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Homicídios em Belo Horizonte, MG: um retrato das iniquidades nas cidades1 1 A pesquisa foi parcialmente financiada pelo Ministério da Saúde por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (TC 328-2013), a quem agradecemos. Waleska Teixeira Caiaffa e Amélia Augusta de Lima Friche são bolsistas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Resumo

Os homicídios no Brasil são um dos indicadores mais sensíveis da desigualdade social nas cidades. Assim, políticas de proteção social integradas nos territórios podem impactar esse evento em saúde. Este artigo objetiva descrever os homicídios em Belo Horizonte à luz de um modelo conceitual, parte de um processo avaliativo de um projeto de reurbanização na cidade. A partir da revisão da literatura, construiu-se um modelo conceitual para a compreensão dos homicídios e sua vinculação com o viver nas cidades. Realizou-se um estudo descritivo dos homicídios a partir de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) relativos ao período de 2002 a 2012. O modelo conceitual reforça que os homicídios encontram nas cidades seus mais expressivos determinantes vinculados à desigualdade e à exclusão, junto a valores de uma cultura de força e preconceitos. Os homicídios em Belo Horizonte apresentam taxas elevadas na cidade formal, sendo de três a seis vezes maiores nas favelas. Morrem mais negros, jovens homens, de baixa escolaridade, nas vias públicas e nos territórios vulneráveis. Os homicídios são a síntese das desvantagens urbanas, especialmente em tais áreas. Retrata-se em Belo Horizonte o que se vê no Brasil, denunciando a desigualdade e sua perversidade no viver e morrer nas cidades.

Palavras-chave:
Homicídios; Desigualdades em Saúde; Urbanização; Áreas Vulneráveis

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