Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Claudia Marquez Simões Pça. Antônio Manuel do Espírito Santo, 63 Jardin Bonfiglioli São Paulo (SP) CEP 05592-050 E-mail: claucms@terra.com.br
INTRODUÇÃO
A dexmedetomidina é o mais recente e seletivo agonista alfa-2 adrenérgico. A ausência de estudos com a administração dessa droga via oral em pacientes pediátricos nos motivou a investigar sua eficácia como medicação pré- anestésica em crianças.
MÉTODOS
Após aprovação do Comitê de Ética da instituição e obtenção do Termo de Consentimento Pós-Informado, 24 crianças entre 1 e 10 anos, em estado físico P1 e P2 (antigos ASA I ou II), submetidas a cirurgias ambulatoriais infra-umbilicais sob anestesia geral associada a bloqueio de nervos periféricos ou epidural sacra, foram divididas aleatoriamente em dois grupos. Um grupo recebeu dexmedetomidina 1,5 mcg/kg via oral aproximadamente 60 minutos antes da cirurgia, enquanto o outro grupo recebeu midazolam 0,5 mg/kg via oral 30 minutos antes da cirurgia. A sedação e dificuldade de separação dos pais foram avaliadas na admissão do centro cirúrgico, conforme escala previamente utilizada por Nishina. Avaliamos os seguintes parâmetros durante o procedimento: freqüência cardíaca (cardioscópio, DII) e pressão arterial não-invasiva, assim como as condições e tempo para alta da sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Consideramos hipotensão e bradicardia como a queda maior que 20% dos valores obtidos antes da indução anestésica.
RESULTADOS
Nenhuma criança do grupo da dexmedetomidina apresentou dificuldade de separação dos pais, enquanto que duas (16,66%) do grupo do midazolam apresentaram dificuldade de separação dos pais na admissão no centro cirúrgico. No grupo da dexmedetomidina, sete pacientes (58,33%) apresentaram sedação eficaz, já no grupo midazolam apenas dois (16,66%).
DISCUSSÃO
Os resultados foram comparados pelo teste exato de Fisher bi-caudal e os valores não foram estatisticamente significantes. Não houve diferença estatística entre os valores de freqüência cardíaca e pressão sanguínea. Observamos maior intervalo de tempo entre a administração da MPA e a extubação e alta da SRPA no grupo da dexmedetomidina. Não existiu diferença significativa entre os grupos quanto à sedação residual na alta da SRPA.
CONCLUSÃO
Neste estud,o a dexmedetomidina proporcionou sedação e facilitou a separação dos pais de maneira semelhante ao midazolam medicação consagrada como pré-anestésico em pacientes pediátricos. Apesar da pequena amostra e da falta de estudos sobre a farmacocinética para avaliar a biodisponibilidade da dexmedetomidina após administração via oral em pacientes pediátricos, essa medicação demonstrou-se adequada quanto à dose e tempo de administração preconizados neste estudo. No entanto, o aumento do tempo de permanência na SRPA não faz desse agente a primeira escolha para MPA em pacientes ambulatoriais.
REFERÊNCIAS
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Dexmedetomidina como medicação pré-anestésica via oral em pacientes pediátricos
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
14 Set 2005 -
Data do Fascículo
2005