Resumo
Este artigo oferece um estudo sobre os usos do conceito de crise na América Latina no contexto da Teoria da Dependência e do Desenvolvimentismo. Esta história conceitual de “crise” na região durante o século XX identifica o percurso intelectual do economista argentino Raul Prebisch como ponto de partida e fio narrativo, seguido de produtos sociológicos marcantes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ou influenciados por ela. A trajetória do conceito de crise na região começa com uma aplicação temporal concreta referente a momentos históricos críticos ou conjunturas específicas. Prebisch demonstra em seu trabalho como uma mudança conceitual fundamental pode ser observada durante a crise dos anos 30, quando esta é conceitualizada como uma oportunidade que deixa “a lição” de uma necessidade urgente de rever a teoria econômica neoclássica, promover a industrialização e reestruturar profundamente o papel do Estado na região. Mais tarde, no final dos anos 50 e no contexto da Cepal e da Sociologia do Desenvolvimento, o conceito mudou de um significado conjuntural para um significado estrutural. O artigo aborda outras aplicações temporais, como crise conjuntural, crise estrutural e crise permanente.
Palavras-chave:
Crise; Desenvolvimento; América Latina; Teoria da Dependência; Cepal