Queridas irmãs,
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Saudamos vocês com um caloroso abraço e queremos compartilhar uma excepcional, rica e significativa experiência que pode incluir todas nós.
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A Assembleia de Saúde do Povos (sigla PHA, em inglês), realizada em Bangladesh, de 4 a 8 de dezembro de 2000, reuniu cerca de 1500 pessoas de quase 100 países de todo o mundo. Tive o privilégio de ser uma dos 30 participantes dos 10 países da América Latina nesse grande evento.
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Durante um período de 10 anos, oito ONGs juntaram recursos para criar, organizar, coordenar e patrocinar esta oportunidade incomum de reunir, vindos de todos os cantos da Terra, amantes da vida, comprometidos com a luta por justiça e paz: saúde para todos.
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Pela primeira vez, uma plataforma internacional foi aberta para vozes inéditas de base.
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Foram convidados, para ouvir essas vozes e responder, muitos profissionais e especialistas de diversas áreas, como saúde, educação, economia, ecologia, agronomia, biodiversidade, análise social. E até mesmo políticos de alguns governos. A presença das mulheres era notável. Foi uma reunião colorida e inspiradora, que ensejou o intercâmbio entre diversas culturas e religiões do mundo. Todos os continentes tiveram representação.
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A dinâmica e o intercâmbio de experiências ultrapassaram os limites do tempo e da imaginação através do impressionante despertar da consciência global a partir das experiências locais.
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Muito ansiosa no sentido de fazer uma síntese de todas as questões, eu gostaria apenas de compartilhar alguns dos resultados que aparentemente tocam à missão da Notre Dame em todos os lugares:
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- Questões antes não respondidas (a nível nacional ou internacional) foram ouvidas, obtiveram apreciação, resposta e orientação.
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- Foram contados mais de 400 testemunhos, histórias e apresentações dos quatro cantos do mundo.
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- Indígenas, refugiados, sem-terra, vítimas do sistema racial e de castas, fisicamente mutilados, agentes comunitários de saúde, agricultores, trabalhadores e desempregados foram reveladores em suas expressões de sofrimento, enquanto lutavam para criar métodos de sobrevivência e programas de promoção da saúde nas comunidades. Os sistemas de saúde falham e muitas vezes deixam de contemplar as populações mais pobres. Ouviram-se, portanto, seus apelos por apoio internacional.
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- Assumiu-se o compromisso de unir todos os esforços locais em uma força global para minorar as injustiças concernentes tanto ao sistema econômico, quanto ao sistema de saúde, injustiças essas, que oprimem os pobres em todos os países. A capacitação dos movimentos de base oferece energia e coragem para a participação da comunidade em tempo integral.
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'Desunidos nós imploramos; unidos nós exigimos'.
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- A Assembleia marca o início de um novo movimento internacional de solidariedade pela mudança. A criação de um Centro Internacional de PHA para a continuidade do processo iniciado está em andamento.
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- A saúde é um direito humano: todas as pessoas, independentemente de cor, origem étnica, religião, sexo, idade, habilidades, orientação sexual ou classe, têm direito a uma VIDA com dignidade.
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- Ênfase em 'Pessoas, Não Lucros'. Enfatiza-se claramente o impacto negativo das ações empreendidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), pelos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio (sigla Trips, em inglês), pelo Banco Mundial, pelo FMI e pelas Empresas Transnacionais (sigla TNC, em inglês), com seu acordo comercial que produzirá medicamentos completamente fora do alcance dos pobres do mundo, assim como se destacam outras implicações negativas na saúde das pessoas.
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A PHA se compromete a exigir alterações no acordo Trips com vistas a assegurar que todos os indivíduos tenham acesso à medicação necessária.
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- O importante aprimoramento da educação, que enseja uma melhor compreensão das causas dos sistemas opressivos de saúde, será parte do processo em curso, de modo que as estratégias desenvolvidas no processo de transformação possam resultar em benefícios permanentes para os pobres do Sul e do Norte.
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'Os filósofos só interpretaram o mundo; a questão é mudá-lo'.
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- Poder do Povo:
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'A história nos ensina que, quaisquer que tenham sido as mudanças que ocorreram, foram através do povo'.
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'Nós alcançamos isso (mudança social) não por métodos convencionais, mas através da mobilização de base'.
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'A comunidade deve ser um ator participativo no sistema de saúde, pois este é para ela tanto projetado quanto dirigido'.
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Ani C. Wihbey, SND (Brasil) ASSEMBLEIA DE SAÚDE DOS POVOS - 2000
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GONOSHASTHAYA KENDRA BANGLADESH
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