INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: Pacientes hemofílicos no Brasil apresentaram alto risco de adquirirem infecção pelo HIV devido a transfusões no período de 1980-86. Entretanto, não há relatos publicados em nosso país acerca da evolução clínica destes pacientes, nem sobre sua importância como transmitteres heterossexuais. METODOLOGIA: Foram estudados 19 pacientes hemofílicos infectados pelo HIV e suas respectivas parceiras sexuais fixas, e 15 indivíduos normais como controles. No momento do estudo, 6 dos pacientes eram do grupo II (CDC, 1986), 11 do grupo III e 2 do grupo IVa. O tempo médio de relacionamento dos casais foi de 7,4 anos. A infecção pelo HIV foi diagnosticada pelas técnicas ELISA e Western-blot e presença de antigenemia (p24) por ELISA comercial. A avaliação imunológica consistiu na determinação de linfócitos CD4 e CD8 do sangue periférico por imunoflorescência indireta com anticorpos monoclonais e na dosagem de lg total, IgA, IgG e IgM séricos por nefelometria. RESULTADOS: O grupo de pacientes apresentava medianas das contagens de células CD4 e CD8 diminuídas quando comparadas ao grupo controle; 5 dos pacientes eram p24 positivos. Da mesma forma que em outras casuísticas, 15,8 % (3/19) das parceiras eram soropositivas para o HIV, encontrando-se assintomáticas e p24 negativas. Seus respectivos parceiros eram grupo II ou III-CDC, apresentavam números normais de células CD4 e CD8, e eram p24 negativos. As parceiras soronegativas apresentavam contagens normais de células CD4 e CD8, com exceção de 3 delas que apresentavam células CD8 aumentadas. Entretanto, alterações imunológicas já foram foram descritas em parceiras sexuais soronegativas de pacientes HIV positivos. CONCLUSÕES: Nossos resultados corroboram sugestões prévias de que a transmissão heterossexual a parceiras sexuais fixas parece ocorrer precocemente após o início da exposição sexual e possivelmente quando o parceiro apresenta altos índices de viremia e atividade sexual regular.