Análise da tendência dos indicadores da hanseníase em estado brasileiro hiperendêmico, 2001–2015

Anchieta, Jefferson de Jesus Silva; Costa, Léa Márcia Melo da; Campos, Leonardo Costa; Vieira, Maurício dos Remédios; Mota, Osvaldina Silva; Morais Neto, Otaliba Libânio; Souza, Marta Rovery de; Guimarães, Rafael Alves

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Sumário

Artigo Original • Rev. Saúde Pública 53 • 2019 • https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000752 copiar

Análise da tendência dos indicadores da hanseníase em estado brasileiro hiperendêmico, 2001–2015

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

OBJETIVO

Analisar a tendência temporal dos indicadores da hanseníase em estado brasileiro hiperendêmico, no período de 2011 a 2015.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de série temporal dos indicadores de hanseníase no estado do Maranhão, região Nordeste, que utilizou dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação, no período de 2001 a 2015. Foram avaliados os seguintes indicadores: (i) coeficiente de detecção na população em geral; (ii) coeficiente de detecção em menores de 15 anos; (iii) proporção de casos com grau 2 de incapacidade física no diagnóstico; (iv) proporção de contatos examinados e (v) proporção de cura. Para análise da tendência foi utilizado o modelo de regressão de Prais Winsten . As análises foram realizadas para o Estado e por região de saúde.

RESULTADOS

Foram analisados 77.697 casos de hanseníase na população geral e 7.599 em menores de 15 anos. O coeficiente de detecção na população geral variou de 80,7/100 mil habitantes em 2001 para 51,2/100 mil habitantes em 2015. Verificou-se tendência decrescente do coeficiente na população geral (variação percentual anual [VPA] = -2,98; IC95% -4,15– -1,79). Na população menor de 15 anos, o coeficiente foi de 24,9/100 mil habitantes em 2001 para 19,9/100 mil habitantes em 2015, com tendência decrescente (VPA = -3,07; IC95% -4,95– -1,15). Observou-se tendência crescente na proporção de contatos examinados (VPA = 2,35; IC95%: 0,58–4,15) e na proporção de casos com grau 2 de incapacidade (VPA = 2,19; IC95% 0,23–4,19). Verificou-se tendência estacionária na proporção de cura de hanseníase (VPA = -0,10; IC95% -0,50–0,30). Observaram-se diferenças regionais no desempenho dos indicadores.

CONCLUSÕES

A tendência dos coeficientes de detecção na população geral e em menores de 15 anos mostrou-se decrescente no Maranhão. Apesar disso, as taxas ainda são muito elevadas, o que exige esforços de todas as esferas de gestão e profissionais da saúde para redução da carga da doença no estado.

Hanseníase; Epidemiologia; Controle de Doenças Transmissíveis, tendências; Doenças Negligenciadas, prevenção & controle; Estudos de Séries Temporais

Região	Taxa de detecção geral

	β (IC95%)	R²	p	Variação média anual (IC95%)	Tendência
Açailândia	-0,036 (-0,042– -0,030)	0,964	< 0,001	-9,46 (-10,85– -8,05)	↓
Bacabal	-0,023 (-0,031– -0,014)	0,847	< 0,001	-6,12 (-8,24– -3,96)	↓
Balsas	0,003 (-0,002–0,008)	0,214	0,234	0,89 (-0,63–2,44)	−
Barra do Corda	-0,019 (-0,032– -0,007)	0,519	0,005	-5,18 (-8,35– -1,89)	↓
Caxias	0,0005 (-0,005–0,006)	0,851	0,831	0,14 (-1,20–1,50)	−
Chapadinha	-0,011 (-0,016– -0,008)	0,822	< 0,001	-3,16 (-4,23– -2,08)	↓
Codó	0,008 (-0,003–0,0205)	-	0,126	2,42 (-0,73–5,67)	−
Imperatriz	-0,030 (-0,037– -0,023)	0,936	< 0,001	-7,92 (-9,54– -6,27)	↓
Itapecuru Mirim	-0,024 (-0,037– -0,011)	0,777	0,001	-6,33 (-9,64– -3,13)	↓
Pedreiras	-0,011 (-0,016– -0,006)	0,742	< 0,001	-3,15 (-4,48– -1,81)	↓
Pinheiros	-0,002 (-0,015–0,014)	0,269	0,681	-0,68 (-4,08–2,83)	−
Presidente Dutra	-0,007 (-0,013– -0,0004)	0,535	0,039	-1,90 (-3,62– -0,14)	↓
Rosário	0,007 (-0,004–0,018)	0,233	0,185	1,95 (-1,00–4,99)	−
Santa Inês	-0,013 (-0,025– -0,0009)	0,769	0,037	-3,51 (-6,31– -0,64)	↓
São João dos Patos	-0,002 (-0,013–0,008)	0,070	0,580	-0,78 (-3,66–2,19)	−
São Luís	-0,002 (-0,007–0,007)	0,953	0,953	-0,06 (-2,02–1,95)	−
Timon	-0,022 (-0,032– -0,011)	0,508	0,001	-5,80 (-8,38– -3,15)	↓
Viana	-0,008 (-0,023–0,006)	0,664	0,247	-2,27 (-6,13–1,75)	−
Zé Doca	-0,020 (-0,026– -0,014)	0,964	< 0,001	-5,41 (-6,95– -3,84)	↓
Maranhão	-0,013 (-0,018– -0,007)	0,977	< 0,001	-3,49 (-4,82– -2,15)	↓

Região	Taxa de detecção em < 15 anos

	β (IC95%)	R²	p	Variação média anual (IC95%)	Tendência
Açailândia	-0,026 (-0,050– -0,002)	0,607	0,036	-6,85 (-12,70– -0,62)	↓
Bacabal	-0,028 (-0,036– -0,020)	0,843	< 0,001	-7,46 (-9,50– -5,37)	↓
Balsas	-0,007 (-0,015–0,001)	0,827	0,088	-1,94 (-4,14–0,30)	−
Barra do Corda	-0,029 (-0,056– -0,004)	0,266	0,029	-7,79 (-14,04– -1,08)	↓
Caxias	-0,002 (-0,014–0,009)	0,775	0,683	-0,62 (-3,71–2,57)	−
Chapadinha	-0,030 (-0,052– -0,009)	0,408	0,010	-7,92 (-13,12– -2,40)	↓
Codó	0,012 (-0,006–0,030)	0,250	0,180	3,34 (-1,64–8,58)	−
Imperatriz	-0,040 (-0,055– -0,026)	0,796	< 0,001	-10,49 (-13,88– -6,97)	↓
Itapecuru Mirim	-0,031 (-0,047– -0,015)	0,526	0,001	-8,25 (-12,14– -4,19)	↓
Pedreiras	-0,021 (-0,035– -0,007)	0,588	0,006	-5,67 (-9,18– -2,03)	↓
Pinheiros	-0,010 (-0,025–0,004)	0,140	0,158	-2,75 (-6,53–1,19)	−
Presidente Dutra	-0,013 (-0,031–0,004)	0,134	0,124	-3,66 (-8,21–1,12)	−
Rosário	0,013 (-0,013–0,040)	-	0,305	3,70 (-3,56–11,50)	−
Santa Inês	-0,013 (-0,029–0,002)	0,375	0,086	-3,65 (-7,68–0,54)	−
São João dos Patos	-0,014 (-0,029– -0,0009)	0,215	0,038	-3,98 (-7,51– -0,31)	↓
São Luís	0,002 (-0,011–0,015)	0,689	0,746	0,55 (-2,92–4,14)	−
Timon	-0,032 (-0,58– -0,007)	0,527	0,016	-8,44 (-14,47– -1,98)	↓
Viana	-0,003 (-0,019–0,012)	0,084	0,638	-0,97 (-5,15–3,39)	−
Zé Doca	-0,014 (-0,035–0,007)	0,504	0,166	-3,78 (-9,01–1,76)	−
Maranhão	-0,013 (-0,021– -0,005)	0,894	0,004	-3,60 (-5,72– -1,43)	↓

Região	Proporção de casos com grau 2 de incapacidade

	β (IC95%)	R²	p	Variação média anual (IC95%)	Tendência
Açailândia	0,018 (-0,007–0,437)	0,174	0,139	5,12 (-1,75–12,47)	−
Bacabal	0,027 (0,012–0,041)	0,424	0,001	7,59 (3,54–11,80)	↑
Balsas	0,018 (-0,039–0,076)	0,235	0,506	5,08 (-9,95–22,61)	−
Barra do Corda	0,004 (-0,025–0,335)	0,077	0,774	1,09 (-6,59–9,41)	−
Caxias	-0,004 (-0,018–0,011)	0,143	0,597	-1,00 (-4,86–3,01)	−
Chapadinha	0,009 (-0,009–0,027)	0,251	0,290	2,55 (-2,32–7,67)	−
Codó	-0,014 (-0,036–0,007)	0,262	0,171	-3,87 (-9,30–1,88)	−
Imperatriz	0,008 (-0,002–0,018)	0,284	0,097	2,23 (-0,42–4,95)	−
Itapecuru Mirim	0,012 (-0,003–0,027)	0,372	0,108	3,39 (-0,78–7,74)	−
Pedreiras	-0,003 (-0,028–0,022)	0,328	0,814	-0,77 (-7,35–6,27)	−
Pinheiros	-0,019 (-0,042–0,002)	0,200	0,073	-5,26 (-10,69–0,50)	−
Presidente Dutra	-0,0002 (-0,013–0,012)	0,375	0,963	-0,08 (-3,46–3,43)	−
Rosário	-0,016 (-0,045–0,014)	0,074	0,282	-4,17 (-11,61–3,90)	−
Santa Inês	0,026 (0,005–0,047)	0,456	0,016	7,43 (1,65–13,53)	↑
São João dos Patos	-0,008 (-0,048–0,031)	0,269	0,654	-2,26 (-12,11–8,70)	−
São Luís	0,012 (0,005–0,018)	0,593	0,002	3,31 (1,52–5,13)	↑
Timon	0,002 (-0,063–0,066)	-	0,957	0,45 (-15,54–19,47)	−
Viana	0,008 (-0,024–0,403)	0,103	0,597	2,22 (-6,22–11,41)	−
Zé Doca	-0,010 (-0,028–0,007)	0,075	0,211	-2,84 (-7,27–1,80)	−
Maranhão	0,008 (0,0007–0,015)	0,721	0,033	2,19 (0,23–4,19)	↑

Região	Proporção de contatos examinados

	β (IC95%)	R²	p	Variação média anual (IC95%)	Tendência
Açailândia	0,028 (0,013–0,042)	0,768	0,001	7,89 (3,73–12,22)	↑
Bacabal	0,016 (-0,035–0,068)	0,652	0,511	4,51 (-9,05–20,10)	−
Balsas	-0,012 (-0,023– -0,002)	0,916	0,026	-3,44 (-6,22– -0,57)	↓
Barra do Corda	-0,0034 (-0,016–0,009)	0,900	0,545	-0,94 (-4,10–2,32)	−
Caxias	-0,001 (-0,016–0,012)	0,936	0,780	-0,50 (-4,14–3,27)	−
Chapadinha	0,003 (-0,024–0,029)	0,789	0,882	0,77 (-6,14–8,18)	−
Codó	0,019 (0,095–0,021)	0,937	0,008	5,32 (1,68–9,08)	↑
Imperatriz	0,010 (0,0009–0,019)	0,901	0,034	2,82 (0,29–5,42)	↑
Itapecuru Mirim	0,014 (-0,007–0,037)	0,395	0,170	4,12 (-1,87–10,49)	−
Pedreiras	0,017 (0,002–0,032)	0,543	0,029	4,79 (0,64–9,11)	↑
Pinheiros	0,0009 (-0,029–0,031)	0,491	0,947	0,26 (-7,63–8,83)	−
Presidente Dutra	0,003 (-0,015–0,020)	0,923	0,739	0,77 (-3,96–5,73)	−
Rosário	-0,002 (-0,023–0,019)	0,665	0,837	-0,57 (-6,18–5,38)	−
Santa Inês	0,029 (-0,006–0,065)	-	0,101	8,24 (-1,63–19,11)	−
São João dos Patos	0,003 (-0,020–0,279)	0,438	0,748	1,00 (-5,33–7,76)	−
São Luís	0,002 (-0,012–0,017)	-	0,710	0,72 (-3,25–4,86)	−
Timon	0,020 (-0,019–0,060)	0,718	0,289	5,66 (-4,94–17,43)	−
Viana	0,010 (-0,005–0,026)	0,879	0,178	2,87 (-1,38–7,31)	−
Zé Doca	-0,002 (-0,027–0,023)	0,871	0,847	-0,63 (-7,19–6,40)	−
Maranhão	0,010 (0,002–0,017)	0,969	0,012	2,77 (0,75–4,83)	↑

Região	Proporção de cura

	β (IC95%)	R²	p	Variação média anual (IC95%)	Tendência
Açailândia	-0,0003 (-0,004–0,005)	0,996	0,894	0,63 (0,31–0,94)	−
Bacabal	0,001 (-0,004–0,006)	0,988	0,641	0,33 (-1,15–1,83)	−
Balsas	0,002 (0,001–0,003)	0,974	0,001	0,63 (0,31–0,94)	↑
Barra do Corda	0,002 (-0,002–0,006)	0,982	0,335	0,48 (-0,40–1,36)	−
Caxias	-0,0004 (-0,002–0,001)	0,979	0,548	-0,12 (-0,54–0,31)	−
Chapadinha	0,002 (-0,0009–0,005)	-	0,157	0,59 (-0,35–1,54)	−
Codó	-0,0007 (-0,004–0,002)	0,994	0,605	-0,19 (-0,77–0,39)	−
Imperatriz	0,001 (0,0002–0,003)	0,989	0,024	0,38 (0,10–0,66)	↑
Itapecuru Mirim	-0,002 (-0,003– -0,001)	0,984	< 0,001	-0,52 (-0,75– -0,29)	↓
Pedreiras	0,004 (0,002–0,006)	0,992	0,001	1,10 (0,41–1,80)	↑
Pinheiros	-0,006 (-0,008– -0,004)	0,998	< 0,001	-1,68 (-2,22– -1,14)	↓
Presidente Dutra	-0,0006 (-0,003–0,002)	0,906	0,682	-0,15 (-0,88–0,47)	−
Rosário	0,0006 (-0,005–0,006)	-	0,813	0,18 (-1,24–1,61)	−
Santa Inês	0,0001 (-0,003–0,003)	0,996	0,893	0,05 (-0,40–0,50)	−
São João dos Patos	-0,0009 (-0,005–0,003)	0,956	0,664	-0,26 (-1,38–0,87)	−
São Luís	-0,003 (-0,005– -0,0006)	0,987	0,018	-0,88 (-1,76–0,00)	−
Timon	0,001 (-0,0003–0,003)	0,996	0,111	0,35 (-0,03–0,73)	−
Viana	-0,002 (-0,007–0,002)	0,734	0,236	-0,68 (-1,84–0,49)	−
Zé Doca	-0,006 (-0,003–0,019)	0,997	0,621	-0,16 (-0,82–0,51)	−
Maranhão	-0,0004 (-0,002–0,001)	0,999	0,580	-0,12 (-0,58–0,34)	−

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