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Saúde, doença e inovação tecnológica

As inovações tecnológicas em medicina são freqüentemente introduzidas, nos debates que tratam dos processos de saúde/doença existentes em populações determinadas, e das formas de intervenção possíveis por parte da atenção médica, de duas formas polares e antagônicas: ou são as principais responsáveis pelos insucessos, ou são as únicas garantias da efetividade médica. Neste texto argumenta-se, lançando mão de exemplos retirados da análise da presença das doenças cardiovasculares nas populações ao longo do tempo, que é possível, e desejável, que sejam desenvolvidas atitudes e práticas mais diferenciadas em relação a elas, em que os conhecimentos científicos e técnicos específicos, assentados na individualidade biológica, possam estar melhor articulados com as necessidades e objetivos colocados para os sistemas de saúde, na sua inserção social, política, econômica e cultural. As diversas perspectivas possíveis de serem adotadas para a avaliação nos sistemas e serviços de saúde, que têm tido um desenvolvimento crescente nas conjunturas de "crise na saúde", ainda que não possam negar a sua origem de prática racionalizadora, estão apontando para um real reconhecimento da necessidade de uma maior reflexão no interior das próprias práticas médicas sobre as premissas que as sustentam, e de uma melhor compreensão das formas possíveis para as sociedades hoje vivenciarem e administrarem, de uma forma mais transparente e menos dogmática, os conflitos inevitáveis entre os interesses individuais e as necessidades coletivas.


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