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Editorial

Editorial

O tema da proteção social é retomado neste número sob diferentes ângulos, num momento histórico de crise do capitalismo presente de forma globalizada tanto nos países centrais como nos periféricos.

No artigo de abertura, contempla-se em sentido abrangente, uma densa análise comparativa entre as distintas realidades da proteção social na França e no Brasil. Consideradas as condições sócio-históricas desses países, são apontadas tendências de alocação do fundo público, o impacto da dinâmica da dívida pública e da financeirização no conjunto das despesas e, sobretudo, as semelhanças e diferenças entre as experiências de cada um deles, que se entrelaçam na totalidade, nas palavras da autora.

Detendo-se na realidade latino-americana, especificamente na Argentina, um segundo artigo toma como objeto de reflexão, a política social naquele país, num contexto de disputa das perspectivas da proteção social. Tendo como foco um programa de Transferência Monetária Condicionada, são analisadas as tensões entre as condições e formas de organização do trabalho, as desigualdades contemporâneas, bem como a controversa questão das condicionalidades presentes em programas dessa natureza, que os distancia de perspectivas universalistas de proteção social.

Ainda na temática da proteção social, uma análise da política de assistência social brasileira e suas funcionalidades face às estratégias neodesenvolvimentistas de crescimento econômico e justiça social é apresentada em artigo que tem como cenário a inserção da economia brasileira na totalidade do capital.

Dando seguimento a este número da Revista, dois artigos trazem reflexões sobre o trabalho do assistente social e seu arcabouço jurídico-político. O primeiro deles apresenta a discussão sobre a complexa relação entre a Educação como política pública e a sua vinculação ao Serviço Social, em especial, sua integração à escola pública neste momento de crise do capital. Trata-se de um debate relevante e crescente, por seu aprofundamento recente e pela ampliação de vagas na área, além de contribuir para a luta histórica pelo reconhecimento da política de educação pública como locus de exercício profissional do assistente social. O outro artigo, relevante e oportuno para o debate profissional, é fruto de pesquisa documental e tem por escopo avaliar criticamente se o aparato e as salvaguardas jurídico-político, construídos historicamente pelos assistentes sociais, principalmente pelo conjunto CFESS-CRESS, tendo em vista seu estatuto de trabalhador assalariado, são suficientes para melhor qualificar seu fazer profissional e contrapor-se aos níveis de desemprego e precariedade do trabalho, possibilitando a ampliação do espaço sócio-ocupacional e condições de trabalho e remuneração adequadas.

Os últimos artigos trazem uma contribuição à reflexão de temas presentes na construção heurística das Ciências Sociais e da teoria social. O primeiro deles aborda as polêmicas e contradições que têm acompanhado as discussões acerca da cientificidade no campo das Ciências Sociais e suas controvérsias paradigmáticas no intuito de pensar a realidade social, e que nos convida a refletir sobre esse tema no âmbito do Serviço Social, seja na perspectiva da formação de profissionais ou dos espaços sócio-ocupacionais nos quais a profissão se insere. O outro artigo, que tem por base o pensamento de Marx, Engels e Lukács, problematiza as categorias de práxis, gênero humano e natureza, sustentando que a generidade humana se funda sobre a práxis e evolui segundo uma dinâmica que reforça os elementos sociais, reduzindo as determinações naturais sobre a forma de vida humana.

Completando este número da Revista, apresenta-se a resenha do livro de Ricardo Lara, A produção de conhecimento no Serviço Social. O mundo do trabalho em debate, resultado de sua tese de doutoramento. Nessa obra, de cunho bibliográfico, o autor realiza interlocução com alguns dos mais significativos intelectuais que influenciaram e continuam influenciando, a produção de conhecimento e a práxis do Serviço Social. Trata-se, conforme conclusão da autora da resenha, de um livro que expõe com clareza a opção ideológica e política em favor do trabalho, da classe trabalhadora e do ser social, de interesse de todos(as) que se debruçam sobre as temáticas relativas ao mundo do trabalho numa perspectiva crítica e emancipatória.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 2013
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