Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Editorial

Os temas de investigação que vêm sendo analisados em SOCIOLOGIAS apresentaram algumas inquietações intelectuais acerca das transformações do padrão de trabalho científico na Sociologia Contemporânea. O dossiê deste 15º número, Complexidade, organizado por Maíra Baumgarten e Gilson Lima, repõe algumas das questões recorrentes: "O que é complexidade? Quais os significados do conceito? Que debates estão nele contidos? Um conhecimento complexo ou uma sociedade e uma natureza complexas que lançam o desafio do desenvolvimento de modos de conhecer que trilhem as sendas da complexidade sem perder de vista suas limitações? Quais as reais mudanças nas formas de conhecer?".

Ao tratar dessas questões, intrincadas e tensas, os autores e autoras - Maíra Baumgarten, Maria Manuel Araújo Jorge, Carlos Massé Narváez, Alexandre Virgínio, Gilson Lima, Clarissa Eckert Baeta Neves, Fabrício Monteiro Neves, Olga Pombo e Adroaldo Gaya – compõem uma miríade de respostas e desafios ao conhecimento sociológico, "uma boa forma de lidar com as incertezas do mundo contemporâneo".

Os três artigos que seguem multiplicam nosso olhar sociológico. Raquel Sosa Elízaga, em "Exclusión y conocimiento social", deslinda a confusão sobre quem são e como se comportam os sujeitos sociais. Redimensionar as formas da presença social dos excluídos, em sua diversidade, em suas expressões contraditórias, no exercício de direitos surge como uma das grandes tarefas da Sociologia.

Rodrigo Constante Martins, em "Representações Sociais, instituições e conflitos na gestão de águas em territórios rurais", analisa, com novas ruralidades, o debate sobre a composição de distintos interesses sociais em instâncias de gestão ambiental e gestão territorial. Enfim, Claudia Neves da Silva volta-se para a "Igreja Católica, assistência social e caridade" e percebe a concepção de direito social expressa nas ações das pastorais sociais, investigando a Igreja Católica de Londrina, Paraná.

Na seção Interfaces, Richard Miskolci, em "Machado de Assis, o Outsider estabelecido" analisa a condição de Machado como um outsider estabelecido, posição que marcou sua crítica aos "homens de ciência" e sua resistência às idéias hegemônicas em seu tempo.

A resenha elaborada por Fábio Dal Molin sobre o livro "Ganchos, Tachos e Biscates: jovens, trabalho e futuro", de José Machado Pais, de Lisboa, revela como o autor estuda a juventude contemporânea, considerando as trajetórias complexas e não-lineares de jovens, suas variadas estratégias de sobrevivência, em um contexto de trabalho precário ou ilegal, em Portugal. Ressalta a pluralidade das metodologias utilizadas - entrevistas em profundidade individuais e em grupos, etnografia - e o vigor da análise teórica, heterogênea e contemporânea.

Outra resenha, de Leandro Raizer, acerca do livro "La complexité, vertiges et promesses. 18 histoires de sciences", organizado por Redá Benkirane, apresenta as reflexões de 18 pesquisadores de diversas ciências - campo da informação, biologia, inteligência artificial, física, sociologia, filosofia e história das ciências – discutindo o tema da complexidade e seu crescente impacto nas diferentes áreas do conhecimento.

Dos protocolos consensuais à polêmica, da diversidade aos cruzamentos, um leque de interrogações acerca das sociologias contemporâneas está presente neste número orientado pela Complexidade. Atalhos, caminhos e tentativas para elaborar uma nova teoria crítica que explique os labirintos da modernidade tardia, ou da pós-modernidade em crise, oferecidos ao gosto afiado de nossos leitores.

José Vicente Tavares dos Santos

Maíra Baumgarten

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Ago 2007
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43111 sala 103 , 91509-900 Porto Alegre RS Brasil , Tel.: +55 51 3316-6635 / 3308-7008, Fax.: +55 51 3316-6637 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revsoc@ufrgs.br