OBJETIVO: Relacionar a função esplênica com os níveis do receptor solúvel da transferrina (sTfR) e com os valores da ferritina intra-eritrocitária (RCF) em pacientes com doenças falciformes. TIPO DE ESTUDO: Estudo prospectivo. LOCAL: Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, atendimento terciário. PARTICIPANTES: 60 pacientes portadores de doenças falciformes, na fase estável da doença, sem transfusão de sangue nos últimos 3 meses; 28 indivíduos normais, sem sinais clínicos e laboratoriais de anemia. VARIÁVEIS ESTUDADAS: Determinação do ferro sérico, capacidade de ligação do ferro à transferrina, ferritina sérica, RCFe sTfR. Avaliação da função esplênica: quantificação de hemácias com "pits". RESULTADOS: Pacientes com anemia falciforme: os níveis de sTfR foram significativamente mais elevados do que nos indivíduos normais e com Hb SC (p=0,0001); correlação inversa entre sTfR e Hb Fetal (p=0,0016); valores de RCF significativamente mais elevados do que nos indivíduos normais e pacientes SC (p=0,0001); correlação entre RCF e hemácias com "pits" (p=0,0512).CONCLUSÕES: A associação entre sTfR e Hb Fetal confirma a contribuição da Hb Fetal na melhora do quadro hemolítico, o que, conseqüentemente, minimiza a reativação da expansão eritróide. Os altos níveis de sTfR observados nos pacientes com doença falciforme não estão relacionados com o grau de hipofunção esplênica. A deficiência do processo de exocitose exercido pelo baço pode contribuir para o acúmulo de RCF nos pacientes com anemia falciforme.