CONTEXTO:
A forma autossômica recessiva da síndrome de microcefalia-coriorretinopatia é condição genética rara, considerada um importante diagnóstico diferencial com toxoplasmose congênita.
RELATO DO CASO:
O paciente era um menino branco de sete anos de idade, inicialmente diagnosticado com toxoplasmose congênita. No entanto, suas sorologias para infecções congênitas, incluindo a toxoplasmose, eram negativas. Ele foi o primeiro filho de pais jovens, hígidos e consanguíneos (parentes de quarto grau). Os pais apresentavam perímetro cefálico e inteligência normais. O paciente apresentava microcefalia e anormalidades específicas da retina com áreas ovais de pigmentação múltiplas e difusas, além de manchas de atrofia coriorretiniana associadas à pigmentação difusa do fundo de olho. A avaliação oftalmológica dos pais foi normal. A tomografia computadorizada de crânio da criança mostrou discreta dilatação dos ventrículos laterais e cisternas basais, sem evidência de calcificações. Nós não verificamos a presença de linfedema em suas mãos e pés. Ele possuía retardo do crescimento pós-natal, deficiência mental grave e paralisia cerebral.
CONCLUSÃO:
O achado de lesões coriorretinianas em uma criança com microcefalia deve aumentar a suspeita da forma autossômica recessiva da síndrome de microcefalia-coriorretinopatia, principalmente em casos com padrão atípico de fundo de olho e consanguinidade. O diagnóstico preciso é essencial para correta avaliação clínica e aconselhamento genético dos pacientes e suas famílias.
Microcefalia; Retina; Deficiência intelectual; Consanguinidade; Toxoplasmose