Resumo
A “prostituição” é uma das principais preocupações do feminismo, e a posição em relação a ela polarizou as feministas como quase nenhuma outra questão. Na Argentina este debate teve como um de seus primeiros cenários o Encontro Nacional de Mulheres (ENM), realizado todos os anos desde 1986, reunindo milhares de mulheres, algumas das quais se identificam em diferentes graus com o feminismo - algo que varia de ano para ano. Durante três dias elas discutem questões que consideram relevantes para o movimento de mulheres. Neste trabalho analiso as mudanças e continuidades em discussões sobre “prostituição” no ENM, dando atenção à forma como elas se relacionam com as mudanças nas preocupações públicas nacionais e com as diferentes reivindicações dos feminismos. Reflito sobre quais perspectivas sobre sexo comercial tiveram ou não lugar e quais feminilidades foram construídas como legítimas para reivindicar direitos. O corpus de fontes é composto pelas listas de oficinas e pelos livros de conclusões dos 32º ENM, bem como os debates que circularam nas redes sociais após o pedido de Associação de Mulheres Prostitutas da Argentina para reincorporar a oficina “Mulher e trabalho sexual” no 31º ENM (2016); e por registros etnográficos de quatro oficinas sobre “prostituição” das quais participei.
Palavras-chave:
prostituição; feminismo; debate; direitos; reconhecimento