RESUMO
CONTEXTO E OBJETIVO:
O objetivo do teste de rastreamento para o câncer é detectá-lo em um estágio inicial, a fim de aumentar as chances de cura. Contudo, seu uso descomedido pode levar a exames desnecessários, sobrediagnóstico e aumento de custos. Portanto, é necessário que se avalie a repercussão clínica do rastreamento em termos de benefícios e riscos.
TIPO DE ESTUDO E LOCAL:
Revisão de revisões sistemáticas Cochrane realizada na Disciplina de Medicina Baseada em Evidências da Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
MÉTODOS:
Foram incluídas revisões sobre efetividade clínica de testes de rastreamento para câncer. Os títulos e resumos foram avaliados independentemente por dois autores e divergências foram resolvidas por outros dois. Os achados foram resumidos e discutidos.
RESULTADOS: 17 revisões sistemáticas foram incluídas: 15 sobre rastreamento para cânceres específicos (vesical, mamário, colorretal, hepático, pulmonar, nasofaríngeo, esofágico, oral, prostático, testicular, uterino) e duas para câncer em geral. A qualidade das evidências encontradas pelas revisões variou muito. Duas revisões encontraram evidências de alta qualidade: o rastreamento com tomografia em dose baixa em pacientes de alto risco parece reduzir a mortalidade por câncer pulmonar; e rastreamento com sigmoidoscopia flexível e pesquisa de sangue oculto nas fezes parece reduzir a mortalidade por câncer colorretal.
CONCLUSÃO:
As evidências de revisões sistemáticas Cochrane não indicam a realização dos testes mais usados para rastreamento de câncer. Recomenda-se que os pacientes sejam informados sobre as possibilidades de falsos positivos e de falsos negativos antes de serem submetidos aos testes. Estudos adicionais para avaliar melhor a eficácia de testes de rastreamento para o câncer e os eventos adversos são necessários.
PALAVRAS-CHAVE:
Diagnóstico; Detecção precoce de câncer; Resultado do tratamento; Revisão; Prática clínica baseada em evidências