquecer los hallazgos de sus proyectos e incentivar el acceso a los avances de la investigación".

El inventário ofrece este mecanismo facilitador mediante la recopilación de proyectos de investigación sobre SIDA, en proceso de ejecución o ya finalizados, en los países de América Latina y el Caribe entre 1983 y 1991. La infomación sobre los proyectos de investigación se recogió mediante un cuestionario estandarizado, recolectándose información sobre su objetivo, metología, resultados y publicaciones. También se recopilan datos sobre los investigadores, las instituciones y la financiación del proyecto. El cuestionario se aplicó en todas las instituiciones que desarrollaron o están desarrollando proyectos de investigación en SIDA.

En este libro la información se presenta por países, y dentro de cada país, dividida en cuatro áreas de investigación: biomédica, epidemológica, operacional, y social y de comportamiento. Se incluyen un total de 561 proyectos de investigación que cumplieron los criterios de inclusión especificados en el inventário. En el último capítulo se describe la capacidad de diagnóstico de la infección por el HIV de los laboratorios que participaron en los distintos proyectos de investigación. Los datos obtenidos aparecen en uno de cuatro idiomas, español, portugués, francés e inglés, al haberse respetando el idioma original en el que fueron redactados.

Esta publicación está dirigida a investigadores, instituciones académicas y científicas, programas nacionales de salud, agencias que coordinan y promueven proyectos y políticas de investigación, y a todas las personas interesadas en la prevención del SIDA en las Américas.

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    Elaborado pela Organização Paranamericana de Saúde. Programa de Análise da Situação de Saúde e suas Tendências.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Out 2003
    • Data do Fascículo
      Out 1992
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