Acessibilidade / Reportar erro

Os Contornos e o Entorno da Nova Sociologia da Moral1 1 Tradução: Carolina Fernandes

The Contours and Neighbors of the New Sociology of Morality

Resumos

Neste ensaio vou expor brevemente como vejo o desenvolvimento do campo da Sociologia da Moral, com foco em seu potencial fundamentalmente interdisciplinar, destacando os estudos e tradições que merecem ser incorporados à sociologia. A moral, como tema de investigação da ciência social, perpassa os campos da psicologia (social e do desenvolvimento), sociologia, antropologia, neurociências e economia. Aqueles entre nós implicados no seu desenvolvimento afirmam que ela serve de fundamento para toda a organização e interação social. Assumo, implicitamente, a posição do filósofo Charles Taylor e do sociólogo Christian Smith de que os seres humanos vivem envolvidos em teias de significados, pelas quais são moldados, conforme versões de "certo" e de "bem". Os seres humanos são fundamentalmente morais, não no sentido de serem convencionalmente altruístas ou de se preocuparem com os outros, mas de que as pessoas humanas, por serem seres sociais habitando um espaço social, devem assumir posições sobre temas relevantes nessas sociedades e grupos. As pessoas, de um modo geral, nesse meu paradigma, ancoram seus sentidos de si em posicionamentos morais, padrões que oferecem um solo a partir do qual dão sentido ao mundo através de lentes morais. Uma sociologia da moral compreende a formação dessas crenças, sua relativa imutabilidade ou as circunstâncias pelas quais elas mudam, sua influência sobre a ação e sua reconstrução retrospectiva diante de efeitos desajustados ou de pressões sociais.

Moral e interdisciplinaridade; Psicologia da moral; Antropologia da moral


In this essay, I will briefly cover the field as I see it developing, with an eye to its fundamentally interdisciplinary potential, highlighting studies and traditions that are worth incorporating into sociology. Morality as a topic of social science inquiry crosses the fields of psychology (developmental and social), sociology, anthropology, neuroscience, and economics, and those of us invested in its development argue that is serves as an underpinning for all social organization and interaction. Implicitly, I take the position that the philosopher Charles Taylor (1989) and the sociologist Christian Smith (2003) offer, that human beings are inextricably living within and shaped by webs of moral meanings, versions of the 'right' and the 'good'. Human beings are fundamentally moral, not in the sense of being conventionally altruistic or caring about others, but that human persons (SMITH, 2009) must, as a product of being social beings living in social space, take positions on issues important in those societies and groupings. People, as a rule, within my paradigm, anchor their senses of self within these moral positions, standards that offer an anchor from which to make sense of the world through a moral lens. A sociology of morality encompasses the formation of these beliefs, their relative immutability or the circumstances through which they change, their influence on action, and their retrospective reconstruction in the face of disconfirming feedback or social pressures.

Morality and interdisciplinarity; Moral psychology; Moral anthropology


Introdução

É uma honra ser convidado para contribuir com o dossiê sobre Sociologia e Moral, junto e em homenagem a importantes membros da área. Neste artigo, abordarei brevemente a área, como a vejo se desenvolver, com um olhar para seu potencial fundamentalmente interdisciplinar, destacando estudos e tradições que merecem ser incorporadas à sociologia. A moral, como um tópico de investigação nas ciências sociais, envolve as áreas da psicologia (do desenvolvimento e social), sociologia, antropologia, neurociências e economia. Aqueles de nós dedicados ao seu desenvolvimento argumentam que ela serve de fundamento para toda a organização e interação social. Sob muitos aspectos, o campo da moral é o mais antigo na sociologia e, no entanto, esteve estagnado por muitos anos. Felizmente, parece ter sido revigorado em anos recentes e está maduro, com potencial para conectar subdisciplinas dentro da área, bem como as várias ciências sociais, de maneira geral.

Os escritos dos primórdios da sociologia tinham como foco questões sobre o espaço moral, crenças morais, compreensão moral, relações morais e ação moral na sociedade (HODGKISS, 2013). Tal interesse decresceu durante a segunda metade do século passado, talvez em resposta à natureza totalizadora percebida no projeto de Parsons para organizar e unificar a sociologia (JOAS; KNOBL, 200969 JOAS, Hans; KN OBL, Wolfgang. Social Theory: Twenty Introductory Lectures. Cambridge: Cambr idge University Press, 2009.) ou como reação à ideia de que estudar fenômenos "culturais", como crenças e valores, serviria para justificar desigualdades e opressão. De qualquer maneira, os últimos anos presenciaram um bem-vindo ressurgimento dos estudos sociológicos sobre a moral (HITLIN; VAISEY, 201059 HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (Eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: S pringer, 2010.; HITLIN; VAISEY, 201360 HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen. The New Sociology of Morality. In: Annual Review of Socio logy 39, 2013, p. 51-68.; LUKES, 200880 LUKES, Steven. Moral Relativism. New York: Picador, 2008.; SMITH, 2003109 SMITH, Christian. Moral, Believing Animals: Human Personhood and Culture. United States of America: Oxford University Press, 2003.; TAVORY, 2011) com abordagens sobre antecedentes, processos e consequências da moral perpassando a disciplina (ABEND, 2014ABEND, Gabriel. The Moral Background: An Inquiry into the History of Business Ethics. Prin ceton, New Jersey: Princeton University Press, 2014.; BLAIR-LOY, 201015 BLAIR-LOY, Mary. Moral Dimensions of the Work-Family Nexus. In: HITLIN, Steven; VAISEY, S tephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 439-53.; FOURCADE; HEALY, 200731 FOURCADE, Marion; HEALY, Kieran. Moral Views of Market Society. In: Annual Review of Socio logy, 33, 2007, p. 285-311.; IGNATOW, 2009a62 IGNATOW, Gabriel. Culture and Embodied Cognition: Moral Discourses in Internet Support Gr oups for Overeaters. In: Social Forces 88(2), 2009a, p. 643669.; STETS; CARTER, 2012; WINCHESTER, 2008) e com a introdução de uma nova seção sobre Altruísmo, Moral e Solidariedade Social na Associação Americana de Sociologia (JEFFRIES, 2014). Embora o estudo da moral como uma linha específica da sociologia seja relativamente novo, disciplinas correlatas desenvolveram trabalho sobre temas relacionados durante esse período de inércia sociológica. Psicologia social, antropologia, neurociência e psicologia do desenvolvimento têm explorado um grande número de micro e macro mecanismos compreendidos no domínio da moral, abrangendo desde crenças culturais (SHWEDER; MAHAPATRA; MILLER, 1987ABEND, Gabriel. The Moral Background: An Inquiry into the History of Business Ethics. Prin ceton, New Jersey: Princeton University Press, 2014.) até influências estruturais (INGLEHART; BAKER, 200064 INGLEHART, Ronald; BAKER, Wayne E.. Modernization, Cultural Change, and the Persistance of Traditional Values. In: American Sociological Review, 65(1), 2000, p. 19-51.), comportamento grupal (HAIDT; HERSH, 200145 HAIDT, Jonathan. The Emotional Dog and Its Rational Tail: A Social Intuitionist Approach to Moral Judgement. In: Psychological review 108(4), 2001, p. 814-34.), percepções individuais (GREENE, 201343 GREENE, Joshua. Moral Tribes: Emotion, Reason, and the Gap Between Us and Them. New York: Penguin, 2013.).

De maneira geral, trato o estudo empírico da moralidade de modo pluralista e generalista. Seres humanos, colocando em termos banais, são complicados. Somos multifacetados, mutantes, em desenvolvimento, calculistas, emocionais, ilógicos e, muitas vezes, falta-nos autoconsciência. As influências sobre nosso comportamento abrangem desde processos históricos que não podemos identificar, até forças estruturais que limitam nossas escolhas, forças culturais que moldam nossa capacidade de pensar e sentir, padrões interacionais no âmbito das famílias e comunidades, experiências individuais peculiares e anomalias biológicas que moldam nosso comportamento e as percepções fundamentais de nós mesmos. Dada essa multiplicidade, o alcance das influências conscientes e inconscientes sobre nossas vidas - das quais a maioria das pessoas mal se apercebe -, considero um erro essencializar ou privilegiar qualquer disciplina, teoria ou paradigma para compreender a moral. Todas essas "peças móveis" (HITLIN, 200857 HITLIN, Steven. Moral Selves, Evil Selves: The Social Psychology of Conscience. New York: Palgrave Macmillan, 2008.) estão entrelaçadas, de modo complexo e, algumas vezes, inexplorado, com micro experiências sendo conectadas a macro fenômenos e macro forças incorporadas em micro interações (COLLINS, 198118 COLLINS, Randall. On the microfoundations of macrosociology. In: American Journal of Socio logy, 1981, p. 984-1014.; GIDDENS, 198436 GIDDENS, Anthony (Ed.). The constitution of society introduction of the theory of structur ation. Berkeley: University of California Press, 1984.; TURNER, 1987128 T URNER, Ralph H. Articulating Self and Social Structure. In: YARDLEY, K.; HONESS, T. (eds.). Self and Identity: Psychosocial Perspectives. United States of America: John Wiley & Sons, Ltd, 1987. P. 119-132.).

A sociologia, como disciplina, tenta estabelecer pontes entre as forças macro estruturais e culturais - que existem para além dos e anteriormente aos indivíduos que constituem a sociedade - e a experiência vivida e influências não percebidas sobre os comportamentos, pensamentos, sentimentos e percepções auto-reflexivas desses indivíduos. No âmbito da teoria sociológica, o final do século 20, envolveu debates sobre a natureza das conexões entre estrutura e ação, micro e macro, entre outros termos para esta relação recíproca. A moral é um caso especial e exemplar dessa relação recíproca. Construtos morais existem em múltiplos níveis analíticos. Unidades sociais, desde grupos até instituições e sociedades, comungam um sentido de moral. Na verdade, é isso que significa compartilhar uma "cultura", compartilhar significados e percepções morais, que formam os acordos tácitos do pertencimento a essa unidade social (VAISEY; LIZARDO, 2010132 V AISEY, Stephen; LIZARDO, Omar. 2010. Can Cultural Worldviews Influence Network Composition? In: Social Forces, 88(4), 2010, p. 1595-1618.). Isso está na essência do que Durkheim (1965[1912]) propôs como tema central para a sociologia. Contudo, existe simultaneamente a "ordem da interação" (GOFFMAN, 198340 GOFFMAN, Erving. The Interaction Order: American Sociological Association, 1982 Presidenti al Address. In: American Sociological Review 48(1), 1983, p. 1-17.), uma ordem social fundamentalmente moral (RAWLS, 198792 RAWLS, Anne Warfield. The Interaction Order Sui Generis:Goffman's Contribution to Social T heory. In: Sociological Theory, 5(2), 1987, p. 136-149.; 198993 RAWLS, Anne Warfield. Language, Self, and Social Order: A Reformulation of Goffman and Sac ks. In: Human Studies, 12(1-2), 1989, p. 147-172.; 201094 RAWLS, Anne Warfield. Social Order as Moral Order. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (e ds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 95-122.), regras comportamentais estabelecidas nas interções face-a-face que permeiam os agrupamentos sociais. As instituições canalizam orientações coletivas, voltadas para o justo e o bom (JACKALL, 198865 JACKALL, Robert. Moral Mazes: The World of Corporate Managers. New York: Oxford Universit y Press, 1988.; SNYDER, 2013111 SNYDER, Ben jamin H. From Vigilance to Busyness: A Neo-Weberian Approach to Clock Time. In: Sociological Theory, 31(3), 2013, p. 243-266.), enquanto atores sociais individuais desenvolvem uma compreensão socialmente moldada de si mesmos como pessoas "morais" (HITLIN, 200857 HITLIN, Steven. Moral Selves, Evil Selves: The Social Psychology of Conscience. New York: Palgrave Macmillan, 2008.; SMITH, 2003109 SMITH, Christian. Moral, Believing Animals: Human Personhood and Culture. United States of America: Oxford University Press, 2003.; STETS; CARTER, 2006).

Este artigo inclui um panorama certamente breve do campo da sociologia da moral e de algumas importantes disciplinas correlatas, uma vez que essas podem aportar conhecimento à nossa disciplina. Assumo, sem reservas, a posição do filósofo Charles Taylor (1989) e do sociólogo Christian Smith (2003)109 SMITH, Christian. Moral, Believing Animals: Human Personhood and Culture. United States of America: Oxford University Press, 2003., de que os seres humanos estão vivendo inextricavelmente dentro e são moldados por redes de significados morais, versões do "certo" e do "bom". Os seres humanos são fundamentalmente morais, não no sentido de serem convencionalmente altruístas ou de importarem-se com os outros, mas de que pessoas humanas (SMITH, 2009110 SMITH, Christian. What is a Person? Chicago: University of Chicago Press, 2009.) devem - em razão de serem seres sociais vivendo num espaço social - assumir posições sobre questões importantes naquelas sociedades e grupos. Agir de maneira neutra ou sistematicamente não engajar-se em debates e discussões sobre questões morais localmente importantes seria o mesmo que ser visto como alheio à ordem local, de certa forma, ter colocada em dúvida sua capacidade intelectual. Ser um ator estritamente racional é evidenciar formas de autismo social; seres humanos devem demonstrar, ao menos, um mínimo de preocupação com as crenças de outros, ou correm o risco de ser julgados como membros não adequados para aquela comunidade social (HITLIN; ANDERSSON, 201358 HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.). Tampouco um membro ativo, integrado à comunidade social, pode adotar posições morais arbitrárias ou mudar constantemente suas crenças fundamentais. Não somos seres perfeitamente coerentes, mas, na modernidade, alegar que não temos um núcleo moral é visto como uma falha fundamental de caráter. Crenças externas sobre certo e errado, obrigações e proibições morais (BANDURA, 200811 BANDURA, Albert. Toward an Agentic Theory of Self. In: MARSH, Herbert W.; CRAVEN, Rhonda G.; MCINERNEY, Dennis M. (eds.). Self-Processes, Learning, and Enabling Human Potential. United States: Information Age Publishing, 2008. P. 15-49.) são internalizadas pelos indivíduos (FIRAT; MCPHERSON, 201027 FIRAT, Rengin; MCPHERSON, Chad Michael. Toward an Integrated Science of Morality. In: HITL IN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 361-384.) e orientam o julgamento de ações - próprias e de outros - ou restringem aqueles pensamentos e comportamentos vistos como imorais, errados ou imperdoáveis - algo que em outros textos eu denomino "luzes brilhantes" ou "linhas brilhantes" (HITLIN, 200857 HITLIN, Steven. Moral Selves, Evil Selves: The Social Psychology of Conscience. New York: Palgrave Macmillan, 2008.).

Isso não significa que seres morais, ideologias morais ou sistemas morais são tão coerentes e indiferenciados quanto os trabalhos de Parsons ou Durkheim podem sugerir. Vivemos em um mundo de estruturas, códigos e ideologias concorrentes, onde não importa qual seja o seu sistema de crenças, você está ciente dos sistemas concorrentes. Isso pode levar as pessoas a acreditarem mais, ou menos, em suas próprias ideologias; os efeitos de sistemas morais plurais sobre o indivíduo são questões empíricas, com as influências provavelmente divergindo através do tempo e espaço.

Diferentes grupos, países ou subgrupos dispõem de diferentes referências para decidir o certo e o errado, e algumas dessas abordagens são incomensuráveis. Contudo, os valores (SCHWARTZ, 2012102 SCHWARTZ, Shalom. Toward Refining the Theory of Basic Human Values. In: SALZBORN, Samuel; DAVIDOV, Eldad; REINECKE, Jost (eds.). Methods, Theories, and Empirical Applications in the Social Sciences. VS Verlag für Sozialwissenschaften, 2012. P. 39-46.) mais importantes para um grupo ou uma pessoa são, para esses, incontestáveis e vistos como evidentemente verdadeiros (JOAS, 200068 JOAS, Hans (Ed.). The Genesis of Values. Cambridge, UK: Polity Press, 2000.). Em meu paradigma, as pessoas, via de regra, ancoram seu senso de si nessas posições morais, padrões que oferecem um fundamento a partir do qual dar sentido ao mundo através de lentes morais. Uma sociologia da moral abrange a formação dessas crenças, sua relativa imutabilidade ou as circunstâncias em que elas mudam, sua influência sobre a ação e sua reconstrução retrospectiva frente a respostas invalidadoras ou pressões sociais. No entanto, vivemos em uma sociedade pluralista, muito mais alinhada à noção de Weber, da complexidade da vida social moderna (HITLIN; VAISEY, 201358 HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.) e, portanto, supor um sistema puro ou totalista é, provavelmente, uma tarefa inútil.

1. Definindo Moralidade

Desde o surgimento das ciências sociais, a moralidade foi considerada essencial para as relações humanas. Nos primeiros trabalhos de Durkheim (LUKES, 198579 LUKES, Steven. Emile Durkheim: his life and work; a historical and critical study. Stanford University Press, 1985.) e para Adam Smith (JAHODA, 200767 JAHODA, Gustav. A History of Social Psychology: From the Eighteenth-Century Enlightenment to the Second World War. United Kingdom: Cambridge, 2007.) os termos "social" e "moral" eram considerados intercambiáveis. Durkheim mudou para o termo "moral" para adequar-se a atuais tendências na linguagem, mas preferia o mesmo o termo social. Os fundadores da sociologia interessavam-se pelas dimensões morais da sociedade (LEVINE, 201078 LEVINE, Donald N. Adumbrations of a Sociology of Morality in the Work of Parsons, Simmel, and Merton. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 57-72.; POWELL, 201089 POWELL, Christopher. Four Concepts of Morality. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.) . Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 35-56.). A sociologia da moral, latente por longo período durante o século 20, ressurgiu como campo de estudo apenas no início do século 212. Em suas relevantes conclusões, Abend (2010)ABEND, Gabriel. What's new and what's old about the new sociology of morality. In: HITLIN , Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 561-584. e Lukes (2010)81 LUKES, Steven. 2010. The Social Construction of Morality? In: HITLIN, Steven; VAISEY, Ste phen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 549-560.oferecem algumas críticas construtivas às questões específicas envolvidas na abordagem sociológica. Eles se concentram em questões tais como: em que medida os sociólogos deveriam adotar uma perspectiva moral particular e que é preciso reconhecer que este é um tópico de estudo no qual seres humanos podem achar difícil libertarem-se de suas próprias propensões (LUKES, 200880 LUKES, Steven. Moral Relativism. New York: Picador, 2008.).

O estudo da moralidade é fundamentalmente interdisciplinar. A nova seção da Associação Sociológica Americana denominada Altruísmo, Moral e Solidariedade Social aponta para um dos principais usos do termo "moral" na sociologia, aquele das forças coesivas, pró-sociais subjacentes à sociedade. Meu uso de moral baseia-se nessa noção - certamente, noções convencionais de comportamento adequado ou recomendável estão na base daquilo que estudamos - mas sugiro um entendimento mais amplo. A moral inclui o estudo do altruísmo, uma variedade específica de orientações e comportamentos morais que visam promover o bem-estar dos outros (PILIAVIN, 200888 PILIAVIN, Jane Allyn. Altruism and Helping: The Evolution of a Field: The 2008 Cooley-Mead Presentation. In: Social Psychology Quarterly 72(3), 2008, p. 209-225.), bem como conceitos de solidariedade social, as forças que conduzem grupos e instituições sociais à coesão. A concepção sociológica de moral envolve dois sentidos (HITLIN; VAISEY, 201358 HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.): primeiro, existem os padrões antes citados, supostamente universais, de certo e errado, os quais se vinculam a questões de equidade, justiça e dano (TURIEL, 2002). Nesse sentido, "moral" é, de um modo geral, equivalente a "pró-social" ou "bom" e seu oposto é "imoral". Essa abordagem domina boa parte da psicologia moral e nichos da sociologia, especialmente no estudo do ego moral (STETS; CARTER, 2012) e do altruísmo.

Um segundo sentido envolve as próprias interpretações, e foca mais no conteúdo local de expectativas morais do que em designá-las a priori. Esse uso de moral extrapola o sentido de ajudar ou provocar dano a outros, envolvendo questões que Abend (2011)ABEND, Gabriel. Thick Concepts and the Moral Brain. In: European Journal of Sociology 52( 1), 2011, p. 143-72. denomina entendimentos "densos"; temas como piedade, dignidade, exploração e fanatismo. Essa forma de moralidade vê o conteúdo de sistemas morais mais com uma variável que é influenciada por uma série de fatores estruturais, culturais e históricos. É uma perspectiva que faz do conteúdo da moral a problemática empírica e teórica em si. O que as pessoas nessa instituição/ sociedade/grupo consideram moral, e o que consideram inaceitável? Este é um conjunto mais rico de potenciais áreas de estudo e seu oposto não é a "imoralidade", mas, simplesmente, algo que é "não-moral", fora do que é considerado moralmente relevante naquela circunstância. Abend (2014)ABEND, Gabriel. The Moral Background: An Inquiry into the History of Business Ethics. Prin ceton, New Jersey: Princeton University Press, 2014. usa a história da formação em Administração para demonstrar a importância de outro sentido ainda - o de "pano de fundo moral" - por meio do qual os sociólogos podem estudar as pré-condições que moldam os pressupostos que dão sentido a debates morais específicos.

Em sua acepção sociológica, a moral cobre tanto os sentidos tácitos como os explícitos compartilhados, que formam o clássico tema sociológico de "normas e valores". As sociedades humanas estabelecem padrões para julgar seus membros quanto às formas apropriadas, recomendáveis e indignas de pensar, sentir e agir. Isso significa que qualquer pensamento ou ação está potencialmente sujeito à aprovação ou louvor moral, mas é também passível de ser visto como violação da ordem moral. Qualquer ato pode identificar seu iniciador como pessoa, empregado ou membro de grupo de "má índole" e esses entendimentos são transmitidos a novos membros, podendo ser objetos de discussão ou disputa entre membros de grupos, tais como crianças discutindo com seus pais, ou partidos políticos debatendo suas prioridades em uma sociedade específica.

Podemos examinar a moral como uma variável independente, explorando as ramificações de conteúdo moral específico em relacionamentos, ações ou distribuição de bens e serviços em qualquer população. Uma perspectiva sociológica sobre esses, frequentemente, aponta para paradigmas mais ecologicamente válidos do que os paradigmas psicológicos tradicionais - frequentemente experimentais (HITLIN; VAISEY, 201358 HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.). Definir o conteúdo também permite a investigação dos antecedentes sociais estruturais dos vários aspectos morais da vida social, como o interesse de Schwalbe (1991)101 SCHWALBE, Michael L. Social Structure and the Moral Self. Pp. 281-303 In: HOWARD, Judith A .; CALLERO, Peter L. (eds.). The Self-Society Dynamic: Cognition, Emotion, and Action. New York: Cambridge, 1991. em ligar o indivíduo moral à sociedade ou a análise de Starks e Robinson (2007)113 STARKS, Brian; ROBINSON, Robert V.. Moral Cosmology, Relgion, and Adult Values for Children . In: Journal for the Scientific Study of Religion, 46(1), 2007, p. 17-35. de como a religião molda as perspectivas morais.

2. Abordagens sociológicas para um tema multifacetado

A sociologia, como disciplina, obtém força - e algumas críticas - pela grande variedade de abordagens teóricas e empíricas sob nosso domínio. Não temos a coesão metodológica disciplinar da psicologia, por exemplo, ou tampouco o paradigma teórico da economia (apesar desse estar se ampliando lentamente). A pesquisa sociológica varia entre qualitativa e quantitativa, micro e macro e abrange todas as facetas da vida humana - política, familiar, econômica e assim por diante. Isso significa que resumir o estado do conhecimento sobre um tema como a moral - que, pelas definições fornecidas aqui, navega por todas as dimensões da vida social organizada - é uma tarefa hercúlea e destinada a ser parcial e incompleta. Dito isso, forneço aqui um breve, e reconheço, limitado mapa de algumas tentativas notáveis de entender a moral a partir de perspectivas teóricas e empíricas. Esses projetos deveriam formar o corpus do que venha a tornar-se este incipiente campo que ressurge.

Talvez o apelo mais forte para que, na última década pelo menos, a moral estivesse mais no centro da pesquisa sociológica venha de um pequeno livro de Christian Smith (2003)109 SMITH, Christian. Moral, Believing Animals: Human Personhood and Culture. United States of America: Oxford University Press, 2003., seguindo as pegadas teóricas de Charles Taylor (1989)3. O livro defende a centralidade da moral para compreender os indivíduos e a cultura que os molda. Muitas outras abordagens notáveis sobre o tema surgiram nesse período, incluindo Joas (2000)68 JOAS, Hans (Ed.). The Genesis of Values. Cambridge, UK: Polity Press, 2000. e seu foco na natureza pragmática de descobrir valores pessoais, Lukes (2008)80 LUKES, Steven. Moral Relativism. New York: Picador, 2008. focando em questões de relativismo moral e de como essas se refletem em estudos científicos sociais da moralidade, e Sayer (200597 SAYER, Andrew. The Moral Significance of Class. New York: Cambridge University Press, 2005 .; 201198 SAYER, Andrew. Why Things Matter to People: Social Science, Values, and Ethical Life. Camb ridge: Cambridge University Press, 2011.) que vincula classe social com questões de percepção moral e defende noções de moral cautelosamente prescritivas nas ciências sociais. Alguns teóricos mais jovens (ABEND, 2011ABEND, Gabriel. Thick Concepts and the Moral Brain. In: European Journal of Sociology 52( 1), 2011, p. 143-72.; 2012ABEND, Gabriel. What the Science of Morality Doesn't Say About Morality. Philosophy of the Social Sciences, 2012, p. 1-42.; TAVORY, 2011) também ofereceram críticas e correções valiosas sobre como este campo incipiente deveria se desenvolver. Abend, em particular, delineia os contornos e a importância do "pano de fundo moral", das noções tácitas, frequentemente implícitas, socialmente compartilhadas que estabelecem as precondições para o tipo de temas geralmente estudados sob a umbrela da moral (ABEND, 2014). Este trabalho se baseia em abordagens clássicas das dimensões morais da cultura que moldaram o subcampo e refinaram-se no estudo mais amplo do fenômeno moral (LAMONT, 199276 LAMONT, Michele. Money, Morals, and Manners: The Culture of the French and the American Up per-Middle Class. United States of America: University of Chicago Press, 1992.; WUTHNOW, 1992137 W UTHNOW, Robert. Meaning and Moral Order. Berkeley: University of California Press, 1992.).

Uma clara vantagem da investigação sociológica é seu foco na natureza situada da interação, o que os indivíduos desenvolvem anteriormente e como resultado dessas interações. Muito do esforço performativo que ocorre na autoapresentação interativa de qualquer pessoa (GARFINKEL, 196735 GARFINKEL, Howard. Studies in Ethnomethodology. New Jersey: Prentice Hall, 1967.; GOFFMAN, 195939 GOFFMAN, Erving (Ed.). The presentation of self in everyday life. Garden City, N.Y: Double day, 1959.) e o tipo dessa interação (GOFFMAN, 198340 GOFFMAN, Erving. The Interaction Order: American Sociological Association, 1982 Presidenti al Address. In: American Sociological Review 48(1), 1983, p. 1-17.) estão repletos de significados morais e de potenciais sanções morais para violações da ordem normativa4. As pessoas presumem que os outros possuem uma "essência" (KATZ, 197571 KATZ, Jack. Essences as Moral Identities: Verifiability and Responsibility in Imputations of Deviance and Charisma. In: American Journal of Sociology, 80(6), 1975, p. 1369-1390.) e esses são alvo de escrutínio moral, principalmente quando seu comportamento deixa de atender aos padrões sociais ou acordos previamente estabelecidos. Mais recentemente, Stets e Carter (2012) detalharam alguns dos mecanismos psicológico-sociais, através dos quais significados situados convergem com crenças pessoais fundamentais para motivar e dar sustentação à identidade moral de um indivíduo. A moral é subjacente às ações que em geral impedem comportamentos anormais e atos criminosos (ANTONACCIO; TITTLE, 2008ANTONACCIO, Olena; TITTLE, Charles R.. Morality, Self-Control, and Crime. In: Criminology , 46(2), 2008, p. 479-510.; WIKSTROM et al., 2010134 W IKSTROM, Per-Lofo H.; CECCATO, Vania; HARDIE, Beth; TREIBER, Kyle. Activity Fields and the Dynamics of Crime: Advancing Knowledge About the Role of the Environment in Crime Causation. In: Journal of Quantitative Criminology 26:1, 2010.; WIKSTROM, 2007135 W IKSTROM, Per-Lofo H.. Deterrence and Deterrence Experiences: Preventing Crime through the Threat of Punishment. In: SHOHAM, Shlomo Giora; BECK, Ori; KETT, Martin (eds.). International Handbook of Penology and Criminal Justice. London: CRC Press, 2007. P. 345-78.).

A investigação sociológica macro orientada remonta às origens do campo no que se refere à teorização sobre o modo como fatores como classe social moldam as perspectivas morais, e inclui as obras de Marx e Engels, ou de teóricos como Weber (influenciado por Nietzsche), sobre como percepções individuais da realidade moral são formadas de maneira distal pela organização dos meios de produção, e como os grupos no poder podem ser exitosos na propagação de cosmovisões morais que definem o mundo em seu benefício. As perspectivas morais são influenciadas por uma variedade de fatores macro (BLACK, 201113 BLACK, Donald. Moral Time. New York: Oxford University Press, 2011.), desde histórias culturais (INGLEHART; BAKER, 200064 INGLEHART, Ronald; BAKER, Wayne E.. Modernization, Cultural Change, and the Persistance of Traditional Values. In: American Sociological Review, 65(1), 2000, p. 19-51.) até tradições religiosas (BADER; FINKE, 2010BADER, Christopher D; FINKE, Roger. What does God require? Understanding religious context and morality. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 241-54). Em uma sociedade específica, os significados morais também podem mudar através dos tempos (ZELIZER, 2007; 1979), com diferentes lógicas morais entrelaçando-se de forma complexa, através de domínios como família e mercado. Uma importante conclusão dessa obra é que significados morais são parte de um espaço compartilhado e não simplesmente algo localizado nas mentes dos seres humanos. Organizações, por exemplo, podem moldar a maneira como as pessoas vinculam valor moral a certos atos, tais como doação de órgãos (HEALY, 200653 HEALY, Kieran. Last Best Gifts: Altruism and the Market for Human Blood and Organs. Chicag o: University of Chicago Press, 2006.).

Talvez, o mais popular campo em desenvolvimento da sociologia seja o do estudo da cultura, o qual tem se revelado uma área fértil para envolver questões morais. Alguns dos trabalhos mais importantes vêm da obra de Stephen Vaisey (2007), que se concentra na forma como a moralidade define a ordem moral coletiva, e de sua adoção de um duplo processo psicológico funcional, para demonstrar como o conhecimento de padrões morais que só estão disponíveis implicitamente - não são fáceis de ser articulados - pode prever comportamentos morais subsequentes (VAISEY, 2009). Ignatow (2009a62 IGNATOW, Gabriel. Culture and Embodied Cognition: Moral Discourses in Internet Support Gr oups for Overeaters. In: Social Forces 88(2), 2009a, p. 643669.; 2009b63 IGNATOW, Gabriel. Why the Sociology of Morality Needs Bourdieu's Habitus. In: Sociological Inquiry 79(1), 2009b, p. 98-114.) e Winchester (2008)136 W INCHESTER, Daniel. Embodying the Faith: Religious Practice and the Making of a Muslim Moral Habitus. In: Social Forces, 86(4), 2008. oferecem importantes reparos culturais aos, com frequência excessivamente cognitivos, estudos sobre a moral - conforme são encontrados em abordagens psicológicas clássicas que têm sido ampla e inquestionavelmente incorporadas às discussões sociológicas da moralidade -, demonstrando a natureza internalizada e não-articulada das crenças e práticas morais.

As abordagens sociológicas tendem a se concentrar nos substratos sociais/morais subjacentes que informam as análises encontradas em modelos econômicos de troca, e encontram mais poder incorporado nas instituições e na cultura do que simples racionalidade na atribuição de sentido a essas trocas. Fourcade e Healy (2007)31 FOURCADE, Marion; HEALY, Kieran. Moral Views of Market Society. In: Annual Review of Socio logy, 33, 2007, p. 285-311. ilustram maneiras em que noções oriundas do sistema econômico foram inculcadas nas noções de moral. Dois economistas, críticos de sua própria disciplina, Halteman e Noell (2012)51 HALTEMAN, James; NOELL, Edd. Reckoning with Markets: Moral Reflection in Economics. Oxford : Oxford University Press, 2012., insinuam o quão importantes podem ser as influências sociais, interpretando o modelo do ator associal racional como um tanto problemático. Fora da disciplina, mas demonstrando de maneira importante a natureza das crenças culturais para estruturar intercâmbios situados, Henrich e colegas (HENRICH; HEINE; NORENZAYAN, 201055 HENRICH, Joseph; HEINE, Steven J.; NORENZAYAN, Ara. Most people are not WEIRD. In: Nature 466(7302), 2010, p. 29-29.; HENRICH; HEINE, 201055 HENRICH, Joseph; HEINE, Steven J.; NORENZAYAN, Ara. Most people are not WEIRD. In: Nature 466(7302), 2010, p. 29-29.) sugerem que o tamanho relativo do contexto interacional local de um indivíduo, afeta os julgamentos no nível individual - em contraste com aquelas abordagens que consideram que os seres humanos apresentam certas reações morais inatas frente a trocas desiguais. Em Scott (1976)103 SCOTT, James C.. The Moral Economy of the Peasant. New Haven: Yale University Press, 1976.encontramos uma clássica demonstração de como a situação de desvantagem extrema de uma população camponesa molda uma ordem moral local específica, mais fundada em direitos e justiça social do que num foco econômico em bens materiais.

Esses substratos existem em diversas formas de organização humana, as quais se estruturam com base em diferentes recursos e poderes. Tais organizações variam desde as formais, como empresas com níveis gerenciais e burocracia (JACKALL, 198865 JACKALL, Robert. Moral Mazes: The World of Corporate Managers. New York: Oxford Universit y Press, 1988.) até meios mais informais pelos quais o estado incute questões morais nas suas políticas enunciadas (STEENSLAND, 2010). Em ambos os casos, os indivíduos recebem fortes sinais de entidades mais poderosas, que de diferentes formas controlam suas vidas, sobre quais prioridades são "justas" e "morais". Como mostra Jackall, muitos gerentes intermediários em corporações norte-americanas mudam seu senso de certo e errado, assumindo aqueles de seus supervisores diretos e deixando as questões morais convencionais fora do ambiente de trabalho. A moralidade configura o modo como as pessoas conciliam potenciais conflitos em suas vidas - entre casa e trabalho, por exemplo (BLAIR-LOY, 200314 BLAIR-LOY, Mary. Comp eting Devotions: Career and Family among Women Executives. Cambirdge, MA: Harvard University Press, 2003.; 201015 BLAIR-LOY, Mary. Moral Dimensions of the Work-Family Nexus. In: HITLIN, Steven; VAISEY, S tephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 439-53.) -, e as prioridades estabelecidas por elas nos múltiplos domínios da vida humana moderna (ELDER, 199425 ELDER JR. Glen H.. Time, Human Agency, and Social Change: Perspectives on the Life Course. In: Social Psychology Quarterly 57(1), 1994, p. 4-15.). O trabalho de Healy (2006)53 HEALY, Kieran. Last Best Gifts: Altruism and the Market for Human Blood and Organs. Chicag o: University of Chicago Press, 2006. já mencionado revela o poder das instituições na padronização das decisões individuais sobre doação de órgãos, demonstrando como o mais individual dos atos é altamente influenciado pelos significados inerentes a organizações sociais mais abrangentes.

Finalmente, uma análise sociopsicológica da moralidade dentro de um marco sociológico centra-se em ambas as situações - circunscritas a significados e expectativas morais que constituem a ordem da interação - e nas cosmovisões morais de indivíduos que entram, sancionam e deixam aquelas situações. Existe uma diversidade de construtos, extensamente pesquisados, que podem informar a análise sociológica de códigos morais situados e internalizados, tais como emoções morais (TURNER; STETS, 2006a125 T URNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. Moral emotions. In: TURNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. (eds.). Handbook of the Sociology of Emotions. Springer, 2006a. P. 544-566.; 2006b127 T URNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. Sociological Theories of Human Emotions. In: Annual Review of Sociology, 32, 2006b, p. 25-52.), confiança (USLANER, 2002) e justiça (HEGTVEDT; SCHEURMAN, 201054 HEGTVEDT, Karen A.; SCHEUERMAN, Heather L.. 2010. The Justice/Morality Link: Implied, then Ignored, yet Inevitable. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 331-360.). Esse trabalho oferece abordagens sociológicas, mas é fundamentalmente interdisciplinar.

3. Disciplinas Correlatas e Potenciais Contribuições Sociológicas

Psicologia. O renascimento sociológico do tópico acompanha os passos de um crescente foco sobre a moral na psicologia (GRAHAM et al., 201142 GRAHAM, Jesse; NOSEK, Brian A.; HAIDT, Jonathan; IYER, Ravi; KOLEVA, Spassena; DITTO, Pete r H.. Mapping the Moral Domain. In: Journal of Personality and Social Psychology On-Line Early, 2011.; HAIDT, 200145 HAIDT, Jonathan. The Emotional Dog and Its Rational Tail: A Social Intuitionist Approach to Moral Judgement. In: Psychological review 108(4), 2001, p. 814-34.; HAIDT; KESEBIR, 201049 HAIDT, Jonathan; KESEBIR, Selin. Morality. In: FISKE, Susan; GILBERT, Daniel; LINDZEY, G ardner (Eds.). Handbook of Social Psychology. Hoboken, NJ: Wiley, 2010. P. 797-832.; LAPSLEY; NARVAEZ, 200477 LAPSLEY, Daniel K.; NARVAEZ, Darcia. Moral Development, Self, and Identity. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates, 2004.; SKITKA; BAUMAN; MULLEN, 2008108 SKITKA, Linda J.; BAUMAN, Christopher W.; MULLEN, Elizabeth. Morality and Justice: An Expan ded Theoretical Perspective and Empirical Review. In: Advances in group processes, 25, 2008, p. 1-27.; SUNAR, 2009). Durante o período em que a sociologia esteve menos dedicada a questões de valores e moralidade (SPATES, 1983112 SPATES, James L. The Sociology of Values. In: Annual Review of Sociology, 9, 1983, p. 27-49 .), o trabalho da psicologia foi consideravelmente influente. Kohlberg (1981)74 KOHLBERG, Lawrence. The Philosophy of Moral Development. Vol I - Moral Stges and the Idea of Justice. New York: Harper & Row, 1981.desenvolveu uma célebre tipologia do desenvolvimento moral, que teve grande impacto e foi também alvo de forte crítica feminista (GILLIGAN, 198238 GILLIGAN, Carol (Ed.). In a different voice psychological theory and women's development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1982.). Esse debate específico tem suporte empírico mínimo no que concerne a explicar diferenças de gênero (JAFFEE; HYDE; 200066 JAFFEE, Sara; HYDE, Janet Shibley. Gender Differences in Moral Orientation: A Meta-Analysi s. In: Psychological Bulletin, 126(5), 2000, p. 703-726.), mas o esforço de sistematização do juízo e funcionamento morais foi interpretado de modo amplo, conduzindo a tentativas influentes de ancorar a psicologia moral em alguns temas centrais, especialmente justiça e equidade (TURIEL, 1983; TURIEL; KILLEN; HELWIG, 1987). A moral tornou-se central para teorias que tentam explicar o eu e a cognição humana (BANDURA, 1999BANDURA, Albert. Moral Disengagement in the Perpetration of Inhumanities. In: Personality and Social Psychology Review, 3(3), 1999, p. 193-209.; 200410 BANDURA, Albert. Selective Exercise of Moral Agency. In: THORKILDSEN, T. A.; WALBERG, H.J . (eds.). Nuturing Morality. Boston: Kluwer Academic, 2004. P. 37-57.; BANDURA et al., 1996).

Esse esforço de centralizar o estudo da moral em um ou dois temas tem seu atrativo - ou seja, parcimônia científica - mas um trabalho mais recente ampliou essas ideias para explorar uma gama mais vasta de potenciais fundamentos morais, ultrapassando o foco na justiça para abranger pureza, autoridade e lealdade como outros objetivos morais humanos naturalmente desenvolvidos (GRAHAM et al. 201241 GRAHAM, Jesse; HAIDT, Jonathan; KOLEVA, Spassena; MOTYL, Matt; IYER, Ravi; WOJCIK, Sean; D ITTO, Peter. Moral foundations theory: The pragmatic validity of moral pluralism. Advances in Experimental Social Psychology, Forthcoming. 2012.; HAIDT; JOSEPH, 200848 HAIDT, Jonathan; JOSEPH, Craig. The Moral Mind: How Five Sets of Innate Intuitions Guide t he Development of Many Culture-Specific Virtues, and Perhaps Even Modules. In: CARRUTHERS, P.; LAURENCE, S.; STITCH, S. (Eds.). The Innate Mind. New York: Oxford Press, 2008. P. 367-92.). Atualmente, os trabalhos estão focados em encontrar o equilíbrio entre pensamento e sentimento morais (FRIMER; WALKER, 200834 FRIMER, Jeremy A.; WALKER, Lawrence J.. Reconciling the Self and Morality: An Empirical M odel of Moral Centrality Development. In: Developmental Psychology 45(6), 2008, p. 1669-1681.) ou em tentar medir adequadamente a noção pró-social de identidade moral (AQUINO; REED, 2002AQUINO, Karl; REED, Americus. The Self-Importance of Moral Identity. In: Journal of Person ality and Social Psychology, 83(6), 2002, p. 1423-1440.; REED; AQUINO, 200395 REED, Americus; AQUINO, Karl F.. Moral Identity and the Expanding Circle of Regard Toward Out-Groups. In: Journal of Personality and Social Psychology, 84(6), 2003, p. 1270-1286.).

A psicologia da moral se segmenta em função daquilo que os teóricos sugerem como fundamentos da moral - fatores cognitivos versus fatores emocionais. O trabalho clássico, mencionado acima, é consideravelmente orientado para a cognição, mas o teor geral da pesquisa nas duas últimas décadas dificulta o foco exclusivo na cognição como se esta estivesse divorciada da emoção. O trabalho do neurologista Damasio (199919 DAMASIO, Antonio. The Feeling of What Happens. San Diego: Harcourt, 1999.; 200320 DAMASIO, Antonio . Looking For Spinoza: Joy, Sorrow, and the Feeling Brain. Orlando: Harco urt, 2003.) tem sido um propulsor em demonstrar como são importantes as emoções, até mesmo para o processo supostamente não-emocional de ser lógico. Diversas decisões potenciais contêm "marcadores somáticos", nuances emocionais que dão o tom e ajudam a orientar até mesmo a seleção racional de alternativas. Em outras palavras, não existe um pensamento de caráter social sem marcadores emocionais5; indivíduos com um déficit neste tipo de pensamento são frequentemente vistos como marginais quanto a seus modos de interação. Isso conduz a um crescente foco na natureza do ego cognitivo/emocional em sua interseção com ações e escolhas morais (BLASI, 200416 BLASI, Augusto. Moral Functioning: Moral Understanding and Personality. In: LAPSLEY, Dani el K.; NARVAEZ, Darcia (eds.). Moral Development, Self, and Identity. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. P. 335-48.; WALKER, 2000), incluindo um reconhecimento da ambiguidade presente no mundo interacional. Nessa perspectiva, tem crescido o número de pesquisas sobre o tema das emoções morais (HAIDT, 200346 HAIDT, Jonathan. The Moral Emotions. In: DAVIDSON, R.J.; SCHERER, K.R.; GOLDSMITH, H.H. (E ds.). Handbook of Affective Sciences. Oxford: Oxford University Press, 2003. P. 852-870.) incluindo algumas importantes emoções interacionais como empatia (HOFFMAN, 200061 HOFFMAN, Martin L.. Empathy and Moral Development: Implications for Caring and Justice. Un ited States of America: Cambridge, 2000.) e vergonha (TANGNEY; STUEWIG; MASHEK, 2007), das quais a última foi incorporada aos modelos sociológicos do ego e da sociedade (SCHEFF, 200099 SCHEFF, Thomas J.. Shame and the Social Bond: A Sociological Theory. In: Sociological Theo ry, 18(1), 2000, p. 84-99.; 2003100 SCHEFF, Thomas J.. Shame in Self and Society. In: Symbolic Interaction, 26(2), 2003, p. 2 39-62.).

Uma área em que a psicologia certamente ultrapassou a sociologia é a da conceituação e medição do desenvolvimento da moralidade, especialmente no que tange às primeiras etapas da vida humana. Psicólogos do desenvolvimento há tempo mostram interesse nos aspectos da primeira infância que levam ao desenvolvimento da moral, com alguns pesquisadores (por ex., KOCHANSKA, 200272 KOCHANSKA, Grazyna. Committed Compliance, Moral Self, and Internalization: A Mediational M odel. In: Developmental Psychology, 38(3), 2002, p.339-51.; KOCHANSKA et al., 200473 KOCHANSKA, Grazyna; AKSAN, Nazan; KNAACK, Amy; RHINES, Heather M.. Maternal Parenting and Children's Conscience: Early Security as Moderator. In: Child development 75(4), 2004, p. 1229-1242.) sugerindo que o temperamento da primeira infância provoca diferentes padrões de desenvolvimento da consciência. Crianças compreendem princípios abstratos mais completamente à medida que crescem, embora sejam em geral moralmente motivadas, ainda que de maneira diferente nos primeiros anos (NUNNER-WINKLER, 199886 NUNNER-WINKLER, Gertrud. The Development of Moral Understanding and Moral Motivation. In: International Journal of Educational Research 27(7), 1998, p. 587-603.). O desenvolvimento da moral ocupa um capítulo importante em uma das etapas mais importantes do desenvolvimento das crianças (KAGAN, 199470 KAGAN, Jerome. The Nature of the Child. United States of America: HarperCollins, 1994[1984 ].[1984]) e pesquisas recentes sobre a adolescência também destacam a importância de se desenvolver um senso de moral nos adolescentes (HART; CARLO, 200552 HART, Daniel; CARLO, Gustavo. Moral Development in Adolescence. In: Journal of Research on Adolescence 15(3), 2005, p. 223-233.).

Neurociência e Biologia. Sociólogos têm, muitas vezes, evitado o foco direto na biologia, mas na medida em que as ciências se tornam cada vez mais interdisciplinares, colocamos-nos em desvantagem como campo se falharmos em envolver corretamente tais áreas (FREESE, 200833 FREESE, Jeremy. Genetics and the Social Science Explanation of Individual Outcomes. In: Am erican Journal of Sociology, 114(S1), 2008, S1-S35.; MASSEY, 200283 MASSEY, Douglas S.. A Brief History of Human Society: The Origin and Role of Emotion in So cial Life. In: American Sociological Review 67(1), 2002, p. 1-29.). Neurologia é uma arena especialmente importante para um diálogo com a sociologia (FRANKS, 201032 FRANKS, David D.. Neurosociology: The Nexus between Neuroscience and Social Psychology. Ne w York: Springer, 2010.), em vista dos elementos fundamentais do trabalho de George Herbert Mead (MEAD, 193284 MEAD, George Herbert (Ed.). The Philosophy of the Present. Chicago, London: Open Court Pub lishing, 1932.; 193485 MEAD, George Herbert (Ed.). Mind, Self & Society from the Standpoint of a Social Behaviori st. Chicago, Ill: The University of Chicago press, 1934.) e do que era, na época, uma vaga conceituação da mente, que pode agora ser mais completamente examinada (FIRAT; HITLIN, 201226 FIRAT, Rengin; HITLIN, Steven. Morally Bonded and Bounded: A Sociological Introduction to Neurology. In: Advances in group processes, 29, 2012 , p. 165-99.). Muitas teorias sociológicas do ator são baseadas em hipóteses cognitivas que hoje são mais passíveis de ser testadas do que em épocas anteriores. Além disso, melhoramos as ferramentas teóricas e empíricas para estudar a miríade de caminhos através dos quais a cultura torna-se internalizada nos níveis mental e corporal (FIRAT; MCPHERSON, 201024 DURKHEIM, Emile. The Elementary Forms of Religious Life. New York: Free Press, 1965[1912].).

Alguns dos mais importantes trabalhos antes mencionados vêm da obra de Damasio (2005), que evidencia a base emocional do julgamento moral. As próprias emoções são, em boa parte, culturalmente formadas e canalizadas (TURNER; STETS, 2006b). Sendo assim, confiar nas emoções não representa, de modo algum, ameaça à primazia do social na compreensão do comportamento; na verdade, ela complementa campos sociológicos consagrados. Conforme apontam Damasio e sua equipe, memorizamos informações sociais complexas, as quais são disparadas quando enfrentamos dilemas morais, sensações que nos conduzem a soluções adaptadas a nossas experiências e nossa cultura. Greene e Haidt (2002)44 GREENE, Joshua; HAIDT, Jonathan. How (and Where) Does Moral Judgement Work? In: Trends in Cognitive Sciences, 6(12), 2002, p. 517-523. operam neste campo, sugerindo que um sistema psicológico humano dual (um rápido, instintivo, e um lento, o raciocínio consciente) está implicado no julgamento e ação morais. Simplificando, humanos não agem de maneira tão lógica quanto às teorias clássicas de Kohlberg sugeriam. Ao contrário, nos comportamos de modo mais intuitivo, apenas "sabendo" o que parece ser a coisa moralmente certa a fazer (em nossa cultura) e, depois, usando um raciocínio post hoc para descobrir formas de justificar esta intuição. Esse trabalho se consolidou na psicologia moral (SINNOTT-ARMSTRONG, 2008107 SINNOTT-ARMSTRONG, Walter. Moral Psychology: The cognitive science of morality: intuition a nd diversity. The MIT Press, 2008.).

Seres humanos são, basicamente, animais - e recentes pesquisas evolucionárias situam nossa capacidade moral na evolução das espécies. Este processo é amplamente compreendido como sendo fundamentalmente social, não a simples sobrevivência dos mais fortes, que parece privilegiar o comportamento individual em detrimento daquele do grupo. De Waal (200622 DE WAAL, Frans. Primates and Philosophers: How Morality Evolved. United States of America: Princeton University Press, 2006.; 200923 DE WAAL, Frans. The Age of Empathy: Nature's Lessons for a Kinder Society. New York: Crown Publishing Group, 2009.; FLACK; DE WAAL, 200030 FLACK, Jessica C.; DE WAAL, Frans B.M.. Any Animal Whatever: Darwinian Building Blocks of Morality in Monkeys and Apes. In: Journal of Consciousness Studies 7(1-2), 2000, p. 1-29.) resume a literatura que trata de como a evolução, em contextos grupais, prediz o comportamento moral humano atual e seu e funcionamento, evidenciando diversas similaridades desenvolvidas que ajudam a compreender a importância de significados morais compartilhados para a vida como uma espécie social (ver também KREBS, 201175 KREBS, Dennis L. The Origins of Morality: An Evolutionary Account. New York: Oxford Univer sity Press, 2011.). Na sociologia, Jonathan Turner (MARYANSKI; TURNER, 199282 MARYANSKI, Alexandra; TURNER, Jonathan H.. The Social Cage: Human Nature and the Evolution of Society. Stanford, CA: Stanford University Press, 1992.; TURNER, 2010), há muito, tem ilustrado a natureza fundamentalmente social da evolução da espécie humana e os limites biológicos que ela coloca sobre o funcionamento nas sociedades modernas (ver também MASSEY, 200283 MASSEY, Douglas S.. A Brief History of Human Society: The Origin and Role of Emotion in So cial Life. In: American Sociological Review 67(1), 2002, p. 1-29.).

Antropologia. A história dos fundamentos morais segue uma ordem interessante, com Kohlberg sugerindo um tipo de sistema moral, Gilligan dois e, depois, Haidt e sua equipe, cinco ou seis (eles ainda estão refinando suas medidas). Curiosamente, antropólogos sugeriram tipologias de três ou quatro, respectivamente, apenas parcialmente introduzidas na sociologia, mas que são muito promissoras para investigações futuras e fundamentalmente vinculadas a questões de cultura e estrutura, que uma sociologia da moralidade consideraria atraente.

Richard Shweder discutiu os limites da abordagem de Kohlberg, sugerindo que o marco da justiça é apenas um entre três marcos utilizados pelas culturas para estabelecer um senso coletivo de moral (SHWEDER; MAHAPATRA; MILLER, 1987105 SHWEDER, Richard A.; MAHAPATRA, Manamohan; MILLER, Joan. Culture and Moral Development. In: KAGAN, Jerome; LAMB, Sharon (eds). The Emergence of Morality in Young Children. Chicago: University of Chicago Press, 1987. P. 1-83.; 1990106 SHWEDER, Richard A.; MAHAPATRA, Manamohan; MILLER, Joan. Culture and Moral Development. In: SIGLER, James W.; SHWEDER, Richard A; HERDT, Gilbert (eds.). Cultural Psychology: Essays on Comparative Human Development. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. P. 130-204.). Shweder e seus colegas classificaram a abordagem de Kohlberg como o paradigma de uma "ética da autonomia", uma visão de mundo racional que se centra na justiça e no dano como moedas de julgamento moral. A essa, ele acrescenta duas outras potenciais éticas culturais: a "ética da comunidade" e a "ética da divindade". Essas duas éticas representam sistemas morais mais orientados à comunidade, menos focados no bem individual e mais no coletivo. Esse foi referenciado como o modelo dos Três Grandes e discute a centralidade da experiência emocional como uma lente através da qual a moral é demonstrada e experimentada por membros de uma cultura. Alguns acadêmicos (ROZIN et al., 199996 ROZIN, Paul; LWERY, LaurA; IMADA, Sumio; HAIDT, Jonathan. The CAD Triad Hypothesis: A Map ping Between Three Moral Emotions (Contempt, Anger, Disgust) and Three Moral Codes (Community, Autonomy, Divinity). In: Journal of Personality and Social Psychology, 76(4), 1999, p. 574-586.) vincularam emoções morais específicas ao fato de serem mais ou menos predominantes em sociedades com aquela ética moral respectiva. As pessoas sentem raiva por violações da autonomia, desprezo por violações da comunidade e repulsa por violações da divindade.

Fiske assume uma abordagem mais orientada à estrutura, para estabelecer potenciais bases morais (FISKE, 199228 FISKE, Alan P.. The four elementary forms of sociality: framework for a unified theory of social relations. In: Psychological review, 99(4), 1992.; FISKE; HASLAM, 200529 FISKE, Alan P.; HASLAM, Nick. The Four Basic Social Bonds: Structures for Coordinating Int eraction. In: BALDWIN, Mark W. (ed.). Interpersonal Cognition. New York: Guilford Press, 2005. P. 267-298.). Ele propõe quatro formas básicas de relações sociais, que estimulam expectativas e comportamentos previsíveis. Esses modelos de Regulação das Relações (RR) pretendem fornecer algumas bases sistemáticas para as várias formas de comprometimento moral experimentado e a capacidade de prever quais formas de relarelação levarão as pessoas a recorrer a um desses quatro fundamentos morais, ao invés de outro qualquer (RAI; FISKE, 201191 RAI, Tage S hakti; FISKE, Alan Page. Moral psychology is relationship regulation: moral mot ives for unity, hierarchy, equality, and proportionality. In: Psychological review 118(1):57, 2011.). Essas quatro relações humanas potenciais são: a) hierarquia (escala de autoridade); b) unidade (partilha comunitária); c) igualdade (correspondência) e d) proporcionalidade (valor de mercado). Cada tipo de estrutura suscita motivações morais específicas, e uma relação que apela para uma forma de moralidade (digamos, valor de mercado) invoca lógicas morais específicas. Isso significa que indivíduos que aceitam aquela forma de relacionamento irão vivenciar de forma muito negativa uma violação da mesma. Sociedades humanas primitivas orientavam-se por escalas de unidade e de autoridade, enquanto as formas mais recentes de organização social priorizam a igualdade e a lógica de mercado. Essa, também, é uma teoria que privilegia o papel das emoções, sinais que, na maioria das vezes, surgem como reações a violações das expectativas culturais (por exemplo, raiva e repulsa) ou como relacionamentos construtivos (por exemplo, amor).

Considerações Finais: que rumo o campo deve seguir?

Esta é uma época promissora para esse novo antigo subcampo sociológico. Dada a prevalência de questões morais como base para a solidariedade cultural, o tema nunca esteve totalmente fora da discussão sociológica, mas a diminuição de sua importância parece estar se revertendo agora (HITLIN; VAISEY, 201358 HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.). Vários projetos e setores organizacionais estão oferecendo a possibilidade de estabelecimento de redes, trabalho interdisciplinar e auto-identificação para aqueles membros da nossa disciplina cujo trabalho tem relação com essas questões centrais. Em vista da perspectiva que utilizo para identificar o fenômeno moral, poder-se-ia dizer que o campo tem estado preocupado com essas questões desde o princípio. Nenhum grande teórico pode discutir significado mutuamente inteligível, universos simbólicos compartilhados ou ação social mutuamente constituída sem fazer referência às várias formas emocionais e simbólicas de significado intersubjetivo que ligam grupos e seus membros. Mas dizer que a moralidade está em todos os lugares é o mesmo que dizer que em nenhum lugar ela é significativa e, certamente, muitos comportamentos habituais ficam fora do domínio daquilo a que nós geralmente nos referimos como o domínio da moral. Contudo, até mesmo aqui, existe um "pano de fundo moral" (ABEND, 2014ABEND, Gabriel. The Moral Background: An Inquiry into the History of Business Ethics. Prin ceton, New Jersey: Princeton University Press, 2014.) que torna inteligíveis e aceitáveis as trocas do cotidiano e os sociólogos precisam estar cientes dessas influências distais e, até mesmo, definicionais, sobre as formas de ação e organização que constituem boa parte do campo atual.

Meu entendimento geral do campo, contudo, diz que podemos ver questões morais tanto como constitutivas de sociedades (Weber), quanto como indicadoras de suas formas sociais (Durkheim), como forças de privilégio e opressão (Marx) e como variáveis dependentes, moldadas por questões de classe, gênero e nacionalidade. Questões e preocupações morais abrangem desde definições sociais daqueles que "merecem" auxílio do governo, até o senso de decência gerado localmente, que pode ser violado na rua. Podemos olhar as questões morais como englobando as diferenças essenciais entre sociedades e na interação entre definições legais e sociais de certo e errado, bem como os movimentos sociais que ajudam a exemplificar determinadas práticas como aceitáveis ou tabus. Indivíduos são definidos - como eu detalho melhor em outros trabalhos (HITLIN, 2003; 2008) - por suas prioridades morais autojustificadas. Consideramos as pessoas de nossos prórpios grupos como sendo mais morais do que aquelas que definimos como as "outras"; vemos nossas próprias ações - devido a uma série de vieses cognitivos - como aceitáveis, até mesmo quando as condenamos em outros. E somos mais generosos com nossos próprios sentimentos e ações, uma vez que as pessoas geralmente estão convencidas de sua própria decência moral, quando não consideram a si mesmas como exemplos de moralidade (GIGERENZER, 201037 GIGERENZER, Gerd. Moral Satisficing: Rethinking Moral Behavior as Bounded Rationality. In: Topics in Cognitive Science, 2, 2010, 528-554.). Mais do que um modelo funcionalista totalizador de sociedade, eu (e muitos outros profissionais atualmente) adoto a visão Weberiana de uma natureza multifacetada da moral na sociedade, bem como a de que questões morais são pontos privilegiados para contestação entre grupos e nações.

Ainda resta muito trabalho a ser feito, por exemplo, no campo das classes sociais e experiências morais. Lamont (1992)76 LAMONT, Michele. Money, Morals, and Manners: The Culture of the French and the American Up per-Middle Class. United States of America: University of Chicago Press, 1992. detalha diferenças sistemáticas entre as sociedades francesa e americana, enquanto Sayer (2005)97 SAYER, Andrew. The Moral Significance of Class. New York: Cambridge University Press, 2005 . detalha a forma como as preferências das classes presumidamente mais altas servem para reproduzir sistemas de estratificação social. Na psicologia, descobrimos que, em relação a emoções morais, diferenças de classe são melhores preditores de juízos do que diferenças culturais (HAIDT; KOLLER; DIAS, 199350 HAIDT, Jonathan, KOLLER, Silvia Helena; DIAS, Maria G.. Affect, Culture, and Morality, or Is It Wrong to Eat Your Dog? In: Journal of Personality and Social Psychology 65(4), 1993, p. 613-28.). Parece claro que a classe social molda a experiência moral e, possivelmente, que essa experiência reproduz a estrutura de classes, mas esse é um campo maduro para investigações futuras.

Há necessidade de pesquisas com maior enfoque intercultural sobre as relações de uma série de fatores sociológicos com diferentes ações, comportamentos, sentimentos e bases morais. Temas como religião, regimes políticos, história cultural e recursos moldam as sociedades em muitas formas, algumas delas previsíveis, algumas delas conectadas a histórias culturais particularistas (INGLEHART; BAKER, 200064 INGLEHART, Ronald; BAKER, Wayne E.. Modernization, Cultural Change, and the Persistance of Traditional Values. In: American Sociological Review, 65(1), 2000, p. 19-51.). Meu mapeamento do campo está, em grande parte, centrado na América do Norte e o inglês permanece o idioma corrente em boa parte da sociologia. Certamente precisamos valorizar - e mesmo estimular - comparações, colaboração e abertura para formas alternativas de interpretação, estruturação e análise entre nações. Deveríamos usar uma vasta gama de recursos e perspectivas para explorar as formas de moralidade social, situacional, grupal e individual que fundamentam a ordem social.

Devemos ter cuidado para não presumir que todos os exemplos de moralidade são bons ou que pessoas são sempre louváveis quando agem de maneira moral. Argumentos e justificações morais têm sido explorados por todos os tipos de atos horrendos (OSOFSKY; BANDURA; ZIMBARDO, 200587 OSOFSKY, Michael J.; BANDURA, Albert; ZIMBARDO, Philip G.. The Role of Moral Disengagement in the Execution Process. In: Law and Human Behavior, 29(4), 2005, p. 371-393.; STAUB, 2003114 STAUB, Ervin. The Psychology of Good and Evil: Why Children, Adults, and Groups Help and Ha rm Others. United States: Cambridge, 2003.). Estudar a moralidade não é apenas estudar os nobres esforços da humanidade. É focar naquelas forças que unem os grupos, independentemente de nosso julgamento moral sobre os objetivos daqueles grupos. Como antes, adoto também a distinção weberiana entre análise e defesa (advocacy). Em nosso trabalho formal como cientistas sociais, precisamos ser cautelosos ao alegar que oferecemos uma interpretação especial sobre o que "deveria" ser feito em relação à sociedade e seus membros. Podemos tentar elucidar a satisfação e a relação entre os vários atores que formam os sistemas sociais; sou cauteloso em afirmar que a sociologia seja o centro a que as pessoas devem se voltar para orientação moral. Sou um pluralista cultural, não um absoluto relativista, mas o próprio conhecimento de fundamentos morais alternativos, em si, deveria nos tornar mais modestos em fazer afirmações morais universalistas (SHWEDER; HAIDT, 1993104 SHWEDER, Richard A.; HAIDT, Jonathan. The Future of Moral Psychology: Truth, Intuition, and the Pluralist Way. In: Psychological Science, 4(6), 1993, p. 360-365.). No entanto, parece haver, de fato, alguns padrões gerais na organização social, na hierarquia e no papel das experiências humanas constitutivas da moralidade em sustentar a ordem social. O desafio para o campo é, a partir das importantes correntes intelectuais, presentes desde o início da disciplina, evoluir tanto com teorizações originais quanto com melhores técnicas empíricas. Este é um momento oportuno para atuar nesse campo e espero que esta publicação especial possa ser uma pequena contribuição para conferir relevância ao mesmo na disciplina.

Referências

  • 1
    ABEND, Gabriel. Two Main Problems in the Sociology of Morality. In: Theory and Society 37(2), 2008, p. 87-125.
  • 2
    ABEND, Gabriel. What's new and what's old about the new sociology of morality. In: HITLIN , Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 561-584.
  • 3
    ABEND, Gabriel. Thick Concepts and the Moral Brain. In: European Journal of Sociology 52( 1), 2011, p. 143-72.
  • 4
    ABEND, Gabriel. What the Science of Morality Doesn't Say About Morality. Philosophy of the Social Sciences, 2012, p. 1-42.
  • 5
    ABEND, Gabriel. The Moral Background: An Inquiry into the History of Business Ethics. Prin ceton, New Jersey: Princeton University Press, 2014.
  • 6
    ANTONACCIO, Olena; TITTLE, Charles R.. Morality, Self-Control, and Crime. In: Criminology , 46(2), 2008, p. 479-510.
  • 7
    AQUINO, Karl; REED, Americus. The Self-Importance of Moral Identity. In: Journal of Person ality and Social Psychology, 83(6), 2002, p. 1423-1440.
  • 8
    BADER, Christopher D; FINKE, Roger. What does God require? Understanding religious context and morality. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 241-54
  • 9
    BANDURA, Albert. Moral Disengagement in the Perpetration of Inhumanities. In: Personality and Social Psychology Review, 3(3), 1999, p. 193-209.
  • 10
    BANDURA, Albert. Selective Exercise of Moral Agency. In: THORKILDSEN, T. A.; WALBERG, H.J . (eds.). Nuturing Morality. Boston: Kluwer Academic, 2004. P. 37-57.
  • 11
    BANDURA, Albert. Toward an Agentic Theory of Self. In: MARSH, Herbert W.; CRAVEN, Rhonda G.; MCINERNEY, Dennis M. (eds.). Self-Processes, Learning, and Enabling Human Potential. United States: Information Age Publishing, 2008. P. 15-49.
  • 12
    BANDURA, Albert; BARBANELLI, Claudio; CAPRARA, Gian Vittorio; PASTORELLI, Concetta. Mechan isms of Moral Disengagement in the Exercise of Moral Agency. In: Journal of Personality and Social Psychology, 71(2), 1996, p. 364-374.
  • 13
    BLACK, Donald. Moral Time. New York: Oxford University Press, 2011.
  • 14
    BLAIR-LOY, Mary. Comp eting Devotions: Career and Family among Women Executives. Cambirdge, MA: Harvard University Press, 2003.
  • 15
    BLAIR-LOY, Mary. Moral Dimensions of the Work-Family Nexus. In: HITLIN, Steven; VAISEY, S tephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 439-53.
  • 16
    BLASI, Augusto. Moral Functioning: Moral Understanding and Personality. In: LAPSLEY, Dani el K.; NARVAEZ, Darcia (eds.). Moral Development, Self, and Identity. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. P. 335-48.
  • 17
    CALHOUN, Craig. Morality, Identity, and Historical Explanation: Charles Taylor on the Sour ces of the Self. In: Sociological Theory 9(2), 1991, p. 232-263.
  • 18
    COLLINS, Randall. On the microfoundations of macrosociology. In: American Journal of Socio logy, 1981, p. 984-1014.
  • 19
    DAMASIO, Antonio. The Feeling of What Happens. San Diego: Harcourt, 1999.
  • 20
    DAMASIO, Antonio . Looking For Spinoza: Joy, Sorrow, and the Feeling Brain. Orlando: Harco urt, 2003.
  • 21
    DAMASIO, Antonio. The Neurobiological Grounding of Human Values. In: CHANGEUX, Jean-Pierre ; SINGER, Wolf; DAMASIO, Antonio; CHRISTEN, Yves (eds.). Neurobiology of Human Values. Germany: Springer-Verlag, 2005. P. 4756.
  • 22
    DE WAAL, Frans. Primates and Philosophers: How Morality Evolved. United States of America: Princeton University Press, 2006.
  • 23
    DE WAAL, Frans. The Age of Empathy: Nature's Lessons for a Kinder Society. New York: Crown Publishing Group, 2009.
  • 24
    DURKHEIM, Emile. The Elementary Forms of Religious Life. New York: Free Press, 1965[1912].
  • 25
    ELDER JR. Glen H.. Time, Human Agency, and Social Change: Perspectives on the Life Course. In: Social Psychology Quarterly 57(1), 1994, p. 4-15.
  • 26
    FIRAT, Rengin; HITLIN, Steven. Morally Bonded and Bounded: A Sociological Introduction to Neurology. In: Advances in group processes, 29, 2012 , p. 165-99.
  • 27
    FIRAT, Rengin; MCPHERSON, Chad Michael. Toward an Integrated Science of Morality. In: HITL IN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 361-384.
  • 28
    FISKE, Alan P.. The four elementary forms of sociality: framework for a unified theory of social relations. In: Psychological review, 99(4), 1992.
  • 29
    FISKE, Alan P.; HASLAM, Nick. The Four Basic Social Bonds: Structures for Coordinating Int eraction. In: BALDWIN, Mark W. (ed.). Interpersonal Cognition. New York: Guilford Press, 2005. P. 267-298.
  • 30
    FLACK, Jessica C.; DE WAAL, Frans B.M.. Any Animal Whatever: Darwinian Building Blocks of Morality in Monkeys and Apes. In: Journal of Consciousness Studies 7(1-2), 2000, p. 1-29.
  • 31
    FOURCADE, Marion; HEALY, Kieran. Moral Views of Market Society. In: Annual Review of Socio logy, 33, 2007, p. 285-311.
  • 32
    FRANKS, David D.. Neurosociology: The Nexus between Neuroscience and Social Psychology. Ne w York: Springer, 2010.
  • 33
    FREESE, Jeremy. Genetics and the Social Science Explanation of Individual Outcomes. In: Am erican Journal of Sociology, 114(S1), 2008, S1-S35.
  • 34
    FRIMER, Jeremy A.; WALKER, Lawrence J.. Reconciling the Self and Morality: An Empirical M odel of Moral Centrality Development. In: Developmental Psychology 45(6), 2008, p. 1669-1681.
  • 35
    GARFINKEL, Howard. Studies in Ethnomethodology. New Jersey: Prentice Hall, 1967.
  • 36
    GIDDENS, Anthony (Ed.). The constitution of society introduction of the theory of structur ation. Berkeley: University of California Press, 1984.
  • 37
    GIGERENZER, Gerd. Moral Satisficing: Rethinking Moral Behavior as Bounded Rationality. In: Topics in Cognitive Science, 2, 2010, 528-554.
  • 38
    GILLIGAN, Carol (Ed.). In a different voice psychological theory and women's development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1982.
  • 39
    GOFFMAN, Erving (Ed.). The presentation of self in everyday life. Garden City, N.Y: Double day, 1959.
  • 40
    GOFFMAN, Erving. The Interaction Order: American Sociological Association, 1982 Presidenti al Address. In: American Sociological Review 48(1), 1983, p. 1-17.
  • 41
    GRAHAM, Jesse; HAIDT, Jonathan; KOLEVA, Spassena; MOTYL, Matt; IYER, Ravi; WOJCIK, Sean; D ITTO, Peter. Moral foundations theory: The pragmatic validity of moral pluralism. Advances in Experimental Social Psychology, Forthcoming. 2012.
  • 42
    GRAHAM, Jesse; NOSEK, Brian A.; HAIDT, Jonathan; IYER, Ravi; KOLEVA, Spassena; DITTO, Pete r H.. Mapping the Moral Domain. In: Journal of Personality and Social Psychology On-Line Early, 2011.
  • 43
    GREENE, Joshua. Moral Tribes: Emotion, Reason, and the Gap Between Us and Them. New York: Penguin, 2013.
  • 44
    GREENE, Joshua; HAIDT, Jonathan. How (and Where) Does Moral Judgement Work? In: Trends in Cognitive Sciences, 6(12), 2002, p. 517-523.
  • 45
    HAIDT, Jonathan. The Emotional Dog and Its Rational Tail: A Social Intuitionist Approach to Moral Judgement. In: Psychological review 108(4), 2001, p. 814-34.
  • 46
    HAIDT, Jonathan. The Moral Emotions. In: DAVIDSON, R.J.; SCHERER, K.R.; GOLDSMITH, H.H. (E ds.). Handbook of Affective Sciences. Oxford: Oxford University Press, 2003. P. 852-870.
  • 47
    HAIDT, Jonathan; HERSH, Matthew A.. Sexual Morality: The Cultures and Emotions of Conserva tives and Liberals. In: Journal of Applied Social Psychology, 31(1), 2001, p. 191-221.
  • 48
    HAIDT, Jonathan; JOSEPH, Craig. The Moral Mind: How Five Sets of Innate Intuitions Guide t he Development of Many Culture-Specific Virtues, and Perhaps Even Modules. In: CARRUTHERS, P.; LAURENCE, S.; STITCH, S. (Eds.). The Innate Mind. New York: Oxford Press, 2008. P. 367-92.
  • 49
    HAIDT, Jonathan; KESEBIR, Selin. Morality. In: FISKE, Susan; GILBERT, Daniel; LINDZEY, G ardner (Eds.). Handbook of Social Psychology. Hoboken, NJ: Wiley, 2010. P. 797-832.
  • 50
    HAIDT, Jonathan, KOLLER, Silvia Helena; DIAS, Maria G.. Affect, Culture, and Morality, or Is It Wrong to Eat Your Dog? In: Journal of Personality and Social Psychology 65(4), 1993, p. 613-28.
  • 51
    HALTEMAN, James; NOELL, Edd. Reckoning with Markets: Moral Reflection in Economics. Oxford : Oxford University Press, 2012.
  • 52
    HART, Daniel; CARLO, Gustavo. Moral Development in Adolescence. In: Journal of Research on Adolescence 15(3), 2005, p. 223-233.
  • 53
    HEALY, Kieran. Last Best Gifts: Altruism and the Market for Human Blood and Organs. Chicag o: University of Chicago Press, 2006.
  • 54
    HEGTVEDT, Karen A.; SCHEUERMAN, Heather L.. 2010. The Justice/Morality Link: Implied, then Ignored, yet Inevitable. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 331-360.
  • 55
    HENRICH, Joseph; HEINE, Steven J.; NORENZAYAN, Ara. Most people are not WEIRD. In: Nature 466(7302), 2010, p. 29-29.
  • 56
    HENRICH, Joseph HEINE, Steven J.; NORENZAYAN, Ara. The Weirdest People in the World? In: Behavioral and Brain Sciences 33(2/3), 2010, p. 1-75.
  • 57
    HITLIN, Steven. Moral Selves, Evil Selves: The Social Psychology of Conscience. New York: Palgrave Macmillan, 2008.
  • 58
    HITLIN, Steven; ANDERSSON, Matthew A.. Dignity. In: BRUNSMA, David L.; SMITH, Keri E. Iya ll; BRAN, Brian K. (eds.). Handbook of Sociology and Human Rights. Boulder, CO: Paradigm, 2013. P. 384-393.
  • 59
    HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (Eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: S pringer, 2010.
  • 60
    HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen. The New Sociology of Morality. In: Annual Review of Socio logy 39, 2013, p. 51-68.
  • 61
    HOFFMAN, Martin L.. Empathy and Moral Development: Implications for Caring and Justice. Un ited States of America: Cambridge, 2000.
  • 62
    IGNATOW, Gabriel. Culture and Embodied Cognition: Moral Discourses in Internet Support Gr oups for Overeaters. In: Social Forces 88(2), 2009a, p. 643669.
  • 63
    IGNATOW, Gabriel. Why the Sociology of Morality Needs Bourdieu's Habitus. In: Sociological Inquiry 79(1), 2009b, p. 98-114.
  • 64
    INGLEHART, Ronald; BAKER, Wayne E.. Modernization, Cultural Change, and the Persistance of Traditional Values. In: American Sociological Review, 65(1), 2000, p. 19-51.
  • 65
    JACKALL, Robert. Moral Mazes: The World of Corporate Managers. New York: Oxford Universit y Press, 1988.
  • 66
    JAFFEE, Sara; HYDE, Janet Shibley. Gender Differences in Moral Orientation: A Meta-Analysi s. In: Psychological Bulletin, 126(5), 2000, p. 703-726.
  • 67
    JAHODA, Gustav. A History of Social Psychology: From the Eighteenth-Century Enlightenment to the Second World War. United Kingdom: Cambridge, 2007.
  • 68
    JOAS, Hans (Ed.). The Genesis of Values. Cambridge, UK: Polity Press, 2000.
  • 69
    JOAS, Hans; KN OBL, Wolfgang. Social Theory: Twenty Introductory Lectures. Cambridge: Cambr idge University Press, 2009.
  • 70
    KAGAN, Jerome. The Nature of the Child. United States of America: HarperCollins, 1994[1984 ].
  • 71
    KATZ, Jack. Essences as Moral Identities: Verifiability and Responsibility in Imputations of Deviance and Charisma. In: American Journal of Sociology, 80(6), 1975, p. 1369-1390.
  • 72
    KOCHANSKA, Grazyna. Committed Compliance, Moral Self, and Internalization: A Mediational M odel. In: Developmental Psychology, 38(3), 2002, p.339-51.
  • 73
    KOCHANSKA, Grazyna; AKSAN, Nazan; KNAACK, Amy; RHINES, Heather M.. Maternal Parenting and Children's Conscience: Early Security as Moderator. In: Child development 75(4), 2004, p. 1229-1242.
  • 74
    KOHLBERG, Lawrence. The Philosophy of Moral Development. Vol I - Moral Stges and the Idea of Justice. New York: Harper & Row, 1981.
  • 75
    KREBS, Dennis L. The Origins of Morality: An Evolutionary Account. New York: Oxford Univer sity Press, 2011.
  • 76
    LAMONT, Michele. Money, Morals, and Manners: The Culture of the French and the American Up per-Middle Class. United States of America: University of Chicago Press, 1992.
  • 77
    LAPSLEY, Daniel K.; NARVAEZ, Darcia. Moral Development, Self, and Identity. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates, 2004.
  • 78
    LEVINE, Donald N. Adumbrations of a Sociology of Morality in the Work of Parsons, Simmel, and Merton. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 57-72.
  • 79
    LUKES, Steven. Emile Durkheim: his life and work; a historical and critical study. Stanford University Press, 1985.
  • 80
    LUKES, Steven. Moral Relativism. New York: Picador, 2008.
  • 81
    LUKES, Steven. 2010. The Social Construction of Morality? In: HITLIN, Steven; VAISEY, Ste phen (eds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 549-560.
  • 82
    MARYANSKI, Alexandra; TURNER, Jonathan H.. The Social Cage: Human Nature and the Evolution of Society. Stanford, CA: Stanford University Press, 1992.
  • 83
    MASSEY, Douglas S.. A Brief History of Human Society: The Origin and Role of Emotion in So cial Life. In: American Sociological Review 67(1), 2002, p. 1-29.
  • 84
    MEAD, George Herbert (Ed.). The Philosophy of the Present. Chicago, London: Open Court Pub lishing, 1932.
  • 85
    MEAD, George Herbert (Ed.). Mind, Self & Society from the Standpoint of a Social Behaviori st. Chicago, Ill: The University of Chicago press, 1934.
  • 86
    NUNNER-WINKLER, Gertrud. The Development of Moral Understanding and Moral Motivation. In: International Journal of Educational Research 27(7), 1998, p. 587-603.
  • 87
    OSOFSKY, Michael J.; BANDURA, Albert; ZIMBARDO, Philip G.. The Role of Moral Disengagement in the Execution Process. In: Law and Human Behavior, 29(4), 2005, p. 371-393.
  • 88
    PILIAVIN, Jane Allyn. Altruism and Helping: The Evolution of a Field: The 2008 Cooley-Mead Presentation. In: Social Psychology Quarterly 72(3), 2008, p. 209-225.
  • 89
    POWELL, Christopher. Four Concepts of Morality. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (eds.) . Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 35-56.
  • 90
    PRINZ, Jesse J.. The Emotional Construction of Morals. New York: Oxford, 2007.
  • 91
    RAI, Tage S hakti; FISKE, Alan Page. Moral psychology is relationship regulation: moral mot ives for unity, hierarchy, equality, and proportionality. In: Psychological review 118(1):57, 2011.
  • 92
    RAWLS, Anne Warfield. The Interaction Order Sui Generis:Goffman's Contribution to Social T heory. In: Sociological Theory, 5(2), 1987, p. 136-149.
  • 93
    RAWLS, Anne Warfield. Language, Self, and Social Order: A Reformulation of Goffman and Sac ks. In: Human Studies, 12(1-2), 1989, p. 147-172.
  • 94
    RAWLS, Anne Warfield. Social Order as Moral Order. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (e ds.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 95-122.
  • 95
    REED, Americus; AQUINO, Karl F.. Moral Identity and the Expanding Circle of Regard Toward Out-Groups. In: Journal of Personality and Social Psychology, 84(6), 2003, p. 1270-1286.
  • 96
    ROZIN, Paul; LWERY, LaurA; IMADA, Sumio; HAIDT, Jonathan. The CAD Triad Hypothesis: A Map ping Between Three Moral Emotions (Contempt, Anger, Disgust) and Three Moral Codes (Community, Autonomy, Divinity). In: Journal of Personality and Social Psychology, 76(4), 1999, p. 574-586.
  • 97
    SAYER, Andrew. The Moral Significance of Class. New York: Cambridge University Press, 2005 .
  • 98
    SAYER, Andrew. Why Things Matter to People: Social Science, Values, and Ethical Life. Camb ridge: Cambridge University Press, 2011.
  • 99
    SCHEFF, Thomas J.. Shame and the Social Bond: A Sociological Theory. In: Sociological Theo ry, 18(1), 2000, p. 84-99.
  • 100
    SCHEFF, Thomas J.. Shame in Self and Society. In: Symbolic Interaction, 26(2), 2003, p. 2 39-62.
  • 101
    SCHWALBE, Michael L. Social Structure and the Moral Self. Pp. 281-303 In: HOWARD, Judith A .; CALLERO, Peter L. (eds.). The Self-Society Dynamic: Cognition, Emotion, and Action. New York: Cambridge, 1991.
  • 102
    SCHWARTZ, Shalom. Toward Refining the Theory of Basic Human Values. In: SALZBORN, Samuel; DAVIDOV, Eldad; REINECKE, Jost (eds.). Methods, Theories, and Empirical Applications in the Social Sciences. VS Verlag für Sozialwissenschaften, 2012. P. 39-46.
  • 103
    SCOTT, James C.. The Moral Economy of the Peasant. New Haven: Yale University Press, 1976.
  • 104
    SHWEDER, Richard A.; HAIDT, Jonathan. The Future of Moral Psychology: Truth, Intuition, and the Pluralist Way. In: Psychological Science, 4(6), 1993, p. 360-365.
  • 105
    SHWEDER, Richard A.; MAHAPATRA, Manamohan; MILLER, Joan. Culture and Moral Development. In: KAGAN, Jerome; LAMB, Sharon (eds). The Emergence of Morality in Young Children. Chicago: University of Chicago Press, 1987. P. 1-83.
  • 106
    SHWEDER, Richard A.; MAHAPATRA, Manamohan; MILLER, Joan. Culture and Moral Development. In: SIGLER, James W.; SHWEDER, Richard A; HERDT, Gilbert (eds.). Cultural Psychology: Essays on Comparative Human Development. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. P. 130-204.
  • 107
    SINNOTT-ARMSTRONG, Walter. Moral Psychology: The cognitive science of morality: intuition a nd diversity. The MIT Press, 2008.
  • 108
    SKITKA, Linda J.; BAUMAN, Christopher W.; MULLEN, Elizabeth. Morality and Justice: An Expan ded Theoretical Perspective and Empirical Review. In: Advances in group processes, 25, 2008, p. 1-27.
  • 109
    SMITH, Christian. Moral, Believing Animals: Human Personhood and Culture. United States of America: Oxford University Press, 2003.
  • 110
    SMITH, Christian. What is a Person? Chicago: University of Chicago Press, 2009.
  • 111
    SNYDER, Ben jamin H. From Vigilance to Busyness: A Neo-Weberian Approach to Clock Time. In: Sociological Theory, 31(3), 2013, p. 243-266.
  • 112
    SPATES, James L. The Sociology of Values. In: Annual Review of Sociology, 9, 1983, p. 27-49 .
  • 113
    STARKS, Brian; ROBINSON, Robert V.. Moral Cosmology, Relgion, and Adult Values for Children . In: Journal for the Scientific Study of Religion, 46(1), 2007, p. 17-35.
  • 114
    STAUB, Ervin. The Psychology of Good and Evil: Why Children, Adults, and Groups Help and Ha rm Others. United States: Cambridge, 2003.
  • 115
    S TEENSLAND, Brian. Moral classification and social policy. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 455-468.
  • 116
    S TETS, Jan E.; CARTER, Michael J.. The Moral Identity: A Principle Level Identity. P. 293-316 In: MCCLELLAND, Kent; FARARO, Thomas (eds.). Purpose, Meaning, and Action: Control System Theories in Sociology. New York: Palgrave Macmillan, 2006.
  • 117
    S TETS, Jan E.; CARTER, Michael J.. A Theory of the Self for the Sociology of Morality. In: American Sociological Review, 77(1), 2012, P. 120-140.
  • 118
    S UNAR, Diane. Suggestions for a New Integration in the Psychology of Morality. In: Social and Personality Psychology Compass, 3(4), 2009, p. 447-474.
  • 119
    T ANGNEY, June Price; STUEWIG, Jeff; MASHEK, Debra J.. Moral Emotions and Moral Behavior. In: Annual review of psychology, 58, 2007, p. 345-372.
  • 120
    T AVORY, Iddo. The Question of Moral Action: A Formalist Position. In: Sociological Theory 29(4), 2011, p. 272-293.
  • 121
    T AYLOR, Charles (Ed.). Sources of the Self: The Making of the Modern Identity. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1989.
  • 122
    T URIEL, Elliot. The Development of Social Knowledge: Moralty and Convention. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
  • 123
    T URIEL, Elliot.. The Culture of Morality: Social Development, Context, and Conflict. New York: Cambridge University Press, 2002.
  • 124
    T URIEL, Elliot; KILLEN, M.; HELWIG, Charles C.. Morality: Its Structure, Functions and Vagarities. P. 155-243 In: KAGAN, Jerome; LAMB, S. (eds.). The Emergence of Morality in Young Children. Chicago: University of Chicago Press, 1987.
  • 125
    T URNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. Moral emotions. In: TURNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. (eds.). Handbook of the Sociology of Emotions. Springer, 2006a. P. 544-566.
  • 126
    T URNER, Jonathan H. Natural Selection and the Evolution of Morality in Human Societies. In: HITLIN, Steven; VAISEY, Stephen (ed.). Handbook of the Sociology of Morality. New York: Springer, 2010. P. 125-145.
  • 127
    T URNER, Jonathan H; STETS, Jan E.. Sociological Theories of Human Emotions. In: Annual Review of Sociology, 32, 2006b, p. 25-52.
  • 128
    T URNER, Ralph H. Articulating Self and Social Structure. In: YARDLEY, K.; HONESS, T. (eds.). Self and Identity: Psychosocial Perspectives. United States of America: John Wiley & Sons, Ltd, 1987. P. 119-132.
  • 129
    U SLANER, Eric. The Moral Foundations of Trust. United Kingdom: Cambridge, 2002.
  • 130
    V AISEY, Stephen. Structure, Culture, and Community: The Search for Belonging in 50 Urban Communes. In: American Sociological Review, 72(6), 2007, p. 851-873.
  • 131
    VAISEY, Stephen. Motivation and Justification: A Dual-Process Model of Culture in Action. In: American Journal of Sociology, 114(6), 2009, p. 1675-1715.
  • 132
    V AISEY, Stephen; LIZARDO, Omar. 2010. Can Cultural Worldviews Influence Network Composition? In: Social Forces, 88(4), 2010, p. 1595-1618.
  • 133
    W ALKER, Janet S. Choosing Biases, Using Power, and Practicing Resistance: Moral Development in a World Without Certainty. In: Human Development, 43, 2000, p. 135-156.
  • 134
    W IKSTROM, Per-Lofo H.; CECCATO, Vania; HARDIE, Beth; TREIBER, Kyle. Activity Fields and the Dynamics of Crime: Advancing Knowledge About the Role of the Environment in Crime Causation. In: Journal of Quantitative Criminology 26:1, 2010.
  • 135
    W IKSTROM, Per-Lofo H.. Deterrence and Deterrence Experiences: Preventing Crime through the Threat of Punishment. In: SHOHAM, Shlomo Giora; BECK, Ori; KETT, Martin (eds.). International Handbook of Penology and Criminal Justice. London: CRC Press, 2007. P. 345-78.
  • 136
    W INCHESTER, Daniel. Embodying the Faith: Religious Practice and the Making of a Muslim Moral Habitus. In: Social Forces, 86(4), 2008.
  • 137
    W UTHNOW, Robert. Meaning and Moral Order. Berkeley: University of California Press, 1992.
  • 138
    Z ELIZER, Viviana A.. The purchase of intimacy. Princeton University Press, 2007.
  • 139
    Z ELIZER, Viviana A.. Morals & Markets: The Development of Life Insurance in the United States. New Brunswick: Transaction Books, 1979.
  • 1
    Tradução: Carolina Fernandes
  • 2
    Para uma síntese dos temas desta tendência, ver Abend (2008).
  • 3
    Ver também Calhoun (1991)
  • 4
    Para uma discussão dessas questões e de como os indivíduos desenvolvem uma percepção de si mesmos como seres morais, ver Hitlin (2008).
  • 5
    Ver também Prinz (2007).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015

Histórico

  • Recebido
    10 Set 2014
  • Aceito
    14 Out 2014
Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43111 sala 103 , 91509-900 Porto Alegre RS Brasil , Tel.: +55 51 3316-6635 / 3308-7008, Fax.: +55 51 3316-6637 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revsoc@ufrgs.br