Pessoa 1 |
A gente, ‘aqui nessa unidade, a gente dá assistência para esse tipo de população e a gente tem unidade aqui de doença infectocontagiosa, né, que é a DIP e é comum a gente ter esse tipo de pessoas, né?’ Essa população aqui, né! O índice é muito grande, o grupo de gays, né! E o que acontece? O atendimento, eu, eu como profissional atendo ele como outra pessoa qualquer, entendeu?! Respeitando e cuidando. Reinquirição. Mas como você identifica que essa pessoa faça parte dessa população? R: ‘Hoje é muito fácil identificar esse tipo de pessoas’, porque hoje, ‘com o liberalismo né?!’ e com o respeito que a gente tem que ter a eles, ele já vem com o ‘nome fantasia’, eles já se identificam, e aí no falar, no andar, você começa observar algo diferente, a gente né, dá pra perceber bem, ‘quando eles não falam, visivelmente dá pra perceber que tem algo diferente’. |
Ainda tem muito tabu em relação a isso, né? ‘É uma coisa nova’, eles cada vez mais se impondo, tendo um lugar na sociedade, e o que acontece? Eu vou contar minha experiência recente, eu estava numa clínica cirúrgica e dos pacientes, um dos clientes, tava numa enfermaria feminina, e um dos clientes, quando eu fui ver, fui dar assistência, percebi que tinha algo diferente, ‘porque assim, nunca vão ser 100% uma mulher’, sempre vai ter alguma coisa, alguma característica do sexo deles de nascença, entendeu?! E o que acontece, eu fui dar um bom dia, fui falar com essa pessoa, essa pessoa me respondeu, e ali pela voz, eu vi também que não era, né?! E mesmo assim, ele estava com o nome social e nesta unidade, ‘ele estava numa enfermaria feminina porque é direito, é lei’. Mas tratei normalmente, como outro cliente qualquer. De imediato, por mais que você não queira discriminar ou tratar como um todo, mas tem uma certa diferença. ‘Você percebe que o teu olhar para aquela pessoa é diferente’, não o cuidado, o cuidado vai ser o mesmo, se você tiver que dar assistência você vai dar, mas tem uma diferença. Eu não tô sabendo me expressar aqui, mas você vê que tem algo diferente. ‘O quê que aquela pessoa tá fazendo ali numa enfermaria feminina, já que a genitália dessa pessoa, desse paciente que eu tô me referindo era masculina’. Porque eu preparei esse paciente para o centro cirúrgico, então eu acabei vendo, um rosto feminino, com órgão masculino, com a fala tentando ser feminina, mas tem algo masculino. E assim, o impacto, você olha assim, é um impacto muito grande. Reinquirição: Mediante tudo isso, você se sentiu preparada para aquele atendimento? R: Não, você se acostuma com o atendimento. Eu preciso dar o atendimento e eu vou atender aquela pessoa que está ali, mas assim, a gente não tá preparada para atender esse tipo de pessoas. Foi um atendimento, na sua opinião, fácil ou difícil? R: Se tornou fácil, porque a gente com a nossa experiência, a gente vê o paciente como um todo, mas no primeiro momento, difícil. |
Pessoa 2 |
Atende, a gente atende. Até porque o serviço e público, a gente observa às vezes. Porque no setor em que eu trabalho atualmente a clientela é feminina, a gente percebe pela postura da pessoa, a roupa que usa, às vezes a gente percebe que é diferente da maioria, é isso. |
Não. Difícil não foi. Eu trato normal, dá aquela distância que a gente sempre dá do profissional paciente, tratando com respeito, porque cada paciente tem uma, como eu posso dizer, está me fugindo o termo, uma especificidade. Não, uma característica diferente, digamos assim. E a gente vai tentando chegar próximo ao paciente de acordo com a característica de cada um, né?! Uma dificuldade de modo geral não, até por conta dos anos de experiência que eu tenho, já me facilita essa aproximação com o cliente. |
Pessoa 3 |
Sim, já atendemos sim. E a gente identifica muitas das vezes pelo nome social e dependendo da situação do paciente, se ele tiver um tempo com você, se ele se sentir à vontade com você, as vezes ele passa pra gente a sua situação, a vida dele. A gente atende sim, já atendi vários pacientes. |
Então muitas das vezes eu me peguei, assim, sem saber como me comportar, como, por incrível que pareça a gente está lidando o tempo inteiro com pessoas, com as doenças, com as molestas, mas a gente acaba, ‘o preconceito é uma coisa que (às vezes) está dentro da gente, e mesmo que você não queira passar, você acaba tratando ou não sabendo a forma certa de lidar por falta de conhecimento’, esclarecimento mesmo, entendeu? Reinquirição: P: Não se sentiu preparada, não foi fácil? R: Não, não. Não me senti preparada, eu acho que a questão do preconceito, mesmo a gente que é profissional de saúde, que lida com várias pessoas, vários comportamentos, a gente não está preparado. Eu não me senti preparada no atendimento em alguns casos que chegaram até mim, não. |
Pessoa 4 |
Alguns nomes nunca ouvir falar não, eu já cuidei de pessoas na DIP, a gente cuida das pessoas, cuida do ser humano, não importa o que seja. Você tem que tratar bem as pessoas e com carinho, porque muitas vezes as pessoas têm problemas e não é nem aquilo e imaginam muitas coisas. |
Normal, porque é um ser humano, você tem que tratar eles normais. ‘Não ter escrúpulos nenhum, como eu não tenho’. Foi fácil, porque as pessoas, como eu já falei, você tem que cuidar da pessoa pensando no amanhã: se fosse uma pessoa da sua família, se fosse um amigo ia tratar mal? Não. Por que então vai tratar a outra pessoa mal? Eu penso assim. |
Pessoa 5 |
É, em especial trabalhando com os pacientes na DIP, sem nenhum problema, sempre tive um bom relacionamento e a identificação sempre com muito respeito e nunca tive nenhum problema. Normalmente, 98% deles falam pra gente, se estiver num setor específico, eles falam sempre. |
Normal, tentando ouvir sempre as questões sociais, quando eles têm, quando eles se sentem livres pra falar... ouvir e tratar da melhor forma possível, conversando, apoiando, aconselhando, enfim. Eu me identifiquei muito, achei muito legal. Profissionalmente, dá pra atuar diretamente, e até no fator psicológico a gente tem grande influência, quando se adequa a esse tipo de paciente. |