Relatam-se os resultados de coletas regulares de adultos de culicídeos Aedes, levadas a efeito em ambiente antrópico do Vale do Ribeira, SP, Brasil, ao longo do período de agosto de 1992 a dezembro de 1993. As coletas foram realizadas em várias áreas correspondentes a matas residuais, a ambiente aberto cultivado e a meio domiciliar. A dominância dividiu-se entre Ae. scapularis e Ae. serratus, porém não de maneira equivalente para as diversas áreas pesquisadas. O primeiro revelou nítida tendência ao predomínio no ambiente artificial representado pela área aberta cultivada e pelo domicílio humano. Quanto ao segundo, evidenciou-se nítida preferência pelo meio das matas residuais. Considerando este como remanescente da primitiva cobertura florestal da área, os outros foram tidos como fase posteriormente desenvolvida em virtude da atividade humana. Assim procedendo, compararam-se as duas fases em relação as duas espécies. Como resultado do cálculo dos índices de mudança, pode-se estimar que a população de Ae. scapularis cresceu mais de 16 vezes com a transformação do ambiente natural enquanto que a de Ae. serratus, nas mesmas cirunstâncias, sofreu decréscimo de 284 vezes. Tais dados, aliados ao predomínio de Ae. scapularis na isca humana do ambiente domiciliar, tornam lícita a conclusão deste culicídeo ser encarado como vetor biológico epidemiologicamente importante de doenças ao homem e animais. Assim sendo, é de se admitir ter desempenhado esse papel transmissor quando da epidemia de encefalite por virus Rocio, além de outras arboviroses, que ocorreu na região do Vale do Ribeira.
Aedes; Ecologia de vetores; Infecções por arbovírus