Resumo
A ausência de um debate mais amplo sobre prevenção do HIV e o recrudescimento do conservadorismo, nos últimos anos, podem ter impactado nas concepções e nas práticas dos jovens em relação ao HIV/aids. Entrevistas semiestruturadas conduzidas com 194 jovens, de 16 a 24 anos, em quatro capitais e duas cidades do interior do Brasil, revelaram que, para eles, a aids é percebida como uma “doença que não tem cara”, sendo impossível identificar quem tem HIV. As concepções sobre o HIV oscilam entre o medo e a percepção de que é tratável. O risco foi percebido como algo abstrato, que não é central nas preocupações cotidianas, cujo foco é evitar uma gravidez. O uso do preservativo é visto como uma estratégia temporária de prevenção, rapidamente substituído pela confiança na parceria sexual. As tecnologias de informação disponíveis parecem não ter sido capazes de fazer frente ao aumento do conservadorismo e à carência de políticas de prevenção do HIV entre os jovens. Essas políticas devem passar pela melhora na provisão de informações de qualidade, adaptadas aos interesses dos jovens, pela ampliação da oferta dos diferentes insumos de prevenção, e também devem trazer as IST e o HIV de volta para a arena de discussões.
Palavras-chave:
Adulto Jovem; Adolescente; HIV; Aids; Preservativo