Iniquidades quanto à disponibilidade de unidades de apoio |
... eu gostaria que tivesse realmente uma âncora, uma estrutura física em cada sítio... Eu fico achando que os pacientes do [nome do sítio] eles têm mais... benefícios, que não precisa se deslocar, pagar passagem... eles todos moram lá perto... não precisa acordar tão cedo para vir pegar ficha na cidade... seria legal, né, que todos os sítios tivessem sua âncora... pra que não precisasse a gente ter sala emprestada, de uma unidade de saúde na cidade. A gente tem uma sala para toda a equipe. Então, a médica, ela atende na frente do dentista, do enfermeiro, de quem tiver na sala... isso é invasão de privacidade... (E7)
... a equipe vai pra unidade âncora.... a gente acompanha e vai pras escolas no caminho... a equipe saiu pra ir pra uma escola, o pessoal fica cobrando. ‘Ah, mas foi pra escola, não vai ter atendimento, não?’... o pessoal ainda busca muito a parte curativa em relação à parte de promoção de saúde. (E5) A equipe, ela tem por volta de 9 a 10 âncoras. Só que cadeiras odontológicas, nós temos em seis dessas âncoras... a ideia da gestão é que em todos os sítios tenha uma cadeira odontológica. Melhorou muito... Antes, você tinha três cadeiras. Você já tem seis unidades com cadeira, e a ideia da gestão é ampliar para todos da zona rural. (E11)
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Equidade direcionada ao enfrentamento do câncer bucal |
... a gente tenta sempre fazer essa promoção de saúde voltada ao uso do cigarro para evitar que eles usem... a maioria dos agricultores usar boné para fazer a colheita, protetor solar, protetor labial... (E7)
... a gente tá tendo muito caso, câncer... Como aqui é uma região muito quente, não tem proteção... não tem um protetor. Porque poderia promover alguma coisa, para essa questão... de protetor solar, quanto protetor labial. Eu pego muitos pacientes com os lábios que têm aquelas cicatrizes brancas... E ali pode se desenvolver um câncer. E eu sempre converso... ‘olhe! O senhor vai na farmácia, compre um protetorzinho labial, que é transparente’. Eles já têm aquela brutalidade da lida. Muitos não vão... (E10)
Com relação ao grupo de fumantes... a cada mês, vai um dentista da equipe para desenvolver um trabalho... o município fornece os adesivos, os remédios... a tentativa de orientação pra ver se ele desmama. Se ele para de fumar... todo fumante eu tenho uma atenção maior, quando tem o tabagismo e o álcool, com relação ao exame clínico da busca ativa do carcinoma espinocelular, a gente sabe que é um grupo mais de risco... quando eu vou pra palestra, no grupo de fumantes, eu organizo uma fila, levo o material pra eu fazer o exame clínico... porque o carcinoma, ele é pouco divulgado... Porque normalmente quando a gente descobre, que vai encaminhar, ele já tá muito avançado. Então, assim, eu faço busca ativa das lesões, as lesões pré-cancerígenas, é uma leucoplasia, uma eritroplasia... As lesões que observam pré-cancerígenas eu já fico atento... (E11)
Já peguei pacientes que eu descobri câncer no começo e se curaram, já perdi alguns... Aparecem alguns... geralmente são fumantes que andam no sol, tem parentes que já têm câncer bucal. Então, quando aparece assim, uma lesãozinha, já dou uma avaliadazinha, eu já mando para o buco. O buco faz a biópsia. Já encaminho, e noventa por cento dos casos já dá, e ele já começa o tratamento logo cedo... (E12)
... eu faço mais [palestras sobre câncer] para a parte dos homens, porque eles são os que trabalham mais em roça, lá no sol... eu tenho palestras prontas para isso... (E12)
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Rede de apoio resolutiva |
... há bastante valorização do CEO... é um prédio já novo... o município nem conta com tanto recurso, e o coordenador dá um jeito de inserir algum tipo de prótese que não seja só total... tenta fazer algo diferente... (E4)
... a gente tem uma rede de apoio, de referência, contrarreferência, que ajuda muito... a gente tem o CEO aqui, e tem as especialidades de periodontia, cirurgia, endodontia e Odontopediatria. (E9)
... eu encaminho para a clínica do LINCCO [Liga Interdisciplinar de Combate ao Câncer Oral], na universidade... A secretaria dá esse suporte... Manda um carro para o paciente ser levado... E a gente tenta fazer este trabalho, inclusive com os outros dentistas do município... Quando já tem o diagnóstico positivo, o LINCCO já encaminha pra FAP [Fundação Assistencial da Paraíba]... quando é assim, a contrarreferência não vem, mas eu sei por causa do Agente de Saúde... quando ele chega em casa, eu acompanho. O médico da equipe acompanha com a gente. (E11)
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Fragilidades na rede de apoio |
Não tem referência de CEO lá... Aí a gente não consegue pactuar pra CEO... A única parte que tem assim de pactuação é a parte médica... se você encaminha pra o CEO de [município de médio porte], eles não dão resposta. É como se não tivesse vinculado. Aí, normalmente, a demanda vai encaminhada, não por encaminhamento, né, porque não tem a parceria… mas é mais de informação, pra faculdades... (E5)
... eu sempre atendo urgência. Independente de marcar... são sempre extração... não tem CEO... pra fazer um canal... ele tem que ir em João Pessoa... pra poder ir outro dia, pra poder fazer o canal... por mais que a cidade forneça o ônibus... os pacientes não querem, porque eles não sabem... se eles vão conseguir marcar... antes da pandemia... a gente encaminhava para o HU [Hospital Universitário]. Com a pandemia, perdemos esse convênio... por mais que a gente sempre fale, pra renovar... a Odontologia fica esquecida mesmo... a gente conseguiu um favor pra encaminhar pra o Coca, em João Pessoa... Só que aí, pra agendar, tem que ir lá. É toda uma dificuldade... os pacientes não vão... Nem tem convênio, nem tem pra onde encaminhar, nem tem o que fazer, nem tem como ajudar o paciente. (E14)
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