COMUNICAÇÕES
Ocorrência de Alternaria brassicicola em crambe (Crambe abyssinica) no estado do Paraná
Solange Monteiro de Toledo Piza Gomes Carneiro1 1 Autor para correspondência: Solange M. de Toledo Piza Gomes Carneiro, email: solange_carneiro@iapar.br ; Euclides Romano; Tatiana Marianowski; Jaqueline Pereira de Oliveira; Tiago Henrique dos Santos Garbim; Pedro Mario de Araújo
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, Km 375, Caixa Postal 481, CEP 86001-970, Londrina, PR
Crambe (Crambe abyssinica Hochst. ex Fries) é uma planta de ciclo anual, pertencente à família Brassicaceae cujas sementes contém cerca de 35-60% de óleo. É nativa do Mediterrâneo e cultivada em algumas regiões tropicais e subtropicais pelo interesse industrial no óleo extraído das sementes, e mais recentemente para produção de óleo para biodiesel. O crambe vem sendo plantado nas estações experimentais do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, nos meses de março a junho. Inspeções realizadas em agosto de 2007 nos plantios experimentais, em Londrina, verificou-se a presença de manchas escuras em toda a parte aérea das plantas. Os sintomas observados caracterizavam-se por numerosas manchas pequenas, quase pretas, que ao se desenvolverem coalesciam e adquiriam formato circular, ocorrendo a formação de halo clorótico. No pecíolo da folha e na haste da planta ocorria escurecimento e a formação de manchas pretas alongadas. Sobre algumas lesões desenvolviam-se estruturas típicas do gênero Alternaria. O isolamento do patógeno foi feito desinfestando o tecido afetado e plaqueando em meio de cultura V-8. A incubação foi feita à 24ºC no escuro, e a partir de colônias desenvolvidas foi obtida cultura monospórica para teste de patogenicidade. O teste de patogenicidade foi realizado em plantas da cultivar FMS Brilhante, em diferentes estádios de desenvolvimento, inoculadas entre 20 e 47 dias após a semeadura. O inóculo foi produzido repicando o fungo para placas de petri com o meio de cultura V-8, as quais foram mantidas em incubadora à 24ºC no escuro por cerca de 10 dias. A suspensão de esporos foi ajustada para a concentração de 2x104 conídios/mL e pulverizada sobre as plantas. O tratamento testemunha foi pulverizado com água destilada, e todas as plantas foram mantidas em câmara úmida por 24 horas. Os sintomas iniciaram-se 2 dias após a inoculação e desenvolveram-se em todas as plantas inoculadas (Figura 1). O fungo foi reisolado completando os postulados de Koch. A identificação da espécie Alternaria brassicicola foi feita com base em Ellis (1971) pela observação das estruturas e medindo-se o tamanho e contando-se o número de septos de 100 esporos. O patógeno apresentou colônias marrom-escuro quase pretas, os conídios em cadeias (4-6), com 1 a 9 septos transversais, até 3 septos longitudinais e até 2 septos oblíquos, com comprimento médio de 25mm (10-42,5mm) e largura média de 11,8mm (7,5-17,5mm) e apêndice quase inexistente. Alternaria brassicicola é relatada como a mais séria doença do crambe nos Estados Unidos (Oplinger et al., 1991. Alternative field crops manual - crambe. 10p. Disponível em: <http://www.hort.purdue.edu/newcrop/afcm/crambe.html>. Acesso em: 09/06/2008) e como é um importante patógeno das brássicas no Brasil, este fungo possui o potencial para se tornar um obstáculo ao cultivo do crambe.
Data de chegada: 26/06/2008.
Aceito para publicação em: 06/09/2008
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
04 Ago 2009 -
Data do Fascículo
Jun 2009