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Editorial

Editorial

Este número 114 da revista Serviço Social & Sociedade apresenta um conjunto de artigos que problematizam demandas e desafios que se colocam para a profissão, quer do ponto de vista da pesquisa e do aprofundamento de conhecimentos que se colocam como fundamento do trabalho do assistente social, quer do ponto de vista de temáticas que estão presentes no exercício profissional cotidiano. Nesse sentido, os textos aqui reunidos abarcam conteúdos relevantes para a pesquisa, para a intervenção profissional e também para o questionamento do significado das atuais políticas que incentivam a privatização de serviços.

Abrindo este número, dois artigos trazem elementos teóricos que enriquecem a apreensão do legado lukacsiano e a pesquisa no exercício profissional. O texto Os 40 anos sem Lukács e o debate contemporâneo nas Ciências Humanas faz uma reflexão muito pertinente às Ciências Sociais, mas especialmente ao Serviço Social. Mostra a relação entre o que denomina de "desprezo ao espólio lukacsiano" por parte das Ciências Sociais como um processo que decorre exatamente da potência crítica desse referencial, especialmente de sua capacidade de apreensão ontológica da realidade social. É uma contribuição que reafirma elementos fundamentais para o Serviço Social à medida que evidencia a naturalização das relações sociais instituídas e a historicidade dos processos sociais.

O outro artigo discute a pesquisa na formação e prática profissional. No primeiro momento, realiza uma descrição histórica referente à pesquisa e produção do conhecimento no Serviço Social, buscando identificar as "mudanças" ético-política e teórico-metodológica vivenciadas pela disciplina de pesquisa. Em seguida, problematiza a relação da pesquisa com a prática profissional do Serviço Social na atualidade.

Um outro bloco, composto de três artigos, problematiza questões referentes ao exercício profissional em diferentes esferas: nas empresas de consultorias e assessorias, em instituições de internação de jovens e nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O primeiro destaca a atuação do Serviço Social em empresas privadas, descreve o trabalho profissional e evidencia a condição de trabalhador terceirizado e o processo de flexibilização e precarização de trabalho a que esses profissionais estão submetidos. No artigo subsequente, o foco é a percepção do racismo institucional por parte do profissional de Serviço Social. Com base em considerações importantes sobre a temática do racismo e sua presença nas relações sociais instituídas, a autora demonstra as dificuldades de percepção da questão étnico-racial e a necessidade de avançarmos nesse debate no âmbito da formação e no exercício profissional. O último artigo deste bloco discute o desafio de apreensão da condição de classe daqueles que sofrem de transtornos mentais.

Fecha o conjunto de artigos que compõem este número dois textos que trazem o debate internacional com foco em duas áreas: a descriminalização das drogas e questão de gênero. O primeiro traz a experiência de Portugal no combate às drogas, a instauração de políticas públicas de descriminalização e os resultados obtidos. Um tema polêmico e que muito pode contribuir com o serviço social brasileiro num contexto como o atual em que o combate à droga tem servido muito mais para a criminalização da pobreza do que realmente para a instauração de políticas públicas efetivas. O outro texto, proveniente da Colômbia, aborda o processo de luta pela construção política da cidadania das mulheres nesse país.

Na seção Comunicação de Pesquisa, dois artigos trazem temas atuais e que têm sido alvo de debate no Serviço Social: a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH); e a experiência do trabalho com comunidade desenvolvida na área da saúde em Fortaleza. Embora ambos tenham focos diferenciados, têm em comum o fato de revelarem experiências que problematizam a formação profissional e a universidade: seu papel, seu posicionamento diante da realidade e seu vínculo com a sociedade. O debate sobre a EBSERH tem envolvido diversos segmentos sociais, em especial aqueles que defendem os princípios da reforma sanitária e do SUS, daí a importância de trazer para o Serviço Social esse debate político assim como a retomada da proposição dos princípios da educação popular pode ser de grande valia numa conjuntura como a atual em que o trabalho socioeducativo do Serviço Social está na pauta do dia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 2013
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