1995 |
SciELO |
A terceira margem da saúde: a ética “natural” (Schramm, 1995SCHRAMM, F. R. A terceira margem da saúde: a ética “natural”. História, Ciências, Saúde-Maguinhos, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 54-68, 1995.) |
Discutir a pertinência de uma ética natural complexa para o campo da saúde escapando das principais disjunções do tipo sujeito/objeto, público/privado, valor em si/valor por si. |
Aponta a centralidade dos motivos éticos no campo da saúde que implicam a necessidade de delineamento de um universo prático-discursivo de uma ética capaz de articular conhecimento tecnocientífico com princípios éticos de justiça, equidade e bem-estar geral no contexto dos recursos disponíveis e das prioridades de cada situação concreta. Esse universo inclui reflexões sobre os deveres para com o ambiente; os direitos das gerações presentes vinculadas às gerações futuras. A ética em saúde é concebida como campo de vínculos e possibilidades entre a dimensão bioecológica da vida de indivíduos e populações num território e sua dimensão sociocultural. |
1997 |
SciELO |
A questão ecológica: entre a ciência e a ideologia/utopia de uma época (Silva; Schramm, 1997SILVA, E. R.; SCHRAMM, F. R. A questão ecológica: entre a ciência e a ideologia/utopia de uma época. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p.355-382, 1997.). |
Analisar elementos importantes na formação da cultura tecnocientífica - modelo tecno-industrial - e desdobramentos no campo da Ciência Ecológica e dos movimentos sociais a ele relacionados. |
Estabelece a necessidade de uma ética que possibilite diálogos sobre as problemáticas ecológica em que a política assume lugar estratégico para a tomada de decisões democráticas no contexto do avanço da tecnociência. Propõe a ética de solidariedade baseada no diálogo aberto de confronto pluralista e interdisciplinar; na ética reguladora; no pragmatismo; na não-exclusão do sentimento - a expressão afetiva do julgamento - do conjunto de elementos que cooperam na tomada de decisão ética; na ética da ambivalência, no sentido de ser esta uma escolha, e não uma conclusão lógica, ou um resultado mecânico; na ética evolutiva e da reversibilidade dos princípios; na ética da corresponsabilidade; integrar os esforços, para superar os conflitos, tomar consciência das responsabilidades para que se possa agir consequentemente. |
2001 |
SciELO |
Principios bioéticos en salud pública: limitaciones y propuestas (Schramm; Kottow, 2001SCHRAMM, F. R.; KOTTOW, Miguel. Principios bioéticos en salud pública: limitaciones y propuestas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 949-956, 2001.). |
Caracterizar a especificidade dos problemas morais em saúde pública e analisar a aplicabilidade do principialismo como padrão para resolver conflitos nesse campo. |
Considera-se que apesar de relevante para a bioética clínica, o principialismo não é aplicável aos dilemas da saúde pública, uma vez que se baseia na moral das relações médico-paciente. Propõem vincular a preocupação ontológica de Jonas e a transcendental Levinas, por meio do princípio de proteção que seria mais adequado aos propósitos de uma ética de saúde pública, permitindo identificar claramente os objetivos e os atores envolvidos na implementação de políticas públicas moralmente corretas e pragmaticamente eficazes. |
2002 |
Lilacs |
A Bioética, seu desenvolvimento e importância para as Ciências da Vida e da Saúde (Schramm, 2002SCHRAMM, F. R. A bioética, seu desenvolvimento e importância para as Ciências da Vida e da Saúde. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 48. n. 4, p. 609-615, 2002.). |
Caracterizar o desenvolvimento da bioética e sua utilidade para enfrentar os problemas que se colocam à pesquisa que envolve seres humanos, tendo em conta simultaneamente as exigências disciplinares e metodológicas da bioética e algumas necessidades da ética. |
Estabelece que a bioética se inscreve num contexto em que coabita com as estruturas conflitivas da realidade humana e as tentativas de construir convergências de soluções, consideradas equidistante. A bioética lato sensu corresponde a uma ética planetária preocupada com a responsabilidade pelos efeitos daninhos que podem resultar dos atos humanos sobre a vida humana individual, a vida social e cultural, a biosfera e a ecosfera. Desse modo, a concepção de bioética lato sensu abrange e é adaptada a situações complexas, sendo ferramenta teórica e prática para entender (analisar) os conflitos; fazer convergir as soluções propostas (prescrever melhores soluções); proteger indivíduos e populações (propiciar meios de proteção). A Bioética é a tematização do ethos, tendo em conta as práticas humanas que podem ter efeitos irreversíveis sobre outros humanos, os seres vivos em geral e o ambiente. |
2004 |
SciELO |
Bioética da proteção e o papel do Estado: problemas morais no acesso desigual à água potável (Pontes; Schramm, 2004PONTES, C. A.A; SCHRAMM, F. R. Bioética da proteção e papel do Estado: problemas morais no acesso desigual à água potável. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p.1319-1327, 2004.). |
Examinar o acesso desigual à água potável como problemática de saúde, analisando as implicações morais, a necessidades primárias, as situações de fragilidade e ameaça de grupos populacionais e as responsabilidades pelo abastecimento de água. |
A bioética contribui para a responsabilização do Estado pela prestação dos serviços de saneamento, e, em particular, de abastecimento de água de boa qualidade. A partir de uma visão do acesso à água como direito, se desaconselham políticas de privatização em favor de políticas públicas que visem a correção de situações de injustiça social, protejam a saúde das populações e, em especial, dos grupos populacionais constantemente ameaçados, promovendo condições para uma melhor qualidade de vida. |
2009 |
SciELO |
Ética aplicada, bioética e ética ambiental, relações possíveis: o caso da Bioética global (Schramm, 2009SCHRAMM, F. R. Ética aplicada, bioética e ética ambiental, relações possíveis: o caso da bioética global. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 511-630, 2009.). |
Analisar a problemática de ética aplicada, bioética e ética ambiental, identificando possibilidade de integração em pesquisas. |
Evidencia que, na Era da Globalização, ética aplicada, bioética e ética ambiental se revelam de fato entrelaçadas. Isso implica ferramentas conceituais e metodológicas de tipo disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar utilizadas pelas três formas de tematização do ethos em exame para poder dar conta, ao mesmo tempo, das identidades e das diferenças entre estes três âmbitos de conhecimento e de práticas da Ética. |
2010 |
Redalyc |
A bioética como forma de resistência à biopolítica e ao biopoder (Schramm, 2010SCHRAMM, F. R. A bioética como forma de resistência à biopolítica e ao biopoder. Revista Bioética, Brasília, DF, v.18. n.3, p.519-35, 2010.). |
Desconstruir os conceitos de biopolítica e biopoder e criar condições para uma atuação correta da bioética, entendida tanto como ferramenta analítica e normativa da moralidade da biopolítica e do biopoder. |
Pressupõe que os conceitos de biopolítica e biopoder são utilizados de forma inconsistente, o que afeta seu poder de inteligibilidade para entender as profundas transformações da sociedade contemporânea. Discute as propostas de democracia biopolítica e de biopolítica democrática, mostrando a necessidade de um controle bioético da biopolítica quanto como aplicação prática sob a forma de resistência e dissidência democrática com relação aos efeitos moralmente questionáveis, resultantes das práticas biopolíticas e dos usos inadequados de tais conceitos para realizá-las. |
2012 |
Redalyc |
Elementos para uma análise bioética das transformações urbanas recentes no Rio de Janeiro sob a ótica da globalização (Assumpção; Schramm, 2012ASSUMPÇÃO, E. L. A.; SCHRAMM, F. R.S. Elementos para uma análise bioética das transformações urbanas recentes no Rio de Janeiro sob a ótica da globalização. Revista Bioética, Brasília, DF, v. 20. n. 1, p. 106-18, 2012.). |
Identificar elementos para uma análise bioética dos conflitos relacionados a transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro relativas a grandes eventos mundiais - Olímpiadas e Copa do Mundo - inscritos no fenômeno da globalização e as consequências sociais das remoções de habitantes de favelas e ocupações. |
Aportam aspectos gerais do fenômeno da globalização e seu pano de fundo - o processo civilizatório -, assim como suas implicações urbanas. Propõem como foco analítico para as bioéticas produzidas no Brasil - em particular a bioética da proteção e a bioética da intervenção - os processos de resistência presentes nos conflitos urbanos por moradia e habitação urbana. Aproximam bioética da proteção e bioética da intervenção, em seus aspectos teóricos, e faz crítica à relevância que elas dão ao papel do Estado como único agente de transformação, indicando que o foco analítico da bioética se volte para os processos autônomos e autogestacionários dos movimentos sociais. |
2014 |
Redalyc |
Dialética entre liberalismo, paternalismo de Estado e biopolítica. Análise conceitual, implicações bioéticas e democráticas (Schramm, 2014SCHRAMM, F. R. Dialética entre liberalismo, paternalismo de Estado e biopolítica. Análise conceitual, implicações bioéticas e democráticas. Revista Bioética, Brasília, DF, v. 22. n. 1, p. 10-17, 2014.). |
Analisar os conceitos de liberalismo, paternalismo, biopolítica, bioética, separadamente e, em seguida, relacioná-los dialeticamente entre si. |
Defende-se a tese de que os termos, em seu conjunto, possuem relação de tipo dialético, pois liberalismo ocuparia o lugar de tese e paternalismo o de antítese, cuja síntese seria representada pelo momento da biopolítica, a qual constituiria, por sua vez, uma nova tese, iniciando novo processo dialético em que o lugar da antítese seria representado pela bioética, sendo que ambas confluiriam para uma nova síntese, representada pelo empoderamento dos cidadãos, constitutivo das sociedades democráticas, ou que se pretendem tais. |