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Mortalidade infantil e nível socioeconômico em uma cidade brasileira

OBJETIVO: Informações de bancos de dados municipais podem ser usadas para o planejamento de investigações que visem reduzir as desigualdades no cuidado à saúde. O objetivo do estudo foi determinar a distribuição da mortalidade infantil, segundo uma classificação geoeconômica urbana, usando dados coletados rotineiramente em nível municipal. MÉTODOS: Todos os nascidos vivos (42.381 crianças) e todos os óbitos de menores de um ano de idade (731 casos), ocorridos no período entre 1994 e 1998 em Ribeirão Preto, SP, foram considerados para este estudo. Quatro diferentes áreas geoeconômicas foram definidas de acordo com a renda do chefe de família em cada zona administrativa urbana. RESULTADOS: As taxas de mortalidade infantil e de seus componentes neonatal e pós-neonatal, entre 1994 e 1998, apresentaram queda em Ribeirão Preto (chi² para tendência, p<0,05). Essas taxas relacionaram-se inversamente à distribuição de baixos salários (menor do que cinco salários-mínimos por chefe de família) nas diversas regiões urbanas (chi² para tendência, p<0,05). A área mais pobre da cidade apresentou contínuo acréscimo de excesso de mortalidade infantil nesse período. CONCLUSÕES: Os resultados demonstram que as áreas pobres da cidade de Ribeirão Preto apresentam taxas de mortalidade infantil mais elevadas quando comparadas com áreas mais privilegiadas. O nível de desigualdade social urbana, representado pela distribuição do salário do chefe de família, apontou piora contínua da saúde das crianças residentes na área pobre da cidade em detrimento às outras áreas. O monitoramento das desigualdades em saúde, por meio de dados de sistemas municipais de informação, pode ser progressivamente útil, dada a contínua descentralização do gerenciamento da saúde para o nível municipal no Brasil.

Mortalidade infantil; Coeficiente de mortalidade; Iniqüidade social; Mortalidade neonatal (saúde pública); Mortalidade pós-neonatal; Fatores socioeconômicos; Distribuição espacial; Sistemas de informação; Renda familiar; Áreas de pobreza


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