Resumo
Nas ciências sociais, alguns autores destacaram-se em suas tentativas interpretativas acerca da realidade social, tornando-se referências para pesquisas em várias áreas do conhecimento. A despeito de divergências teóricas, tais autores possuíam algumas características comuns: todos homens, brancos, oriundos de países europeus – quando muito, nascidos na América do Norte. Todavia, os esforços para entender as relações sociais não se restringiram à produção daqueles que se notabilizaram e aos quais fora concedido grande prestígio. Em diferentes disciplinas, as últimas décadas têm sido marcadas pela descoberta, emergência e visibilidade de possibilidades distintas daquelas estabelecidas no modelo hegemônico de intelectualidade moderna ocidental. Em se tratando das ciências sociais, o sociólogo e antropólogo Celso Castro publicou, em 2022, uma obra que caminha nessa mesma direção. Além do cânone: para ampliar e diversificar as ciências sociais demonstra que as abordagens consagradas não são as únicas possibilidades existentes. No livro, Castro apresenta ao público leitor uma seleção de cientistas sociais que, a partir de diferentes territórios, buscaram compreender a sociedade – as sociedades, aliás – com formas originais para explicá-las. A coletânea traz ao Brasil textos inéditos, excertos das obras produzidas pelas dezesseis autoras e autores selecionados. O principal objetivo da obra é despertar o interesse e a curiosidade de pesquisadoras e pesquisadores brasileiros sobre possibilidades novas e plurais para interpretar os fenômenos sociais. Neste texto, busca-se evidenciar o empenho de Castro, alinhando-o ao movimento amplo em direção à superação da razão moderna como única alternativa para a compreensão das sociedades.
Palavras-chave
ciências sociais; decolonialidade; diversidade; pluralidade