RESUMO
Objetivo: analisar aspectos comportamentais e infracionais de 26 adolescentes femininas em privação de liberdade.
Método: estudo misto, descritivo, do tipo sequencial explanatório, realizado em um centro educacional no Nordeste do Brasil. Aplicou-se questionário contemplando variáveis sociodemográficas; ginecológico/obstétricas; comportamentais e referentes a infração e internação institucional. Para a análise dos dados utilizou-se o Statistical Package for the Social Sciences versão 23.0, realizando-se análise descritiva, distribuição de frequência para as variáveis categóricas e cálculo de medidas de tendência central para as variáveis numéricas. Na etapa qualitativa, coletou-se os dados por meio de entrevista em profundidade, visando interpretar variáveis da análise quantitativa. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, os dados codificados e agrupados em temas. Procedeu-se a pré-análise, exploração do material coletado, tratamento dos resultados e interpretação. Recorreu-se à análise temática, visando identificar os núcleos de sentido que compõem a comunicação, cuja presença ou frequência tenham algum significado para o objeto estudado.
Resultados: a idade variou de 12 a 18 anos e frequentavam a escola 26,9%. Os atos infracionais mais frequentes foram roubo (61,5%) e homicídio (19,2%). Relataram uso de álcool e drogas ilícitas, 53,8% e 46,2%, respectivamente. Todas referiram vida sexual ativa e 96,2% mais de um parceiro sexual na vida. Sete já haviam engravidado e, destas, quatro provocaram aborto. Seis (23,1%) se declararam bissexuais e cinco (19,2%) homossexuais. As adolescentes referiram necessidade de relações homossexuais no local de detenção, em virtude da proibição de visitas íntimas.
Conclusão: as adolescentes que vivem em privação de liberdade apresentam alta vulnerabilidade social.
DESCRITORES: Adolescência; Adolescente; Vulnerabilidade social; Prisões; Delinquência juvenil