Resumo
Este artigo aborda o papel das emoções dos pesquisadores e de seus interlocutores na pesquisa de campo sobre desinformação, a partir de uma investigação sobre os usos do Telegram na circulação e apropriação de informações sobre covid-19. Partindo de uma reflexão sobre o emocional na construção do conhecimento antropológico e os limites da relativização no contato com grupos considerados “anticiência” por meio da antropologia digital, o estudo debate o lugar das emoções conflitantes e em jogo na relação entre nós e os sujeitos observados durante a pesquisa. Propomos, por fim, uma mudança conceitual: do negacionismo, como sistema explicativo da negação de princípios considerados básicos de conhecimentos e evidências científicas, para o afirmativismo, que destaca a afirmação de grupos sociais, de seus valores, crenças e cosmovisões.
Palavras-chave:
Pesquisa Antropológica; Emoções; Relativização; Desinformação; Afirmativismo