RESUMO
Objetivo: apreender formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes em um cotidiano familiar de abuso sexual.
Método: pesquisa qualitativa desenvolvida em um Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência no semiárido de Pernambuco, com dados coletados entre junho e novembro de 2014 por meio de entrevista com nove mulheres. O processo de análise fundamentou-se em noções da Sociologia Compreensiva e do Cotidiano, com dados organizados por afinidade, interpretados e categorizados.
Resultados: emergiram as categorias: ritualização do abuso sexual de crianças e adolescentes no cotidiano familiar: aceitação da vida pela passividade; camuflagens para sobreviver ao vivido de abuso sexual: silêncio, astúcia e duplo jogo; e, entre o oculto e a revelação do abuso sexual. Pode-se perceber que os episódios de abuso ocorriam em segredo e sob a ameaça dos abusadores através de gestos ou palavras intimidadoras. As vítimas não entravam em confronto com eles e para chamar a atenção ou pedir auxílio usavam artimanhas como metáforas, risos e palavras irônicas, além de despistá-los com desculpas, escondendo-se, fingindo dormir ou fugindo para a rua.
Conclusão: a centralidade subterrânea presente no abuso sexual desencadeou formas de resistência em oposição à opressão gerada pelo abusador em que, para aceitação da vida, as participantes desenvolveram diferentes mecanismos de sobrevivência, além de encontrar no trabalho voluntário, música e esporte, os respiradouros para aliviar o peso gerado pela ocultação do abuso.
DESCRITORES: Sobrevivência; Abuso sexual na infância; Violência contra a mulher; Criança; Adolescente; Relações familiares; Atividades cotidianas
ABSTRACT
Objective: to understand the forms of resistance used by children and adolescent victims of sexual abuse in the everyday family routine.
Method: qualitative research developed at an Assistance Center to Women in Situations of Violence in the semi-arid region of Pernambuco, with data collected between June and November of 2014 through interviews with nine women. The analysis process was based on notions of Comprehensive Sociology and Everyday Life, with data organized by affinity, interpreted and categorized.
Results: the emerged categories: ritualization of sexual abuse of children and adolescents in the family routine: acceptance of destiny through passivity; Camouflage to survive the experience of sexual abuse: silence, astuteness and acting/pretending in order to escape abuse, Between hidden sexual abuse and The revelation of sexual abuse. It can be seen that episodes of abuse occurred in secret and under the threat of abusers through intimidating gestures or words. Victims did not confront them or call attention or ask for help, they used tricks like metaphors, laughs and ironic words, as well as ridiculing them with excuses, hiding, pretending to be asleep or fleeing to the street.
Conclusion: the underground centrality present in sexual abuse triggered forms of resistance in opposition to the oppression generated by the abuser in which, in accepting that way of life, the participants developed different survival mechanisms, as well as participating in voluntary work, music and sports, these vents alleviate the burden of concealing the abuse.
DESCRIPTORS: Survival; Childhood sexual abuse; Violence against women; Child; Adolescent; Family relationships; Daily activities.
RESUMEN
Objetivo: aprender formas de resistencia utilizadas por niños y adolescentes en un cotidiano familiar de abuso sexual.
Método: investigación cualitativa desarrollada en un Centro de Atendimiento a la Mujer en Situación de Violencia en el Semiárido de Pernambuco, con datos recolectados entre junio y noviembre de 2014, por medio de entrevista con nueve mujeres. El proceso de análisis se fundamentó en nociones de la Sociología Comprensiva y del Cotidiano, con datos organizados por afinidad, interpretados y categorizados.
Resultados: emergieron las categorías: ritualización del abuso sexual de niños y adolescentes en el cotidiano familiar: aceptación de la vida por la pasividad; camuflajes para sobrevivir a lo vivido sobre el abuso sexual: silencio, astucia y doble juego, y, entre lo oculto y la revelación del abuso sexual. Puede percibirse que los episodios de abuso ocurrían en secreto y bajo la amenaza de los abusadores a través de gestos o palabras intimidantes. Las víctimas no entraban en confrontación con ellos y para llamar la atención o pedir auxilio usaban artimañas como metáforas, risas y palabras irónicas, además de despistarlos con disculpas, escondiéndose, fingiendo dormir o escapándose para la calle.
Conclusión: la centralidad subterránea presente en el abuso sexual desencadenó formas de resistencia en oposición a la opresión generada por el abusador en que, para la aceptación de la vida, las participantes desarrollaron diferentes mecanismos de sobrevivencia, además de encontrar en el trabajo voluntario, música y deporte, los respiraderos para aliviar el peso generado por la ocultación del abuso.
DESCRIPTORES: Supervivencia; Abuso sexual infantil; Violencia contra la mujer; Niño; Adolescente; Relaciones familiares; Actividades cotidianas.
INTRODUÇÃO
O abuso sexual no contexto familiar é a modalidade de violência contra crianças e adolescentes que provoca maior indignação, considerando as circunstâncias em que ocorre, pois além das fragilidades física, psicológica e cronológica inerentes às vítimas, é praticado na maioria dos casos contra meninas, por um homem que desfruta da confiança da família, a quem se encontram vinculadas por afeto, confiança ou relações de dependência.1
Reconhecido como crime, o abuso sexual na família resulta de entendimentos equivocados que se propagam ao longo de gerações sobre o que é permitido e o que é proibido na sexualidade, em que, ocupando posição inadequada para a idade, crianças e adolescentes são usadas para a satisfação sexual de uma pessoa adulta.2
Dados epidemiológicos da Organização Mundial de Saúde mostram a prática de abuso sexual contra crianças e adolescentes em todos os países do mundo e apresentam uma prevalência diferente entre os sexos, a saber, 18% para as meninas e 7,6% para os meninos.3
A maior prevalência do abuso sexual no sexo feminino tem suas raízes no patriarcado, que ao longo da história incorpora relações sociais de dominação masculina, que determinam papéis sociais e oportunidades desiguais entre homens e mulheres.4-5 Como podemos perceber, a dominação masculina acentua a submissão e perpetuação da violência contra a mulher que, em relação às meninas e às adolescentes, a situação abusiva ocorre em um jogo de sedução, ameaça, chantagem e pactos de forma repetitiva, cujo o abusador usa da autoridade para exercer controle sobre elas.6-7
Esta dinâmica leva a uma confusão dos papéis de vítima e abusador: em um imaginário de medo, uma menina abusada sexualmente não consegue reagir nem contestar a autoridade exercida por seu abusador e, embora não concorde, ela se sente incapaz de evitar que novos episódios aconteçam. Portanto, nenhuma menina encontra-se preparada para sofrer maltrato, sobretudo, abuso sexual. De maneira que, diante das ameaças, as vítimas costumam manter o fato em segredo e, para amenizar as pressões do abusador, desenvolvem estratégias para sobreviver ao abuso.8-9
Nessas situações, existe uma centralidade subterrânea que ocupa os espaços da vida cotidiana de meninas e adolescentes e oculta esta vivência por um tempo diferente para cada uma delas. Diante dos nossos olhos, elas dão pistas de suas experiências, por meio de pequenos gestos e atitudes aparentemente sem importância, que muitas vezes passam despercebidos, por falta de sensibilidade de nossa parte.
As situações de abuso sexual se enquadram na modalidade de violência classificada como violência banal e desencadeiam formas de resistência passiva, mostrando a centralidade subterrânea que emerge da oposição ao poder do autor do abuso, em que, sem entrar no confronto, as vítimas se contrapõem por meio de diferentes mecanismos de sobrevivência.10
De forma que a vivência de abuso sexual pode ser encenada através de artimanhas ou atitudes de passividade, como formas de resistência ou de aceitação do destino e apresentadas como aceitação da vida, silêncio, astúcia, duplo jogo e solidariedade orgânica. Assim, é possível se confrontar com o trágico do abuso sexual vivendo um jogo duplo, que se mostra na teatralidade pelo uso de máscaras, recurso que permite à pessoa a encenação de diferentes papéis para se proteger da opressão gerada por um fenômeno.10-11
A astúcia é uma forma de resistência que ocorre quando a pessoa lança mão de diferentes táticas, furando o bloqueio para manter distância de um perigo. Desse modo, ela poderá se camuflar e se manifestar por meio da zombaria, do riso, da ironia ou pelo não verbal, em um silêncio que compromete a visibilidade do fenômeno.10-11
Quanto ao duplo jogo, este é um modo mais brando de vivenciar uma experiência. É uma espécie de acerto de contas ou nivelamento: em uma atitude de passividade, não existe nem recusa nem completa aceitação.10 Ele pode ser usado por meio do silêncio para compartilhar experiências difíceis de serem enfrentadas, que em sua força reveladora, aquilo que não é ouvido, escutado ou respondido, é indicativo de “poder de resistência”.10:125
Portanto, estando o abuso sexual entre as situações de difícil enfrentamento, meninas e suas famílias podem fazer uso das táticas mencionadas para evitar o confronto com o abusador, resistir às ameaças que o fenômeno representa ao equilíbrio familiar e, assim, sobreviver. É neste contexto que esta pesquisa tem o objetivo de apreender formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes em um cotidiano familiar de abuso sexual.
MÉTODO
Pesquisa qualitativa embasada na Sociologia Compreensiva e do Cotidiano que, através de noções e dos pressupostos teóricos e da sensibilidade, auxilia-nos a apreender e a designar detalhes, contornos e limites do dado social, de modo a sabermos dar conta da sua riqueza. Nesta pesquisa, a forma foi o pressuposto adotado como recurso de investigação que, por sua utilidade metodológica, permite descrever em profundidade situações e representações que constituem a vida cotidiana. Assim, para estudar situações recorrentes da vida cotidiana, como a violência, destacamos categorias societais que, por serem modulações da forma, metodologicamente, constituem o fio condutor no estudo de diferentes contextos e situações.12-13
Participaram desta pesquisa nove mulheres que atenderam aos critérios de inclusão de ter vivência de abuso sexual no contexto familiar na infância ou adolescência e ser maior de 18 anos. Foram excluídas as mulheres que sofreram outros tipos de violência na infância e aquelas, que apesar de atenderem aos critérios de inclusão, não apresentaram condições emocionais para responder às questões da pesquisa.
A aproximação com elas ocorreu por meio do projeto de extensão “Oficinas interventivas com mulheres vítimas de violência doméstica”, em um Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência no semiárido de Pernambuco, durante o qual, aquelas que atenderam aos critérios de inclusão foram convidadas a participar. Após serem devidamente esclarecidas, as nove participantes, que aceitaram participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, ficando a original sob a guarda da pesquisadora.
A coleta dos dados ocorreu entre junho e novembro de 2014, com entrevista aberta, cuja organização e interpretação seguiram a orientação maffesoliana,12 no que diz respeito à necessidade de epistemologicamente recorrer a agrupamentos por afinidade, para dar sentido à diversidade dos fenômenos societais identificados nas pesquisas. Desta maneira, após a transcrição da gravação das entrevistas foi realizada a exaustiva leitura incluindo palavras, repetições, pausas, silêncios ou sobreposições, com posterior edição das frases em uma versão mais nítida da que foi expressa, valorizando pequenas insignificâncias que integram o cotidiano de cada pessoa, tantas vezes despercebidas pela enfermagem.
Assim sendo, os dados foram agrupados por afinidade e formaram a conjunção: o vivido silencioso: do oculto à revelação do abuso sexual, na qual exploramos a repetição que caracteriza um ritual de abuso sexual, com organização dos dados em três categorias: 1) ritualização do abuso sexual de crianças e adolescentes no cotidiano familiar: aceitação da vida pela passividade; 2) camuflagens para sobreviver ao vivido de abuso sexual: silêncio, astúcia e duplo jogo; e 3) entre o oculto e a revelação do abuso sexual.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (protocolo 684.203, CAAE 24565213.4.0000.5531. Para salvaguardar e manter o anonimato, as participantes foram identificadas com nomes fictícios: Eva, Marta, Clara, Lara, Rosa, Alice, Júlia, Isaura e Mel.
RESULTADOS
As nove participantes tinham idades entre 18 e 53 anos, nível de escolaridade do ensino fundamental incompleto ao ensino médio completo, autodeclararam-se pardas (5), pretas (2) e brancas (2). Quatro eram solteiras, uma em união consensual, duas casadas, uma viúva e uma divorciada. Quanto ao rendimento mensal, sete estavam desempregadas e dependiam financeiramente da família, uma era aposentada e uma recebia um salário mínimo. Sete tinham filhos, uma filha resultante do abuso sexual perpetrado pelo padrasto.
No tocante à idade, no início do abuso sexual, as mulheres tinham entre quatro e 17 anos, sendo que seis delas tinham menos de dez anos. O tempo médio entre o início e a revelação do abuso foi de 12 anos e a idade à época da revelação variou entre os 11 e os 53 anos.
Três pais e quatro padrastos, seguidos de irmãos e primos, foram os abusadores. Desta maneira, identificamos que, em alguns casos, a presença de mais de um abusador em uma mesma situação abusiva: uma das participantes foi abusada por três primos e a outra, por dois irmãos. No concernente ao tipo de contato inicial das práticas abusivas, seis situações ocorreram por meio de carícias e pequenos agrados e, nas demais (3) com penetração genital.
Quanto à revelação, seis foram feitas intencionalmente a um familiar ou à escola, uma ocorreu por flagrante de familiares, uma foi estimulada pelo Conselho Tutelar e a outra foi feita aos 53 anos pela participante, durante atendimento psicológico. A notificação oficial a serviços da rede de proteção a crianças e adolescentes somente ocorreu em quatro situações, gerando, entre as medidas protetivas, o afastamento do autor do abuso e o encaminhamento da vítima a serviços de atendimento psicológico.
Os relatos das sete participantes que foram abusadas por seus pais ou padrastos foram contestados por quatro mães. Destas sete situações, as mães de duas participantes se separaram dos abusadores de suas filhas e as outras cinco continuaram com os companheiros. Apresentamos a seguir os resultados agrupados por categorias.
Ritualização do abuso sexual de crianças e adolescentes no cotidiano familiar: aceitação da vida pela passividade
Os episódios de abuso sexual ocorriam sem testemunha, em uma repetitividade, cujo poder dos abusadores ameaçava com palavras ou gestos as meninas indefesas que, por não poderem fugir ou medir forças com eles, mantinham-se passivas, em silêncio e sem contestação.
Quando eu tinha oito anos meu pai me acariciava, pegava nos meus seios e quando eu fiz 13 anos ele começou a praticar sexo com penetração. Era assim: eu dormia em um quarto com três irmãos, aí toda madrugada meu pai saía do quarto da minha mãe para o nosso quarto. Mantive o abuso sexual em segredo até os meus 17 anos, por medo de que ele matasse minha mãe e meus irmãos (Marta, 19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
Ser abusada sexualmente é uma vivência aterrorizante, em um ritual de ameaças e temores.
Minha mãe estudava à noite e meu padrasto chegava do trabalho, esperava minha irmã dormir e começava a me abusar. Primeiro com carícias, até que ele começou a alisar minhas partes íntimas. Depois ele começou a me beijar e com sete anos mesmo houve a penetração, ele ejaculou e eu não sabia o que era, não sabia de nada. Não eram todos os dias, mas sempre ocorria o abuso. Eu não dizia diretamente para minha mãe que tava sendo abusada, porque tinha medo que ele fizesse alguma coisa com ela e com minhas duas irmãs, porque ele dizia que se eu contasse pra alguém ele iria fazer alguma coisa com elas (Lara, 21 anos, abusada sexualmente pelo padrasto dos 7 aos 11 anos).
Eu não pude evitar ser abusada pelo meu padrasto e aconteceu por muito tempo. Até que chega uma hora que a gente se acostuma com a situação e se acostumando deixa pra lá, não sabe o que fazer e deixa acontecer (Clara, 21 anos, abusada sexualmente pelo padrasto dos 11 aos 17 anos).
Camuflagens para sobreviver ao vivido de abuso sexual: silêncio, astúcia e duplo jogo
Os não ditos têm significado na expressão do que não é verbalizado, podendo ocorrer por meios de gestos ou por um simples olhar que condena.
Meu pai não me ameaçava com palavras pra eu não contar sobre o abuso, mas eu percebia no olhar de intimidação dele, porque ele não falava nada, mas dava toques e me maltratava com toques e olhares, o olhar dele me condenava (Marta, 19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
De forma que a verdade sobre o abuso pode ser substituída por um silêncio compartilhado, de um lado por uma filha abusada e do outro por uma mãe que se mantêm em silêncio.
Meu padrasto pedia para não contar, para ninguém saber e eu não contava porque eu não sentia apoio. Primeiro, mãe eu não tinha, porque ela tava do lado dele. O povo já sabia do abuso e como é que ela não sabia? Isto não entra na minha cabeça de jeito nenhum. Para mim, ela sabia e ficava calada, fazia de conta que não sabia (Clara, 21 anos, abusada sexualmente pelo padrasto dos 11 aos 17 anos).
Nessas situações o sofrimento é tão intenso que a pessoa parece querer esconder de si própria a experiência de ter sido abusada sexualmente.
Eu nunca revelei o abuso que sofri dos meus irmãos e eu não quero nunca que minha mãe venha a saber, nem a sonhar, ninguém da minha família sabe. Este foi um segredo que só falei para você, para minha analista e para a psicóloga (Isaura, 53 anos, abusada sexualmente por dois irmãos).
Além do silêncio, outras artimanhas podem ser usadas para se fazer entender: metáforas, risos ou ironias, por exemplo.
Quando eu tinha uns 14 anos, passava na TV sobre pedofilia, aí eu falava morrendo de medo, mas eu já não aguentava mais ser abusada pelo meu pai, aí eu dizia: se isso aí acontecesse comigo, eu denunciava, aí meu pai olhava para mim por baixo dos olhos e olhava para TV, aí eu saía de perto (Marta,19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
São apelos, pedidos de socorro disfarçados.
Eu não contava diretamente para minha mãe que tava sendo abusada pelo padrasto. Contava assim, soltava indiretas. Eu fazia de tudo para ela não me deixar só com ele, mas ela deixava por confiança. Uma noite eu disse: a senhora só vá dormir depois dele que a senhora vai ver (Lara, 21 anos, abusada sexualmente pelo padrasto dos 7 aos 11 anos).
Pôde-se recorrer a outras táticas, como Júlia, protagonista do abuso sexual praticado pelo pai, que utilizou uma desculpa para sair da cena.
Quando eu fui abusada por meu pai, eu tava dormindo e acordei com aquele homem em cima de mim, ele já estava tendo a relação, aí eu gritei: chega, pai, tem um homem em cima de mim e ele disse: Cale a boca, que sou eu. Aí para me sair eu disse: espere aí pai, deixa eu pegar água gelada? Depois o senhor termina, e aí levantei e saí [...] (Júlia, 36 anos, abusada sexualmente pelo pai aos 17 anos).
Valendo-se do duplo jogo, uma menina pode despistar o abusador escondendo-se, fingindo dormir ou ficando na rua.
Meu dia a dia parecia um filme de terror, porque me escondia o tempo todo dentro da minha própria casa. Ficava em baixo da cama, prendia a respiração. A única hora que eu tinha fuga era quando eu ia para a escola (Eva, 28 anos, abusada sexualmente por três primos dos 4 aos 18 anos).
O duplo jogo também pode ser uma tática para chamar a atenção de outras pessoas.
Tinha vezes que eu afrouxava os parafusos da cama, aí a cama balançava comigo e meu pai, mas não adiantava, parece que minha mãe dormia que nem uma pedra e meus irmãos também não ouviam (Marta, 19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
Por temer o abusador, a participante acima não revelou espontaneamente o abuso sexual sofrido, mas usou como tática o jogo duplo para chamar a atenção da família e da escola. O uso desta tática auxiliou a revelação do abuso, conforme descrito na próxima categoria.
Entre o oculto e a revelação do abuso sexual
Chega um instante em que o segredo extrapola a barreira do medo e a verdade vem à tona, deixando emergir a verdade sobre o abuso, que é então revelado espontaneamente ou de forma estimulada. Em muitas situações, a revelação foi efeito das táticas usadas pelas vítimas para chamar a atenção das pessoas.
Eu não contei diretamente para ninguém que meu pai me abusava, foi uma denúncia ao Conselho Tutelar, acho que foi uma professora da escola que percebeu meu comportamento e denunciou. Porque quando tinha, palestra sobre pedofilia, eu me escondia e ficava nervosa, aí ela me perguntava se eu estava sendo abusada e eu sempre negava (Marta, 19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
Quando o abuso foi descoberto, eu e meu padrasto estávamos sentados e ele colocando a minha mão para manipular seu pênis, meu irmão viu e botou ele para fora de casa. Também foi a última vez (Alice, 18 anos, abusada sexualmente pelo padrasto dos 9 aos 10 anos).
Nos rituais do cotidiano, as pessoas criam respiradouros para se libertar de uma experiência traumática.
O esporte era a única forma como eu me divertia e me expressava, voltar para casa era ruim [...] era a parte mau que eu não gostava de pensar [risos]. Dava um desconforto. Sabe uma coisa que você queria morar dentro da escola? Tipo uma desconfiança, uma insegurança, em que você não ia se sentir confortável naquele espaço? (Marta, 19 anos, abusada sexualmente pelo pai dos 8 aos 17 anos).
Dedicar-se à igreja, preocupar-se com outras pessoas remetem à solidariedade orgânica e mostra a força, a vontade de viver das participantes, apesar do vivido de abuso sexual.
Me dediquei à igreja, tocava nas missas, e continuo fazendo o mesmo trabalho missionário, tentando evangelizar. Esta atividade ajuda, porque eu vejo pessoas que têm problemas ainda maiores, ou pessoas que têm o mesmo problema que eu, mas não encontraram apoio, ajuda. Aí eu tento levar, através da música, um pouco de conforto (Eva, 28 anos, abusada sexualmente por três primos dos 4 aos 18 anos).
DISCUSSÃO
Cada família possui seu próprio ritmo de vida, em um cotidiano que integra emoções, diferentes, segredos e silenciamento. Muitas coisas são faladas: outras, embora não sejam ditas em palavras, são expressas de diferentes maneiras, de forma que determinadas vivências familiares são silenciosamente pactuadas entre os seus membros, considerando-se que a situação é difícil de ser enfrentada, por ameaçar o equilíbrio da família, tais como as vivências de abuso sexual.
Nesta pesquisa, foi possível apreender por meio das falas, que a vida cotidiana das participantes guardou uma centralidade subterrânea: por temerem que se cumprissem as ameaças dos abusadores, que se estendiam a outros membros da família, como mãe e irmãos, elas ocultaram, por um tempo considerável, o abuso sofrido.
Temer o abusador é, portanto, um dos principais motivos apontados pelas vítimas para que o abuso sexual se mantenha em segredo, já que as vítimas receiam não só o próximo episódio mas também que se cumpram as ameaças, via de regra, relacionadas com a sua segurança e a de outros membros da família. Por mais que a vítima se esforce em revelar o abuso, ela é intimada a mantê-lo como um segredo de família.14-15
Por representar uma ameaça à convivência familiar, a experiência abusiva foi compartilhada em silêncio, principalmente entre mãe e filha, erroneamente convencidas que esta atitude garantiria a estabilidade familiar. É por isto que, em grande número de situações de abuso sexual, apesar de saber que o agressor é um membro da família, muitas mães optam pelo silêncio, por receio de denunciá-lo.16 Pesquisa descreve o caso de uma adolescente de 17 anos que aos nove fora abusada pelo irmão e manteve o fato em segredo durante muito tempo, por receio de que a revelação pudesse afetar a convivência e resultar na destruição da sua família.17
O fato é que nessas situações ainda perduram construções sociais equivocadas amparadas em concepções e valores patriarcais que não consideram a dissolução familiar como alternativa para o problema e intensificam as dificuldades dos seus membros que se veem em um emaranhado difícil de encontrar a saída.18
Percebemos que, independentemente do tipo de abuso, as crianças com menos idade temem as consequências da revelação e se mantêm em silêncio por um período de tempo significativo. Nesta pesquisa, a participante que foi abusada por três primos, dos quatro aos 18 anos, manteve o fato oculto por medo de que se cumprissem as ameaças contra ela e sua família. Isto mostra o silêncio como uma estratégia de sobrevivência que auxilia a esquecer e a lidar com o “intolerável e exagerado” da experiência abusiva.19
A pouca idade da maioria das participantes à época em que os episódios abusivos tiveram início, encontra resultados semelhantes em outros estudos, o que comprova que meninas mais novas são mais atingidas pelo abuso sexual no contexto familiar do que as adolescentes sendo, assim, o alvo preferencial dos abusadores, por ser mais fácil manter controle sobre elas, instruindo-as e ameaçando-as a não revelar o abuso sexual.14
O grande número de revelação de forma intencional desta pesquisa está de acordo com o estudo em que 87% das participantes revelaram o abuso aos pais, a outro familiar ou à escola, mostrando que a revelação espontânea se dá como prova de confiança e compromisso mútuo.20 O que nos ajuda a compreender que esta forma de revelação é fruto de um conjunto de fatores, como espontaneidade da vítima para relatar, disponibilidade da outra pessoa para ouvir, do momento escolhido e do local onde se dará a revelação.21
Portanto, vencer a barreira do silêncio e revelar o abuso constituiu um momento diferente para cada caso elencado e, conforme descrito, não existe uniformidade neste processo, constituindo, portanto, um momento de fragilidade, no qual qualquer precipitação poderá comprometer a revelação.21
Ficou evidente que quanto menor a idade, maior a dificuldade da menina para revelar que está sendo abusada. Tal percepção também foi descrita por autores que, ao analisarem dados sobre o processo de revelação do abuso sexual em crianças de dois a nove anos, perceberam à medida que a criança vai ficando mais velha, amplia-se o percentual de revelação. Eles constataram que apenas um terço das crianças revelou o abuso mais precocemente, ao passo que as demais revelaram tardiamente.22
Na tentativa de resistir, ela assumirá atitudes de passividade como formas de aceitação da vida ou do destino, expressas por diferentes mecanismos de sobrevivência, como demonstração da insatisfação do oprimido em relação ao seu opressor.10
Pelas noções maffesolianas, existe, nas práticas silenciosas, o problema da sobrevivência, compreendida como a “faculdade de adaptação que permite acomodar-se às pressões sem sucumbir a elas”.11:253 Ele também fala que, do ponto de vista epistemológico, costumamos nos apoiar nos “ditos” das relações sociais e nos esquecemos que elas também se encontram apoiadas nos “não ditos”.11
Foi assim que, sem necessariamente entrar em confronto com os abusadores, as participantes mantiveram a situação em segredo, por meio de táticas prudentes de resistência,23 assumindo diferentes mecanismos de sobrevivência, sobretudo o silêncio, acompanhado de outras táticas, em que, parecendo concordar, não revidavam às imposições.
Quanto à astúcia, esteve disfarçada em ironias e desculpas, mostrando que, como mecanismo de sobrevivência, ela não ocorre por meio de atitudes declaradas, mantendo-se na obscuridade. A astúcia é uma prevenção ou a esperteza de que lançamos mão, quando não desejamos nos confrontar com uma situação indesejada do cotidiano, pois se não é possível nos desviar ou fugir da situação, a tática é não confrontar e fingir que existe concordância.24
A tática é compreendida como ferramenta de uma estratégia usada em situações ameaçadoras na busca de proteção, de forma que, nesta pesquisa, notamos que as participantes buscaram, de diferentes maneiras, desviar dos episódios abusivos e, mesmo não conseguindo, elas não contradiziam os seus abusadores.
Nessa hora, entrou em cena o duplo jogo, tática usada para driblá-los e evitar que mais um episódio ocorresse: usando diferentes máscaras, valendo-se da astúcia e do silêncio, elas disfarçaram e saíram de cena, livrando-se da opressão.
Assim, criaram respiradouros para escapar de seus algozes. Como analogia no sentido de libertação de algo que oprime, um respiradouro “oxigena a dimensão da existência humana, que oportuniza a liberação de fantasias, da criatividade e da liberdade de expressão, resgatando, assim, um viver saudável”.25:25
O trabalho voluntário, a religião, a música e o esporte despontaram como principais respiradouros, já que estar fora de casa representava livrar-se, ainda que temporariamente, da ameaça de ser abusada mais uma vez.
Dedicar-se à igreja, preocupar-se com outras pessoas, remete à espontaneidade que é inerente à solidariedade orgânica e mostra a potência, a vontade de viver das mulheres, apesar do abuso sofrido, trazendo à tona a noção de que a ajuda mútua e o apoio não se resumem a ações mecânicas, mas envolvem o afetual e o estar junto coletivo, o que remete à concepção atual de solidariedade.11,26
Por tudo isso, existiu o desejo das mulheres de estarem juntas com familiares, evidenciando a necessidade de conviverem, de ajudarem e de serem ajudadas, acentuando o aspecto afetivo. Esta lógica favorece aquilo que está próximo, o cotidiano e o concreto ligando-se a uma ética da estética, sendo esta aquilo que aproxima as pessoas, que as fazem sentir juntas e finda por constituir uma relação ética ou laço coletivo.11
Desejo semelhante foi traduzido em pesquisa com familiares de mulheres em situação de violência de gênero, ao idealizarem que, diante de vivências de violência, a família precisa ser espaço de cuidado e de boa convivência, onde a mulher oprimida encontra segurança e paz. Além disso, eles buscam na fé o respiradouro para se fortalecerem.27
Esta pesquisa tem limitações, considerando que as informações estão relacionadas ao contexto geográfico no qual se insere, o que aponta para a necessidade do desenvolvimento de estudos mais ampliados para retratar variadas realidades sociais e que possibilitem compreender o cotidiano de mulheres que vivenciaram e meninas que vivenciam o abuso sexual. Neste sentido, favorecendo o planejamento de um cuidado solidário, ressaltamos a escassez de estudos sobre abuso sexual com embasamento teórico-metodológico na Sociologia Compreensiva e do Cotidiano.
CONCLUSÃO
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, reunimos elementos que nos ajudaram a compreender que o abuso sexual, assim como outras modalidades de violência, guarda uma centralidade subterrânea em um silêncio que oculta o vivido, sendo que, para percebê-los, é preciso ter sensibilidade, o olhar atento às menores atitudes da vida cotidiana, presentes em gestos, silêncio, choros, ironias ou alterações de comportamento.
O abuso sexual rompeu o ritmo natural da vida, afetando a convivência familiar: cada família teve sua história permeada pelas vivências abusivas, de forma que as lembranças foram armazenadas na memória das vítimas, causando-lhes sofrimentos.
À época em que foram abusadas, mesmo estando em desvantagem em relação aos abusadores, as participantes desenvolveram artimanhas para sobreviver, mostrando a força latente que cada uma possuía.
Como enfermeiras, pelos diversos espaços de cuidado de que dispomos, compreendemos ser necessário ampliar o olhar no sentido de captar pequenos manifestos ou comportamentos presentes em mulheres que possam estar associados a vivências de abuso sexual no cotidiano familiar.
Logo, temos o compromisso de contribuir para estimular mulheres que foram abusadas sexualmente a seguir o ritmo de vida, trabalhando suas experiências, cientes da realidade atual, sem se fixar em determinada fase do passado, de forma que elas possam enxergar a importância do tempo presente, libertando-se das lembranças e transfigurando o vivido de abuso sexual. As contribuições deste trabalho poderão auxiliar na identificação de inúmeras necessidades advindas da vivência de abuso sexual.
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Artigo extraído da tese - Quotidiano de mulheres do semiárido nordestino que sofreram abuso sexual no contexto familiar, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), em 2015.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
2017
Histórico
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Recebido
25 Fev 2016 -
Aceito
08 Mar 2017