Resumo
Nos últimos anos, a tese do “novo internacionalismo operário” motivou importantes controvérsias. Os acontecimentos concretos enfatizados por esse debate (o surgimento do “sindicalismo global”) combinou novas estratégias e formas tradicionais de organização sindical, o que confundiu os enquadramentos estabelecidos. Em busca da natureza desses arranjos híbridos, exploramos o que há por trás da “invenção” do sindicato global como um novo tipo de entidades sindical, mostrando como as ideias de transnacionalismo enraizado e organização em rede ofereceram soluções parciais para conflitos que atravessam as relações entre poderes corporativos e sindicais. Especificamente, discutimos a emergência de acordos globais e redes sindicais em empresas transnacionais nas indústrias manufatureiras, e sua adoção no Brasil. A conclusão é que, ainda que a institucionalização dos novos sindicatos globais tenha sido até aqui precária e contestada, ela articulou de forma coerente elementos aparentemente contraditórios. Apesar disso, diante desses compromissos hesitantes e fundações incertas, uma sensibilidade crítica e multiescalar é vital para a compreensão das práticas transnacionais dos sindicatos nos dias de hoje.
Palavras-chave:
Novo internacionalismo operário; Sindicato global; Transnacionalismo enraizado; Acordos Marco globais; Redes sindicais