Open-access Como ser psicólogo hospitalar na pandemia de covid-19 no Brasil? Uma pesquisa documental

How to be a hospital psychologist in the covid-19 pandemic in Brasil? A documental research

Resumo

Com alta transmissibilidade e demanda por atendimento hospitalar, a covid-19 teve impactos (como ansiedade, medo e insegurança) sobre o equilíbrio psicológico de pacientes, seus familiares e profissionais da saúde. Diante disso, o objetivo deste artigo é mapear intervenções psicológicas no contexto hospitalar frente à covid-19, a fim de subsidiar a constituição de protocolos. Observou-se que visitas virtuais, trabalho de luto antecipatório e técnicas de psicoeducação, através de psicoterapia breve, mostram-se necessários dentro do contexto de unidades fechadas, Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e emergências, como forma de enfrentamento que permite a elaboração de sentimentos, como medo, angústia e ansiedade. Para ambulatórios, destacam-se os plantões psicológicos, através de videochamadas, de demanda espontânea, além de encaminhamento para psicoterapia externa, voltados a profissionais com sintomas de pânico, ansiedade, depressão e exaustão. Mesmo com intervenções psicológicas originadas a partir desse contexto, evidencia-se a falta de protocolos com abrangência nacional e eficazes para o ambiente hospitalar, tanto para pacientes e familiares como para profissionais que atuam diretamente com o vírus. Portanto, cabe ao Brasil aperfeiçoar o modelo apresentado pela Comissão Nacional de Saúde da China, ou construir protocolos próprios de acordo com o contexto sociocultural, compreendendo suas diferentes formas de comunicação e enfrentamento. É essencial considerar sentimentos de cansaço dos profissionais da saúde, de forma que se sugerem ações como grupo de acolhimento de demandas emocionais geradas nesta pandemia.

Palavras-chave: Psicologia Hospitalar; Covid-19; Intervenções Psicológicas; Protocolos

Abstract

With high transmission and demand for hospital care, COVID-19 caused impacts (such as anxiety fear, and insecurity) on the psychological balance of patients, family members, and health professionals. Therefore, the objective of this article is to map psychological interventions in the hospital context against COVID-19, to support the constitution of protocols in this environment. We observed that virtual visits, anticipatory mourning work, and psychoeducational techniques, via brief psychotherapy are necessary within the context of closed units, Intensive Care Units (ICU’s), and emergencies, as a way of coping that allow the elaboration of feelings such as fear, anguish , and anxiety. For outpatient clinics, psychological shifts in hospitals, via video calls, of spontaneous demand, in addition to referral to external psychotherapy, for professionals with symptoms of panic, anxiety, depression, and exhaustion stand out. Even with psychological interventions originating from this context, the lack of protocols with national coverage and effectiveness for the hospital environment is evident, both for patients and families and for professionals who work directly with the virus. Therefore, it is up to Brazil to improve the model presented by the National Health Commission for the People’s Republic of China, or build our own protocols according to the sociocultural context, comprising their different forms of communication and confrontation. In addition, it to Considering the feelings of tiredness of health professionals is essential, so that actions such as a group to acknowledge emotional demands generated in this pandemic are suggested.

Keywords: Hospital Psychology; COVID-19; Psychological Interventions; Protocols

Introdução

Em dezembro de 2019, uma nova variante de pneumonia foi identificada. A doença, causada pelo vírus SARS-CoV-2, foi denominada coronavirus disease 2019 (covid-19) (Wu et al., 2020). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021), no último ano, havia mais de 123 milhões de casos confirmados de contaminação, além de mais de 2 milhões de mortes pelo vírus no mundo.

No Brasil, o Ministério da Saúde (Brasil, 2021c) contabilizou, até março de 2021, mais de 12 milhões de ocorrências de contágio por covid-19, além de 295.425 óbitos. Neste cenário, as demandas na sociedade se apresentam de maneira mais intensa e variada, fazendo com que o profissional da psicologia também seja estimulado a encontrar novas formas de prover suporte emocional e psicológico. Isto é, pode-se dizer que a pandemia de covid-19 se configura como um evento de crise em virtude das mudanças acarretadas nas diferentes esferas da sociedade, tanto de curta quanto de média e longa duração.

Mesmo com uma taxa de mortalidade de 2,5% da população acometida pela covid-19, considerada baixa em comparação com doenças causadas por outras variantes do coronavírus, sua alta transmissibilidade é um fator que ocasiona maior número de mortes absolutas do que a combinação das epidemias desenvolvidas pelas variantes do vírus(Aquino et al., 2020). Desse modo, a OMS decretou estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 30 de janeiro de 2020, e momento de pandemia no dia 11 de março de 2020 (OMS, 2020). O estado de crise vivido pela sociedade como um todo envolve, então, um período de desorganização e um posterior momento de transtornos, com diferentes esforços mostrando-se insatisfatórios para a solução do problema. Diante desses obstáculos que ameaçam o equilíbrio psicológico previamente estabelecido, a ansiedade surge como resultado da situação de conflito que se instalou. Essas alterações produzem conflitos na esfera social, pois há mudanças provocadas tanto pelo sentimento de insegurança frente ao futuro como pela perda de entes queridos (Sá; Werlang; Paranhos, 2008). Segundo dados da OMS (2020), 80% dos pacientes infectados pela doença apresentam sintomas leves e sem complicações; 15% evoluem para hospitalização, necessitando de oxigenoterapia; e 5% precisam ser atendidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nos hospitais - espaços que compreendem o nível terciário do cuidado em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) -, os diversos serviços da área se articulam com o objetivo de dar suporte a urgências e emergências e apoio no diagnóstico, além de integrar a equipe frente ao quadro clínico, juntamente com a rede de atenção básica e de apoio psicossocial.

Nesse sentido, constata-se que os serviços de psicologia nos ambientes de saúde, especialmente em hospitais, buscam entender e pensar o processo saúde/doença numa dimensão psicossocial, além de compreender e intervir nos contextos do indivíduo exposto a doenças e a condições de saúde impróprias (Almeida; Malagris, 2011). Além disso, o papel do técnico habilitado em atuar nesse ambiente dinâmico envolve caráter ativo, visando atender não somente pacientes, mas também familiares e profissionais, a fim de garantir, dentro de uma equipe multiprofissional, um diagnóstico diferencial, e oferecer suporte emocional frente a determinado quadro clínico.

Dessa forma, o chamado setting terapêutico, usualmente conhecido na clínica, é reestruturado: a ala de emergência do hospital torna-se protagonista, enquanto enfermeiros, médicos, técnicos e outros profissionais da linha de frente na pandemia também se posicionam ao lado do leito do paciente, muitas vezes necessitando intervir de forma invasiva. Isso significa que muitos momentos passados dentro deste ambiente ficarão marcados na memória desses sujeitos, uma vez que, diante de uma situação com grande carga emocional - como pode ser considerada a pandemia de covid-19 -, determinados sentimentos e reações podem ser retidos em suas memórias. O sofrimento, então, não é apenas dos usuários dos serviços de saúde, mas também dos familiares, dos sobreviventes da doença e da equipe que está atuando nos casos (Grincenkov, 2020).

Nessa perspectiva, os transtornos psíquicos imediatos mais frequentes vinculados a esses momentos são os episódios depressivos e as reações de estresse agudo, além de sintomas de ansiedade que podem aparecer nos indivíduos. O risco de surgimento desses transtornos aumenta de acordo com as características das perdas e de outros fatores de vulnerabilidade. Isso pode ocorrer por conta de excessos que emergem do ambiente externo e não conseguem ser elaborados pelo aparelho psíquico. Dessa maneira, os sujeitos necessitam expressar os sentimentos não formulados internamente de forma deslocada para outro ambiente ou ocasião de vida. Dentro da teoria psicanalítica, o agir é uma tentativa de dar vazão ao impacto traumático causado no psiquismo, isto é, uma forma de traduzir o que não foi capaz de se pôr em palavras.Um primeiro ponto a ser lembrado durante o atendimento de pacientes, familiares e membros da equipe dentro do próprio hospital é o cuidado humanizado, de forma que a experiência não tenha um impacto tão negativo na vida dos sujeitos e eles consigam se expressar na sua totalidade. Nesse sentido, promover informações sobre o vírus e propor treinamentos para os profissionais que atendem à população é fundamental para que não haja interpretações errôneas frente ao contágio e que a transmissão possa ser a menor possível.

Ademais, a realidade de lidar com a doença é uma das fases mais assustadoras. Isso se deve ao fato de que se torna ainda mais desafiador ter de lidar com o resultado secundário, o que acaba sendo criado no imaginário dos indivíduos. O processo de descobrir-se doente coloca o paciente (e a rede de suporte) diante de sentimentos de angústia - isto é, as fantasias de imortalidade e de controle da própria vida são desfeitas. Mais especificamente, durante a pandemia de covid-19, além desses aspectos, é necessário considerar também a incerteza sobre o futuro, aliada ao desconhecimento de tratamentos eficazes. Esses sentimentos podem produzir insegurança tanto na dinâmica econômica quanto política e social.

Até o momento, foram realizados relatos de experiências (Catunda et al., 2020; Guimarães et al., 2021; Lima et al., 2020; Rodrigues et al., 2020; Silva et al., 2020; Silva; Lima, 2020; Zanini et al., 2021), revisões narrativas de literatura (Caurin et al., 2021; Crepaldi et al., 2020; Schmidt et al., 2020; Valle et al., 2020) e revisão sistemática de artigos e documentos já publicados internacionalmente (Sunde; Sunde, 2020). Priede et al. (2021) evidenciaram, através de um estudo quantitativo em 36 hospitais na Espanha, a importância da regulação emocional, técnicas de psicoeducação e mindfulness junto a trabalhadores da saúde para controle de estresse e sentimento de insegurança frente ao vírus. Além disso, a literatura internacional indica que a China, por meio de diretrizes formuladas por sua Comissão Nacional de Saúde (National Health Commission of the People’s Republic of China - NHCC, 2020), apresentou um guia para intervenções em pacientes com covid-19. Porém, ainda não foram identificados trabalhos científicos que explorem documentos brasileiros sobre técnicas psicológicas na pandemia de covid-19 em hospitais.

Assim, o presente trabalho visa realizar uma análise documental sobre a atuação dos psicólogos em situações de crise, especialmente durante a pandemia de covid-19, com posterior revisão da literatura sobre as principais intervenções utilizadas dentro dos hospitais durante a pandemia, a fim de servir como suporte para futuras intervenções na área.

Métodos

Foi utilizada para este trabalho pesquisa documental seguida de revisão narrativa da literatura. Segundo Echer (2001), o levantamento bibliográfico permite a busca de informações e dados disponíveis em diferentes tipos e origens de publicações (livros, protocolos, diretrizes, artigos) sobre o tema proposto. Utilizou-se a análise de documentos, meio pelo qual documentos, contemporâneos ou retrospectivos, são examinados a fim de descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo-se suas características ou tendências na sociedade (Piana, 2009).No contexto hospitalar, protocolos são essenciais, tendo em vista que apresentam procedimentos específicos a serem seguidos pelos especialistas, de forma que haja uma padronização e otimização dos processos de triagem, rastreio, diagnóstico, tratamento medicamentoso ou psicoterapêutico em pacientes e demais pessoas envolvidas em situações de emergência ou crises. Assim, foram realizadas buscas em plataformas institucionais, como OMS, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Ministério da Saúde, Conselho Federal de Psicologia (CFP), Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) e Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), no período compreendido entre março de 2020 a agosto de 2021.

Para a revisão de literatura por base de dados de artigos científicos, como forma de melhor organização de estratégias de busca (Von Der Lippe; Diesen; Feragen, 2017), foram pesquisados construtos utilizando operadores booleanos “e” ou “and” para encontrar documentos com os termos “psicologia”, “intervenção”, “hospital” e “coronavírus”. As bases de dados científicas utilizadas foram: SciELO, Google Acadêmico, PePSIC, Scopus, PsycInfo, LILACS e BVS Psicologia Brasil.

Resultados

Pesquisa documental

A Tabela 1 apresenta os documentos e recomendações de autoridades sanitárias sobre a atuação do profissional de psicologia dentro de hospitais. Nela constam a entidade de origem, o nome das declarações e qual a aplicação no campo prático de tais intervenções profissionais.

Tabela 1
Documentos incluídos para análise

Revisão da literatura

Na realidade apresentada atualmente, oriunda da pandemia da covid-19, instituições hospitalares tiveram que pensar em como reorganizar as práticas assistenciais de forma humanizada, nos cuidados com a família, paciente e equipe. Nesse sentido, autores estudam como elaborar estratégias e intervenções psicológicas adequadas para o contexto, com contribuições científicas para se analisar a importância da comunicação entre familiares e pacientes. Envolvem principalmente intervenções vinculadas a visitas virtuais, quando possível, ou o envio de vídeos e áudios a serem repassados a pacientes, mesmo que estejam sedados, durante a internação em emergências e UTIs (Branco; Arruda, 2020; Caurin et al., 2021; Crepaldi et al., 2020; Schmidt et al., 2020; Sunde; Sunde, 2020; Valle et al., 2020).

Além disso, a equipe prestadora de assistência direta ao paciente (médica ou de enfermagem) pode solicitar acompanhamento psicológico. Existe também a possibilidade de busca ativa, em que o profissional vai até o leito através de ação direta (Zanini et al., 2021). Os cuidados psicológicos prestados dentro do hospital durante a crise da covid-19 foram realizados com os familiares, uma vez que os pacientes estavam intubados ou sedados. Como técnica profissional, o atendimento aos pacientes e/ou aos familiares pode ser configurado como psicoterapia de apoio, com realização frequente de intervenção em crise, incluindo-se acolhimento de sentimentos e psicoeducação acerca do adoecimento e funcionamento da equipe (Silva et al., 2020).

Para além de atendimentos virtuais e repasses de áudios e vídeos aos pacientes, a literatura indica as contribuições do psicólogo para a comunicação e o manejo de notícias difíceis, bem como para a elaboração do luto antecipatório com familiares de pacientes com mau prognóstico do quadro clínico ocasionado pela contaminação pelo vírus (Catunda et al., 2020; Crepaldi et al., 2020; Silva; Lima, 2020). Ademais, Sunde e Sunde (2020) descrevem que a limitação na participação e manejo dos corpos, bem como na celebração de cerimônias fúnebres, criam condições para o desenvolvimento de luto complicado. O apoio e suporte emocional antes, durante e após a comunicação das notícias difíceis é um importante espaço para a atuação da psicologia no hospital, a fim de haver a compreensão e aceitação das emoções, visando a um processo de luto mais saudável dos familiares (Catunda et al., 2020).

Em pacientes, podem ser observados sintomas comuns que envolvem quadros de ansiedade, medo de morrer, humor rebaixado, confusão mental, agitação psicomotora e delirium durante o processo de internação nas UTIs (Branco; Arruda, 2020). Quanto às demandas emocionais apresentadas nesse contexto de crise, durante os atendimentos a familiares, foram identificados o sentimento de impotência frente à percepção de abandono do ente querido, além de culpa, ansiedade, angústia e injustiça devido à impossibilidade de acompanhamento presencial da internação, com risco de não poderem se despedir em caso de óbito (Guimarães et al., 2021). Nos casos em que a família entende que o paciente se contaminou por não aderir aos cuidados preventivos necessários, podem surgir sentimentos ambivalentes, como raiva e medo frente à possibilidade da perda (Zanini et al., 2021).

Quanto aos aspectos emocionais da população em geral, Schmidt et al. (2020) mapearam sintomas moderados a severos de ansiedade, depressão, estresse e medo diante da possibilidade de contrair a doença, impactando o bem-estar psicológico (Caurin et al., 2021). Em profissionais da saúde, foram identificados sintomas como irritabilidade aumentada, estresse, insônia e recusa a momentos de descanso, além da Síndrome de Burnout, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos psicossomáticos e uso de substâncias como álcool e outras drogas, ou de remédios sem indicação (Horta, 2021).

À vista do exposto, as principais intervenções envolvidas na atuação psicológica são: avaliação psicológica (relacionada às posturas frente à doença e hospitalização, formas de enfrentamento e fatores que prejudiquem o desmame ventilatório); fortalecimento de vínculo; manejo das expectativas e fantasias (sobre o quadro clínico e tratamento); estabelecimento de estratégias comunicacionais (utilização do protocolo SPIKES para notícias difíceis); protocolo de visitação virtual; suporte psicológico e psiquiátrico através de psicoterapia breve (focado na resolução de problemas e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento); prevenção de delirium; promoção da consciência; compreensão e aceitação das emoções; e psicoeducação acerca da importância do autocuidado (Branco; Arruda, 2020; Valle et al., 2020; Silva; Lima, 2020; Rodrigues et al., 2020).

Considerações finais

Dessa maneira, tendo-se em vista o objetivo geral de mapeamento das intervenções psicológicas no contexto hospitalar frente à covid-19, os achados documentais indicam que visitas virtuais, trabalho de luto antecipatório e técnicas de psicoeducação para familiares e equipes através de psicoterapia breve mostram-se necessárias dentro do contexto de unidades fechadas (UTIs e emergências) como formas de enfrentamento que permitem a elaboração de sentimentos como medo, angústia e ansiedade. Para ambulatórios, destacam-se os plantões psicológicos através de videochamadas de demanda espontânea, além de encaminhamento para psicoterapia externa para profissionais com sintomas de pânico, ansiedade, depressão e exaustão.

É necessário levar em consideração, ainda, as limitações deste estudo. Em primeiro lugar, há escassez de literatura técnico-científica nacional sobre o tema, uma vez que a pandemia de covid-19 ainda está em curso e ações neste contexto estão em desenvolvimento. Ademais, para fins acadêmicos, esta abordagem contou com a análise de documentos e artigos de literatura publicados de janeiro de 2020 a agosto de 2021. Com isso, é importante salientar que produções científicas futuras - incluindo artigos com descrição de intervenções realizadas e documentos com análise de cenário - são necessárias para maior precisão a respeito de técnicas utilizadas, de forma que sejam criados protocolos para uso pelos profissionais na área hospitalar, para que haja maior assertividade em suas ações.

Nesse sentido, mesmo com intervenções psicológicas originadas a partir do contexto de covid-19, evidencia-se a falta de protocolos para uso profissional com abrangência nacional e eficazes para o ambiente hospitalar, tanto para paciente e familiares, como para profissionais que atuam diretamente em contato com o vírus. Portanto, caberia ao Brasil, por exemplo, aperfeiçoar o modelo apresentado pela China por meio do NHCC (2020), ou construir protocolos próprios de acordo com o contexto sociocultural, compreendendo suas diferentes formas de comunicação e enfrentamento.

Conclui-se, portanto, que é essencial considerarem-se sentimentos de medo, insegurança e perdas nestes últimos dois anos de enfrentamento da covid-19, tanto dos pacientes e familiares, como dos profissionais da saúde que atuam na área hospitalar. No entanto, é necessário também um olhar crítico para a situação, tendo em conta ações solidárias e que ressignificam este momento, como os “panelaços para heróis de saúde”, mostrando a unidade da sociedade. Dessa forma, sugerem-se ações, como grupos de acolhimento de demandas emocionais geradas na pandemia, bem como programas de psicoeducação em diferentes locais do país, como forma de a comunidade continuar se adaptando ao momento e mantendo o autocuidado.

Referências

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    22 Dez 2021
  • Aceito
    01 Dez 2022
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