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Esvaziamento cervical seletivo para o tratamento do pescoço positivo em carcinomas epidermóides do trato aerodigestório alto

CONTEXTO E OBJETIVO: O esvaziamento cervical radical modificado (ECRM) é o tratamento clássico para as metástases cervicais do carcinoma espinocelular (CEC) do trato aerodigestório alto (TADA). Este procedimento é considerado oncologicamente satisfatório, porém pode ser acompanhado de seqüelas significativas devido à extensão do procedimento e a grande manipulação de estruturas nobres, especialmente as nervosas. Assim, tem sido proposto o esvaziamento cervical seletivo (ECS) para o tratamento de casos selecionados, pN1, pN2 sem ruptura capsular, minimizando, ou mesmo evitando, deste modo, as seqüelas do ECRM. O grande questionamento atual é a definição de quais casos seriam eleitos para este procedimento, sem alterar o resultado oncológico de médio e longo prazo. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo clínico retrospectivo realizado na Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. MÉTODOS: Estudamos 67 doentes portadores de CEC do TADA de 1990 a 2001 dividindo-os em dois grupos: 1) 47 doentes tratados com ECS e 2) 20 doentes tratados com ECRM (todos N+). Os casos do grupo 1 eram clinicamente N0 e, 11 tornaram-se pN+, após o exame histopatológico. Assim, no grupo 1 obtivemos doentes pN+ tratados com ECS e seguimos estes grupos por, no mínimo, 2 anos. O grupo 2 serviu como controle da evolução dos doentes pN+. RESULTADOS: Nossos resultados mostraram que na comparação do ECS com o ECRM, não houve diferença significativa quanto à evolução (sobrevivência ou recidiva), no entanto, foi possível evidenciar uma pior evolução nos doentes N+ quando comparados aos N0, demonstrando que o principal fator prognóstico é o comprometimento linfonodal. Além disso, apesar do pequeno número de doentes, observamos que os doentes mais idosos e com CEC de faringe tiveram pior evolução e, por isto, talvez não sejam candidatos ao ECS. CONCLUSÕES: Concluímos, portanto, que o ECS pode ser uma boa opção de tratamento no pescoço N+, em casos selecionados, com metástases cervicais limitadas.

Esvaziamento cervical; Neoplasias de cabeça e pescoço; Carcinoma de células escamosas; Prognóstico; Metástase linfática


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