CONTEXTO E OBJETIVO:
Diretrizes para jejum pré-operatório não recomendam antagonistas dos receptores H2 ou inibidores da bomba de prótons. Este estudo investigou o uso profilático de proteção gástrica e a incidência de sintomas dispépticos no período pós-operatório imediato.
TIPO DE ESTUDO E LOCAL:
Estudo observacional não aleatorizado em unidade de recuperação pós-anestésica.
MÉTODOS:
Pacientes ASAP1 e ASAP2, classificação de risco da American Society of Anesthesiologists, com mais de 18 anos de idade, foram avaliados para identificar sintomas dispépticos durante a recuperação pós-anestésica em até 48 horas, tendo ou não recebido proteção gástrica profilática durante a anestesia. História de sintomas dispépticos e uso prévio de tais medicamentos foram critérios de exclusão. A razão de chances para incidência de sintomas dispépticos com uso desses medicamentos foi obtida.
RESULTADOS:
Foram estudados 188 pacientes, 71% mulheres, 50,5% dos pacientes ASAP1. A maioria dos pacientes recebeu anestesia geral (68%). Proteção gástrica foi amplamente usada (n = 164; 87,2%), consistindo de omeprazol (n = 126; 76,8%) ou ranitidina (n = 38; 23,2%). Poucos pacientes não receberam qualquer profilaxia (n = 24; 12,8%). Durante a observação, 24 pacientes (12,8%) relataram alguns sintomas dispépticos, porém sem relação com profilaxia (risco relativo, RR = 0,56; intervalo de confiança, IC 95% 0,23-1,35, P = 0,17; número necessário para tratar, NNT = 11). Omeprazol, comparado à ranitidina, não reduziu a chance de ter sintomas (RR = 0,65; IC 95% 0,27-1,60; P = 0,26; NNT = 19).
CONCLUSÃO:
Este estudo sugere que o uso profilático de inibidores da bomba de prótons ou antagonistas do receptor H2 foi rotina em pacientes assintomáticos e não esteve associado com proteção pós-operatório para dispepsia.
Omeprazol; Ranitidina; Cuidados pós-operatórios; prevenção & controle; Dispepsia