Em fungos, um sistema de regulação gênica garante que enzimas sejam secretadas predominantemente em valores de pH do ambiente próximos aos pH ótimos de atividade correspondentes. Embora muita informação tenha sido acumulada sobre essa resposta adaptativa, não existem estudos envolvendo fungos fitopatogênicos, endofíticos e entomopatogênicos, bem como sobre outros aspectos relacionados às interações fungo-hospedeiro. No presente trabalho foi comparado, em meio sólido, o efeito do pH do ambiente na secreção das enzimas amilase, celulase, lipase, pectinase e protease por isolados endofíticos, fitopatogênico e entomopatogênicos pertencentes a diferentes espécies de Colletotrichum. Para todas as enzimas e em todos os isolados, observou-se um padrão de secreção dependente dos valores do pH do ambiente. Isolados endofíticos e patogênicos apresentaram padrões distintos de secreção de protease, com ótimos em pH de crescimento alcalino e ácido, respectivamente. Em meio líquido, uma fosfatase ácida Pi-repressível, secretada por um isolado endofítico, respondeu ao pH do ambiente, apresentando um aumento de 14 vezes na sua atividade específica durante o crescimento do fungo em meio ácido, quando comparado a meio alcalino. Além disso, foi clonada parte do gene pacC de Colletotrichum, o qual codifica um fator de transcrição responsável pela regulação dependente do pH do ambiente. É plausível a hipótese de que o pH ambiente é um fator de amplo espectro controlando a secreção enzimática durante as interações fungo-hospedeiro por meio de um circuito genético conservado.
Glomerella; secreção enzimática; endófitos; fungo patogênico; pacC