MOVIMENTOS SOCIAIS EM AÇÃO: REPERTÓRIOS, ESCOLHAS TÁTICAS E <i>PERFORMANCES</i>

Pereira, Matheus Mazzilli; Silva, Camila Farias da

doi:10.1590/2238-38752020v10212

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Sociologia & Antropologia

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Sumário

ARTICLES • Sociol. Antropol. 10 (2) • May-Aug 2020 • https://doi.org/10.1590/2238-38752020v10212 copiar

MOVIMENTOS SOCIAIS EM AÇÃO: REPERTÓRIOS, ESCOLHAS TÁTICAS E PERFORMANCES

SOCIAL MOVEMENTS IN ACTION: REPERTOIRES, TACTICAL CHOICES AND PERFORMANCES

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Pesquisadores de movimentos sociais têm investigado os motivos que levam a ação coletiva a tomar determinada forma em determinado recorte espaçotemporal. Tal problema foi abordado pela literatura a partir de diferentes conceitos e debates. O artigo analisa três dessas ferramentas conceituais, revisando, ainda, sua apropriação pela literatura nacional sobre movimentos sociais: repertórios, escolhas táticas e performances. Os autores argumentam, em primeiro lugar, que cada um desses conceitos e debates está relacionado a uma perspectiva analítica distinta que direciona essa problemática geral a problemas de pesquisa específicos. Sugerem, em segundo lugar, que sua apropriação pela literatura nacional foi desigual, privilegiando o conceito de repertórios. Por fim, defendem a ideia de que sua articulação é capaz de fornecer uma resposta complexa a essa problemática geral, contribuindo para a superação de dicotomias teóricas e de obstáculos impostos por

Palavras-chave:
Repertórios; táticas; performances; movimentos sociais; protestos

Repertórios (Charles Tilly)	Escolhas táticas (Francesca Polleta e James Jasper)	Performances (Charles Tilly, James Jasper e Ron Eyerman)
1. Abers, Serafim e Tatagiba, 2014Abers, Rebecca.; Serafim, Lizandra & Tatagiba, Luciana. (2014). Repertórios de interação Estado-sociedade em um Estado heterogêneo: a experiência na Era Lula. Dados, 57/2, p. 325-357. 2. Alonso, 2000Alonso, Angela. (2000). Crítica e contestação: o movimento reformista da geração 1870. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 15/44, p. 35-54. 3. Alonso, 2012bAlonso, Angela. (2012b). A teatralização da política: a propaganda abolicionista. Tempo Social, 24/2, p. 101-122. 4. Alonso, 2014Alonso, Angela. (2014). O abolicionismo como movimento social. Novos Estudos, 100, p. 115-137. 5. Amaral et al., 2014Amaral, Silvia Cristina F et al. (2014). A sociedade civil e os conflitos na construção dos megaeventos esportivos no Brasil. Sociedade e Estado, 29/2, p. 637-660. 6. Cruz, 2017Cruz, Rodrigo. (2017). Do protesto às urnas: as campanhas em defesa da causa homossexual nas eleições de 1982. Revista Brasileira de Ciência Política, 22, p. 233-284. 7. Da Ros, 2009Da Ros, César Augusto. (2009). O movimento “Vistoria Zero” e a resistência do patronato rural às políticas de assentamentos no Rio Grande do Sul. Sociologias, 11/22, p. 232-278. 8. Fontes e Macedo, 2017Fontes, Paulo & Macedo, Francisco. (2017). Piquetes como repertório: organização operária e redes sociais nas greves de 1957 e 1980. Topoi, 18/34, p. 23-47. 9. Gomes, 2017Gomes, Carla de C. (2017). Corpo e emoção no protesto feminista: a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro. Sexualidad, Salud y Sociedad, 25, p. 231-255. 10. Losekann, 2016Losekann, Cristiana. (2016). A política dos afetados pelo extrativismo na América Latina. Revista Brasileira de Ciência Política, 20, p. 121-164. 11. Lüchmann, 2011Lüchmann, Lígia Helena Hann. (2011). Associações, participação e representação: combinações e tensões. Lua Nova, 84, p. 353-364. 12. Soares, 2017Soares, Leonardo B. (2017). Ciclos de protesto e repertório de ação do movimento indígena brasileiro entre 2009 e 2016: o caso da PEC 215. Revista Brasileira de Ciência Política, 24, p. 191-222. 13. Tatagiba e Blikstad, 2011Tatagiba, Luciana & Blikstad, Karin. (2011). “Como se fosse uma eleição para vereador”: dinâmicas participativas e disputas partidárias na cidade de São Paulo. Lua Nova, 84, p. 353-364. 14. Tatagiba, Paterniane e Trindade, 2012Tatagiba, Luciana.; Paterniani, Stella Zagatto & Trindade, Thiago Aparecido. (2012). Ocupar, reivindicar, participar: sobre o repertório de ação do movimento de moradia de São Paulo. Opinião Pública, 18/2, p. 399-426.		1. Dowbor e Szwako, 2013Dowbor, Monika & Szwako, José. (2013). Respeitável público… performance e organização dos movimentos antes dos protestos de 2013. Novos Estudos, 97, p. 43-55..

	Nível analítico	Dimensões analíticas	Problemas de pesquisa (exemplos)
Repertórios (Charles Tilly)	Macro	Estrutural e histórica	- Qual repertório se apresenta para determinado conjunto de atores em determinado recorte espaço temporal? - Por que e como os repertórios se modificam ao longo do tempo? - Como determinadas formas de ação se incorporam aos repertórios de dado grupo? - Por que tais modificações imprimem características específicas aos repertórios?
Escolhas táticas (Francesca Polleta e James Jasper)	Meso	Relacional, organizacional e biográfica	- Por que organizações de um mesmo movimento, com objetivos similares, usam táticas distintas para os alcançar e como resolvem suas disputas táticas? - Por que algumas organizações optam por táticas mais - ou menos - violentas? - Por que e como organizações mudam ou mantêm suas preferências táticas ao longo do tempo?
Performances (Charles Tilly, James Jasper e Ron Eyerman)	Micro	Interativa e dramática	- Como ativistas colocam suas táticas em ação de forma a dramatizar e comunicar suas demandas e suas identidades coletivas? - Como as dinâmicas contingentes das interações estabelecidas entre ativistas, opositores, forças policiais e espectadores moldama ação dos ativistas ao longo da própria aplicação de uma tática ? - Como tais processos dão origem a inovações incrementais nas táticas e de que modo elas serão utilizadas ou não pelos ativistas em ações futuras?

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[1] Matheus Mazzilli Pereira é professor do Programa de Pós- Graduação em Sociologia Política da Universidade Vila Velha, doutor em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, membro do Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento (GPACE), autor de “Oportunidades políticas em um presidencialismo de coalizão”, “O dilema do enquadramento interpretativo: o caso das interações entre o movimento dos direitos animais e a grande mídia” e coautor de “Redes, campos, coalizões e comunidades: conectando movimentos sociais e políticas públicas”.