Resumo
No Oeste do estado do Rio Grande do Sul, há manchas de areia (denominadas areais) inseridas na paisagem do Pampa brasileiro. Estes areais são associados a depósitos eólicos instáveis e/ou estáveis e representam a herança de climas mais secos do que o atual, fornecendo evidências paleoclimáticas importantes para a compreensão da evolução desta paisagem. Atualmente, os depósitos de areia, que têm sua gênese em climas secos, estão sujeitos, ao mesmo tempo, à ação eólica, nas estações secas, e às erosões superficial e subsuperficial, em estações chuvosas, o que remobiliza os sedimentos inconsolidados, dando início ao processo de arenização e à formação de areais. Propõe-se, neste estudo, identificar, classificar e mapear estas paleofeições eólicas (depósitos eólicos estáveis e areais), na sequência, busca-se compreender suas dinâmicas erosiva e deposicional e, por fim, avaliar os contextos da evolução e da pressão agrícola dos sistemas de pastoreio e das monoculturas na área de estudo, os quais caracterizam o Pampa. Pode-se afirmar que os depósitos eólicos estáveis exibem formas remodeladas pelas erosões pluvial e fluvial, apresentando, ainda, diferentes graus de preservação morfológica, em relação àquelas do passado recente, razão pela qual o relevo de colinas atuais pode ser associado aos campos de dunas longitudinais do Holoceno. Quanto à dinâmica agrícola, a conversão de uso destas colinas, sobretudo, de campo herbáceo, utilizado para o pastoreio, em áreas de monoculturas arbóreas e de grãos intensificou a pressão sobre os recursos hídricos, sobre a vegetação herbácea e sobre os solos (Neossolos Quartzarênicos), particularmente sensíveis às erosões hídrica e eólica.
Palavras-chave:
Dinâmica eólica continental; Quaternário; Formações superficiais Dinâmicas agrícolas