Resumo
Sindemia é o termo utilizado para designar como interações biológicas e sociais influenciam no comportamento de uma determinada doença. A retomada das atividades escolares presenciais em meio à sindemia de covid-19 suscita controvérsias. Os defensores alegam que o retorno presencial mitigaria vulnerabilidades sociais, sanitárias e educacionais, enquanto os críticos afirmam que tal decisão contribuiria para a disseminação do vírus. O presente estudo analisa a dinâmica das internações e mortes por covid-19 entre estudantes da educação básica mediante a retomada das atividades escolares presenciais no município de São Paulo. Ademais, procura desvelar se a incidência de infecção por Sars-Cov-2 entre profissionais da educação teria relação com a qualidade socioterritorial que circunscreve as unidades de ensino básico (UE). As análises foram realizadas utilizando base de dados de instituições públicas paulistas. A retomada das atividades presenciais coincidiu com o aumento de internações e óbitos por covid-19 entre estudantes. O pico ocorreu 15 dias após o início das aulas. As UE inseridas em territórios com menores índices de desenvolvimento humano (IDH) registraram as maiores taxas de infecção por Sars-Cov-2. Retomar as aulas presenciais sem diminuir os riscos de contaminação parece ameaçar principalmente os indivíduos de territórios vulneráveis.
Palavras-chave:
Educação; Covid-19; Desigualdades Sociais; Sindemia